Capítulo 39.

1784 Words
Terror narrando Entro no quarto e dou uma olhada na cena. Manuela tá ali com minha coroa e a Rafaela, as três na maior conversa, minha mãe sorrindo daquele jeitinho raro. Encosto na porta, cruzo os braços, e fico só observando por um momento, tentando sacar que p***a de mágica é essa que essa mulher tem pra deixar minha mãe assim. Parece até outra pessoa. Terror: Tão fofocando, é? - mando na lata, com aquele tom despreocupado, mas que deixa claro que tô prestando atenção. As três param na hora e me olham, Manuela, claro, ficando vermelha igual pimentão. Já sei que tem coisa aí. Rafaela: Ela tá contando umas histórias da vida dela antes de vir pro Rio. Sua mãe tá adorando. - responde com um sorriso leve, sem dar espaço pra qualquer ideia errada. Terror: É mesmo? Conta aí pra mim também. Quero saber dessas histórias. - me jogo na poltrona do canto, cruzo as pernas e fico encarando Manuela, esperando ela soltar alguma coisa. Mas ela abaixa a cabeça, mexendo no cabelo. Padrão quando tá sem jeito. Manu: É coisa de meninas. Você não ia entender. - ela rebate, levantando o rosto só o suficiente pra me lançar aquele sorriso provocador, como quem sabe exatamente o que tá fazendo. Terror: Presta atenção no que tu tá falando, hein, Manuela. Minha mãe não pode ouvir p*****a não. - falo direto, apertando os olhos e soltando uma risadinha. Se é pra brincar, vamos brincar. Manu: Não falo essas coisas, querido. Não sou dessas. - ela solta, com um sorriso de canto, e me encara de um jeito que parece desafio. Pisca pra mim, e eu retribuo, só pra ver até onde ela vai. Terror: Esqueci que tu é pura - falo malicioso e com um riso irônico. Manu: Sou mesmo - retruca, com aquele jeitinho atrevido, ainda fazendo língua pra mim antes de virar a cara. Ela volta a atenção pra Rafaela, que tá lá, toda empolgada contando uma história e nem percebe a nossa interação. Só observo, rindo baixo. Desde que ela saiu da casa da mulher do RD, ela tá diferente. Alguma coisa rolou, mas ainda vou arrancar dela. Pode anotar. Talvez seja por causa das minas que ela me vê pegando, sei lá. Ou pode ser outra coisa. Mas, na moral, mulher é f**a de entender. Uma hora tá rindo, trocando ideia de boa, na outra vira a cara como se eu tivesse feito alguma merda. Vai entender essa p***a. Só sei que tô de olho, porque, se tem algo que eu não gosto, é ficar no escuro. Fico ali, encostado, ouvindo mais do que falando. Não é meu estilo me meter muito nas conversas, principalmente quando o assunto não tem a ver comigo. Manu fala de como era a vida dela antes de vir pro Rio, dos amigos, da mãe. Dá pra ver que ela tá à vontade, solta um sorriso aqui, uma risada ali. É aquele tipo de coisa que faz quem tá por perto sorrir junto, mesmo sem perceber. Sônia tá encantada, rindo junto, tentando acompanhar as histórias mesmo com a dificuldade. Quando ela consegue soltar um "isso mesmo" ou uma risadinha no meio, Manu para tudo pra elogiar. E, p***a, é bonito de ver. Ela tem um jeito com a coroa que... sei lá, desarma até meu mau humor. Cruzo os braços, observando em silêncio, mas com aquele pensamento martelando na cabeça. Essa mulher é f**a, mano. Como é que consegue fazer isso com todo mundo? Ela entra num lugar e parece que ajeita tudo, até o que tá bagunçado. O problema é que o bagulho aqui dentro continua um caos, p***a. Solto um suspiro, jogo o corpo pra trás, encosto na poltrona e fico só no meu canto. Porque, na moral, melhor assim. Deixar ela brilhar com a coroa, enquanto eu finjo que não tô prestando atenção, mesmo com a mente nela o tempo inteiro. O celular dela vibra em cima da cama, e Manu pega rápido, olhando a tela. Manu: É a Any. Vou atender lá fora. - ela diz baixinho, já se levantando e saindo do quarto sem nem esperar resposta. Fico ali, encostado na poltrona, olhando pra porta que ela deixou entreaberta. Sonia ainda tá com aquele sorrisinho de lado, e Rafaela aproveita pra me lançar aquele olhar curioso, como se quisesse adivinhar o que tá passando pela minha cabeça. Nem adianta. Terror: Que foi, Rafaela? Vai falar alguma coisa ou só vai ficar pousada na minha agora? - solto, cruzando os braços, já meio incomodado. Rafaela: Nada, não. Só tô achando engraçado esse teu jeito. Acho bonitinho - ela ri de leve, mas desvia o olhar. Terror: Bonitinho o c*****o! Meu jeito é esse aí mermo, p***a, sempre foi. - retruco seco, com a voz firme, encerrando o assunto, sem dar espaço pra mais papo furado. Uns minutos depois, Manu volta, com o celular na mão e com um sorriso quando cruza a porta. Terror: Que foi? tudo certo? - pergunto, mandando direto, enquanto ela só assente com a cabeça, meio sem jeito. Manu: Tudo bem, ela ligou porque ficou preocupada. Sai cedo e não voltei até agora. Ela queria saber se tava tudo bem.- ela responde rápida, sem me encarar muito, e se senta de novo perto da coroa, que ainda tá distraída com as histórias da Rafaela. Eu fico só de canto, observando, porque tá na cara que tem alguma coisa aí. Ela tá me escondendo alguma parada, e não demora muito pra eu descobrir. Pode apostar. Manu: Vou ter que ir embora, já tá tarde. Mas em logo eu volto - fala segurando a mão da minha mãe com cuidado. - Adorei passar esse tempinho aqui com a senhora. Outro dia eu volto, e parabéns pela sua força de vontade. Já tá bem melhor. A coroa sorri de leve, os lábios tentando formar o nome da Manu. Sai meio enrolado, mas dá pra entender. Eu fico ali, encostado na parede, observando a cena. Terror: Bora descer, tu come o bolo e eu te levo. - Falo com um tom casual, mas na moral? Nem eu sei que p***a tá acontecendo comigo. Olho de canto e pego as duas me encarando, sobrancelha levantada, tipo "que merda é essa?". Só ignoro e sigo no automático. Manu: Tá bom. - Ela responde baixinho, meio sem graça, e vira pra Rafaela com aquele jeitinho dela. - Fica bem, tá? Foi bom te ver. Beijos! - Dá um sorriso, aquele que faz até quem tá por perto sorrir também, e as duas se despedem. A gente sai do quarto juntos, ela na frente, e eu fico acompanhando seus passos. Na moral, tem algo nessa mulher que prende minha atenção. Assim que ela pisa no último degrau, nem penso duas vezes. Seguro o braço dela com firmeza e a puxo, encostando-a na parede ao lado. O barulho da respiração dela aumenta na mesma hora, e os olhos se arregalam, me encarando como se não soubesse o que esperar. Manu: Terror... - ela começa, mas não dou tempo pra completar. Terror: Cala essa boca, Manuela. - falo baixo, quase um sussurro, mas cheio de urgência. Minhas mãos se firmam na cintura dela, aproximando nossos corpos, enquanto meus olhos vão direto pros lábios dela, que tremem levemente. A p***a do cheiro dela me deixa zonzo, e não consigo mais segurar. Me inclino e encosto minha boca na dela, no começo devagar, explorando, mas, em segundos, o beijo se intensifica. Ela reage, como se também tivesse segurando essa vontade há tempos. Suas mãos sobem até meus ombros, apertando, e o corpo dela cola de vez no meu. Minha língua encontra a dela, e é como se tudo ao redor desaparecesse. O beijo é uma mistura de raiva contida, desejo acumulado e aquele sentimento confuso que nem eu consigo nomear. Minhas mãos deslizam pela cintura dela, apertando de leve, e um gemido baixo escapa da sua boca. É isso. Era isso que eu tava querendo desde sempre. Quando finalmente paramos, ambos respirando rápido, encaro aqueles olhos dela, que tão brilhando como se tivessem mais perguntas do que respostas. Terror: Era isso que tu tava fugindo, né? - digo com aquele tom provocativo, passando o polegar pelo canto da boca dela, tirando o batom borrado. Ela não responde. Só abaixa o olhar, mordendo o canto dos lábios, e isso me dá uma vontade louca de puxá-la de novo. Mas me afasto, deixando espaço pra ela respirar. Terror: Tá com essa cara por quê? Não gostou? - provoco, e um sorriso de canto aparece no rosto dela, tímido, mas cheio de significado. Manu: Você é insuportável. - ela solta, tentando disfarçar o quanto gostou. Solto uma risada baixa, satisfeito, vendo ela passar por mim e seguir direto pra cozinha. Fico um segundo parado, me perguntando o que é que essa mina tem que me deixa assim, mas logo deixo pra lá e vou atrás. Na cozinha, a mesa tá no jeito, com o café que a Néia deixou pronto. Ela senta e já começa a atacar o bolo, sem nem se preocupar em disfarçar. Sento na mesa, observando ela comer. Manu come quatro pedaços e se lambuza toda, fico rindo enquanto termino meu café, vendo a cena. Manu: Tá olhando o quê? - pergunta, de boca cheia, estreitando o olhar. Terror: Nada, só vendo como tu tá com fome pra c*****o. - solto, rindo de leve, e ela revira os olhos, mas não segura o sorriso. Depois que ela termina, levanto e pego as chaves do carro. Terror: Bora, vou te deixar em casa. Manu: Vamos, obrigada por me alimentar - Ela mexe no cabelo e me acompanha até o carro. No caminho, o silêncio toma conta, mas não é aquele desconfortável. É mais como se a gente tivesse meio perdido nos próprios pensamentos, mas ainda assim ciente da presença um do outro. Estaciono na frente da casa dela e desligo o motor. Terror: Tá entregue, maluca. - digo, olhando pra ela enquanto ela desce e se vira pra me encarar. Manu: Valeu. Foi bom passar esse tempinho com a sua mãe. Ela é incrível. - diz com um sorriso sincero, e eu apenas balanço a cabeça, concordando. Terror: Ela gosta de você. Dá pra ver no jeito que ela fica quando tá contigo. - respondo, tentando não soar muito sério, mas é a verdade. Manu: Também gosto dela. - ela diz, se afastando do carro e acenando antes de entrar em casa. Fico encostado no volante, vendo ela se afastar. Passo a mão na nuca, soltando o ar que tava preso. Arranco devagar, já ligado que a presença dela vai ficar por aqui, rondando meus pensamentos, como sempre faz.
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