Capítulo 11

860 Words
Terror: Tu largou tudo pra fugir desse maluco? – ela assenti – Família, namorado e os c*****o? – pergunto, mais interessado do que deveria. Já sei mais ou menos a história, mas queria saber dos detalhes. E, se for pra ser sincero, queria mermo era saber se tinha algum cara na vida dela. Manu: Digamos que sim. – ela dá uma pausa – Não tenho namorado e só tinha a família da minha mãe que mora lá. Carlos, não me deixava sair muito então tenho pouquíssimos amigos. Terror: Tô ligado Manu: Tenho muito medo dele. Terror: Pode ficar tranquila, aqui ele não bota o pé nem fudendo. Manu: Nem sei como te agradecer, sério. — Ela diz, a voz baixa, e mexe no cabelo, meio sem jeito. Terror: — Eu sei, pô — falo rindo, cruzando os braços. Manu: — Como posso te agradecer? — pergunta, curiosa, jogando o cabelo pro lado com sorriso. Terror: — Depois, fala aí, esse p*u no ** do teu ex-padrasto tentou algo contigo? — pergunto Manu: Não, nunca. Terror: Blz então. Manu: Você quer jantar? — pergunta, atraindo minha atenção pra ela, que segura a tampa de um um pote vermelho em uma das mãos. Terror: Não curto jantar, prefiro comer um podrão. Manu: Todo dia você come isso? — fala, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Terror: Mais fácil, pô. E é mó bom. Manu: Vou pedir a Any pra me levar lá. Terror: Vai ver que é da hora. Manu: Mudando de assunto, tem muito tempo que você comanda esse morro? - guarda as vasilhas na geladeira e volta encostando na mesa. Terror: Herdei o morro do cara que era sub daqui. Ele morreu e eu assumi - falo de forma direta Manu: Então você tá nessa há muito tempo? Terror: — Tá interessada pra c*****o, hein? Tá parecendo interrogatório, tá trabalhando pros bota? — pergunto com um ar de riso. Manu: — Desculpa, é que fiquei curiosa. — Ela dá de ombros, meio sem jeito. Terror: — Tranquilo, vou acabar com a tua curiosidade. Manda aí o que tu quer saber? — pergunto, relaxando, enquanto observo a expressão dela. Manu: — Isso que te perguntei antes... quanto tempo você tá nessa vida? — A pergunta dela é direta, mas o olhar dela tem mais coisa. Dá pra sentir que não é só curiosidade. Terror: — Eu já nasci nessa vida, pô. Droga, armas, mulher. Cresci no meio dessa p***a toda. — Falo olhando pro chão, sentindo um peso nas palavras, aquele nó na garganta que nunca vai embora. — Fui ensinado desde menorzim a atirar, matar e não demonstrar fraqueza. O marido da Marta era o dono dessa p***a, até ser preso e passar mais de vinte anos na trinca. Quando nasci, ele tava lá. — Solto o ar, passando a mão na cabeça, lembrando de cada cena que vivi. — Ela fez de tudo pra me manter longe dessa p***a, mas tem hora que o bagulho cai no teu colo, morô? E quando cai... já era. Enquanto falo, sinto aquele vazio tomando conta, um buraco que nunca fecha. Minha mãe sempre tentou me fazer seguir outro rumo, e eu até tinha outros planos. Até eu matar meu próprio pai. Depois disso a minha mente me condenou em um homem perturbado, traumatizado. Completamente fudido! Meu olhar vai pra Manu, esperando uma reação dela, mas ela me olha como se enxergasse além da minha marra, além do Terror que todo mundo vê. p***a, é estranho. Ela não faz ideia de como é crescer nesse ambiente, cercado de gente que já nasceu condenado. Mas, ao mesmo tempo, parece que ela entende... só pelo jeito dela me olhar. Minha mente tá uma bagunça, cheia de lembranças fodidas. Meu pai, a Marta... tudo isso é o que me fez ser o que sou. Ela deve estar vendo o lado mais quebrado de mim, mas eu me mantenho firme. Manu: Deve ter sido muito difícil pra sua mãe. — ela comenta baixo. Terror: Ela não merecia passar por isso, mas a vida é filha da p**a mermo. Não dá pra esperar muito. Manu: Você também não merecia. — Ela me encara, com os olhos cheios de uma compreensão que poucos têm. Terror: Ninguém merecia. Nem ela e nem um moleque de 15 anos. — Respondo, a voz carregada de raiva e um pouco de mágoa que tento esconder. Manu: — Sinto muito. — A voz dela é baixa, suave. Não gosto de lembrar do passado, do que essa p***a fez comigo e com a minha mãe. Manu me olha por uns segundos, como se estivesse tentando entender até onde minha dor vai. Mas não adianta... ninguém nunca vai consegui medir. Terror: — Vamo sair desse assunto? — pergunto, mudando o clima, e ela assente, meio sem jeito. Manu: Claro! Terror: Vamos falar de você... de mim... de nós — solto, provocando um riso nervoso nela. Manu: E o que você que de mim? — ela inclina a cabeça de leve, me olhando com curiosidade e um brilho no olhar. Terror: Quero beijar tua boca — jogo direto, vendo o rosto dela corar na hora.
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