Amanhã é lua cheia
Em uma das noites mais escuras do mês de fevereiro em Beacon Hills, eu resolvi sair e correr na floresta da reserva. Não avisei a ninguém, minha mãe e meu irmão mais novo estavam dormindo quando saí pela janela do meu quarto. Só tenho 11 anos, mas sempre saio escondida à noite.
Eu estava correndo por entre as árvores e pensando no divórcio dos meus pais e no quanto isso afetaria à mim e ao meu irmãozinho Scott.
Enquanto eu pensava nisso acabei me distraindo e me perdi na floresta, parei para respirar um pouco e tentar me localizar, mas escutei um barulho que parecia algum tipo de rosnado. O som vinha de cima das árvores e sem entender o que estava acontecendo comecei a sentir o medo crescendo dentro de mim. Que animal que rosna e sobe em árvores? Consegui pensar em vários, mas nenhum que possa viver aqui em Beacon Hills.
Com isso em mente eu comecei a correr desesperadamente para qualquer uma das direções, já que eu estava perdida não faria muita diferença, mas ao fazer isso eu ouvi o som de algo batendo contra o chão e olhei rapidamente para trás. Vi uma silhueta de cócaras no chão que foi ficando lentamente de pé e logo depois disso ele me olhou.
Seus olhos eram vermelhos como sangue, fiquei ainda mais amedrontada e voltei a olhar por onde ia, mas já era tarde demais, eu tropecei em uma raiz de árvore e caí rolando sobre a terra e as folhas secas que caíram das árvores.
Não tive tempo de me levantar porquê ele me pegou pelo capuz do meu moletom e me suspendeu do chão, eu tentei me soltar mas foi em vão.
— Eu não vou te machucar, não muito pelo menos
O homem disse calmo e pegou meu braço com delicadeza e depois levou até a frente da sua boca.
Dentes enormes começaram a crescer, assim como meus olhos a medida que eles começavam a sair da boca dele. No fim, quando seus dentes pararam de crescer, ele os cravou no meu braço com força, mas não para arrancar um pedaço fora, só o suficiente para fincar os dentes na minha pele me causando uma dor enorme.
— Aah!
Gritei de dor e ele retirou os dentes ensanguentados do meu braço. Eles começaram a voltar ao normal dentro de sua boca e ele me olhou.
— Volte neste mesmo local amanhã durante a lua cheia, e não conte a ninguém o que aconteceu aqui
Ele diz por ultimo e saiu correndo mais rápido do que um humano normal conseguiria em sua melhor forma física.
Como eu já havia percebido, ele não era um humano normal, nem nos meus piores pesadelos eu imaginei que isso um dia aconteceria comigo. Os mitos não eram mitos, as história não passavam de histórias, era tudo real e eu senti isso na pele, o quão real pode ser e cada momento foi aterrorizante.
Depois desse episódio eu corri de volta para casa e entrei pela janela do meu quarto usando a escada do vizinho, como eu sempre fiz. Eu só não esperava que mais alguém estivesse me esperando.
— Amanda McCall, onde você estava?!
Ouço a voz autoritária da minha mãe quando consigo fechar a janela sem fazer barulho.
— Oh, droga!
Sussurro para mim mesma e a luz do meu quarto é acesa bruscamente.
— Olhe para mim enquanto eu faço uma pergunta para você!
Ela diz me pegando pelo braço e me virando para olhá-la.
— Au!
Gemo de dor quando seus dedos apertam meu braço machucado. Ela me soltou após ver que meu braço, minhas mãos e a mão dela estavam cheios de sangue.
— O que aconteceu com você!?
Minha mãe questiona preocupada e me fazendo sentar na cama para que ela possa analisar meus ferimentos.
— Eu fui..
Eu estava preste a dizer a ela o que aconteceu e quase que imediatamente minha memória foi ativada.
" — Volte neste mesmo local amanhã durante a lua cheia, e não conte a ninguém o que aconteceu aqui — "
— Eu fui mordida pelo cachorro do vizinho quando fui pegar a escada
Digo com meu coração acelerado e morrendo de medo de que ela não acreditasse em mim.
— Você está de castigo, amanhã é da escola para casa e eu vou chamar um carpinteiro para pregar essa janela
Ela diz se levantando da cama e indo até o meu banheiro.
— Mas mãe, você não pode fazer isso!
Falo irritada e me levantando para ir atrás dela.
— Não só posso como vou, e você vai me obedecer
Ela diz me olhando irritada e voltando com uma caixa de primeiros socorros.
— Sim, senhora
Respondo baixo e voltando a me sentar na cama.
— Isso não parece ter sido um cachorro, parece mais a mordida de um leão!
Ela diz olhando meu braço assustada.
— Olha isso, os dentes dele abraçaram seu pulso
Ela murmura surpresa e irritada comigo.
— Não vai precisar de pontos, vai?
Pergunto receosa pois ela sabe que eu tenho medo de agulhas.
— Não, mas espero que pense duas vezes antes de chegar perto daquele cachorro de novo
Ela me alerta enquanto ainda analisava tudo.
Melissa começou a colocar as luvas para limpar meu ferimento e durante a limpeza a dor se assemelhava a quando o mesmo foi feito.
— Agora vá dormir antes que seu irmão acorde, amanhã vocês dois tem aula
Ela diz e fecha a porta.
— Com certeza que eu vou conseguir dormir
Resmungo me revirando entre os lençóis de cama.