RD narrando
Assim que saio da minha goma, já dou um pião pela quebrada, e tá tudo na paz, só progresso. Bato um fio pro Madruga e ele confirma que mandou as informações que pedi ontem. Show, menos um B.O. na conta.
Paro a moto na frente da casa da Agatha, desço e já entro sem bater. Ela tá largada no sofá, com um baseado na mão, fumando de boa.
RD: Qual foi, fia? Tá moscando no quê aí? — pergunto, desmanchando o coque dela com uma risada. Ela me lança um olhar atravessado, cheia de desprezo.
Agatha: Que que tu tá fazendo aqui Rodrigo? — ela solta, com desdém, mas eu ignoro e me jogo no sofá do lado dela, me acomodando como se nada.
RD: Tá p**a por quê, p***a? Vim ver qual é, se tá precisando de alguma coisa. — olho pra ela, mas ela não se dá ao trabalho de me encarar, continua com o olho grudado na TV.
Agatha: Já viu que tô bem, né? Agora pode meter o pé. — Ela levanta, vai até a cozinha, larga o copo na pia e volta me olhando séria, como se eu fosse um nada.
RD: Tá chata pra c*****o, hein? Tô aqui fazendo meu papel e tu só sabe ficar dando patada. Depois reclama que não quero saber do moleque.
Agatha: Quis saber da criança agora depois de sumir por uma semana. Eu tive um sangramento, quase perdi o bebê, e só não aconteceu nada porque o DG me levou pro postinho.
RD: Aquele p*u no **. — corto ela, mas ela continua, ignorando meu comentário.
Agatha: p*u no cu tu tem a cara de p*u de vir aqui como se nada tivesse acontecido.
RD: Tá maluca, p***a? Eu tava em missão, não dava pra ficar mandando mensagem. — já falo irritado, sentindo o sangue ferver.
Agatha: Missão? Não tinha tempo pra mandar uma mensagem perguntando como tava a criança, mas pras tuas orgias, tinha, né? Aham, entendi.
Me faço de desentendido, mas tô ligado que vazaram umas fotos de uns churrascos lá no morro do Tuá. Mas pô, tô solteiro, solteiro não trai.
RD: Não adianta falar contigo, tá cega de raiva.
Agatha: Raiva? você se faz né — ela ri amarga.
RD: Tô fazendo o meu melhor, mas essa p***a nunca tá bom pra tu. Tô tentando deixar tudo mec pra você ficar bem.
Agatha: Quer mesmo me deixar bem? — ela pergunta, ironica. — Então controla suas cachorras pra elas pararem de vir latir no meu ouvido. Manda elas pararem de me mandar foto das suas putarias, porque só assim vou ficar mec.
RD: Eu tô aqui na humildade, e tu só quer fazer inferno. Fica dando patadas e cobrando o tempo todo uma parada que sai do meu controle fia, eu tava no corre.Tu sabe a vida que eu vivo c*****o — solto, já sem paciência, indo em direção à porta - Se f***r parceira!
Agatha: Tanto sei que tô te falando, controla elas, ou some da minha vida. — Ela vem atrás, na marra, e a sorte dela é essa barriga aí porque se não já tinha levado um cala boca.
RD: Me dá o papo então? — falo com os braços cruzados, olhando dentro dos olhos dela. — Tu sempre fala dessa merda, mas nunca dá o nome de quem tá vindo roncar pra cima de tu. — Ela me olha sem falar nada. — Fala aí, que eu mesmo levo pro galpão e torturo a filha da p**a. — falo, em cima da moto, sem paciência, olhando pra ela encostada no portão com os olhos marejados. Aquele drama barato que me irrita.
Agatha: Não, não vou carregar o sangue de ninguém nas minhas mãos.
RD: Então não fode, jaé? Fica na moral e para de encher a p***a do meu saco. — solto, seco, sem olhar na cara dela, porque não aguento mais essa ladainha toda vez que apareço.
Agatha: Já contou pra tua irmã sobre o bebê? — ela solta.
RD: Ainda não. Ontem rolou umas paradas que eu tive que resolver... e...
Agatha: Ah, claro! — ela ri, debochada, me cortando e me fazendo ferver de ódio.
RD: Tu tá me tirando, né, Agatha? solta a língua, mano. — falo alto, gesticulando com a cabeça, segurando firme na moto pra não fazer merda.
Agatha: Tu vai esconder essa criança, assim como escondeu a gente. — fala limpando o canto dos olhos.
RD: Toda semana eu mando o L7 deixar uma meta aqui pra tu. Vai ter o moleque em hospital de playba, não tá te faltando nada. c*****o! E tu sempre vem com essa merda de entrar na minha mente. Vai se f***r! — solto, alto, e
geral na rua começa a nos olhar, mas eu tô nem aí. — Não tamo junto porque tu não quis, esqueceu dessa parte?
Agatha: Não esqueci e, óbvio, que eu não quis! Quer que eu aceite ser tua "ficante" - ela faz aspas com os dedos - Enquanto você come todas as putas desse morro na minha frente? Nem amizade com ninguém você me deixa ter.
RD: Amizade com quem? pra que? com aquelas putas que você andava, Agatha? tá tirando, mano! — coço a barba rindo irônico
Agatha: Amizade com qualquer pessoa, sua irmã mesmo. Ela é p**a? Porque nem com ela você me deixa conversar. Só quer me manter presa nesse barraco, enquanto você faz o que quer por aí! E eu nem posso falar nada. — Ela fala
RD: Fala direito comigo, p***a! Tu não tá falando com zé ruela não. Minha preocupação é com o moleque depois que ele nascer tu faz o que quiser da tua vida. Mas até lá vai ser do meu jeito. Tu sabia quando se envolveu. — falo, grosso e ignorante.
Agatha: Minha mãe sempre me avisou que se eu me envolvesse com bandido terminaria assim.
RD: Devia ter ouvido, então. — rebato seco.
Agatha: Devia... — Ela vira as costas e entra batendo a porta com tudo. Eu saio puto, montando na moto e acelerando igual um maluco pelo morro até a boca principal.
O lance com a Agatha é um bagulho doido, tá ligado? Mina diferente de todas as outras. Família certinha, toda certinha também, estudiosa pra c*****o, vivia na igreja com a coroa dela. Só que aí, já era... nós se trombou, o bagulho fluiu e quando rolou a primeira transa, parceiro, fiquei na bota dessa mulher.
Botei ela no meu nome, mas sem me amarrar, saca? Desde então, nós tá nessa... Papo reto, montei até uma casa pra ela, achando que ia ser suave colar com ela e continuar de boa, mas p***a, é f**a demais. No mesmo tempo que eu quero ela, mano, eu quero todas. Não tem jeito, sempre foi assim, e nem adianta tentar mudar... Nunca disse que era compromisso sério, morô?
Veio me cobrar fidelidade e eu mandei a real. Não nasci pra isso, nem adianta ficar nessa ilusão. Agora que ela tá grávida vou cuidar do moleque, cumprir meu papel de homem, Sempre me disse que tava tomando as paradas e tals. Mas agora aparece grávida.Tranquilo, mas não vou entrar nesse papo de família certinha. Se ela quiser continuar nosso lance, pra mim ta tranquilo.
Mas ela nao quer, então. Jaé. f**a-se, não vou ficar correndo atrás de mulher, nunca precisei. Se quis ir embora, boa sorte pra ela. Eu vou seguir o meu corre, sem carregar ninguém que só tá fazendo peso.
(...)
RD: Terror tá aí? — pergunto pro Bigode, que acena.
Bigode: Tá sim — ele responde, e fazemos o toque.
Passo direto pela entrada da boca, sem nem bater na porta da sala do Terror. Sei que ele vai roncar, mas f**a-se.
Terror: Tá com a mão enfiada no cu, filha da p**a? — ele dispara logo, sem nem tirar os olhos do papel na sua frente. A voz grave, sempre seca e direta.
Respiro fundo. Hoje parece que geral resolveu me ignorar nessa p***a.
RD: Mente a milhão — solto, me jogando na cadeira de frente pra ele. Terror finalmente larga a caneta e me encara, o olhar afiado como lâmina.
Terror: Tava esperando tu virar homem e vir trocar ideia comigo — a calma dele é pior do que se estivesse gritando.
RD: Já era pra ter vindo, mas tive que resolver uns B.O.
Ele cruza os braços, se ajeitando na cadeira.
Terror: Que p***a é essa de colocar morador novo no meu morro sem o meu aval? — Ele me encara firme, quase atravessando minha alma.
RD: A mina é amiga da minha irmã, tava precisando de uma força e tu sabe como a Any é, pô. Acabou ajudando a mina — solto de uma vez, mas ele só balança a cabeça em negação, os olhos ficando mais estreitos.
Terror: Quer fazer caridade, levasse pra igreja, ong ou o c*****o de asas, menos aqui.
Nem sabe qual é dessa mina. Entendi legal essa p***a não..
RD: A mina tava fugida, parece que o padrasto soltou o aço nela e na mãe. Ela escapou, mas a mãe foi de ralo.
Terror: E o que eu tenho com isso, pra tu arriscar a p***a da meu morro por essa mina? — Ele descruza os braços, inclina levemente o corpo pra frente eù como se estivesse
RD: A mina tá limpa, Terror — digo, já jogando a ficha dela em cima da mesa.
Ele olha pro papel, mas nem faz menção de pegar. Só continua me encarando.
Terror: Quero que tu tire essa mina do meu morro. No máximo amanhã à noite, ela tem que estar fora daqui, morô? — a voz dele continua calma, mas o tom é de ordem final.
RD:Dá uma olhada na ficha da mina, c*****o — insisto. Ele me encara por mais uns segundos antes de finalmente pegar o papel, como quem faz um favor pra um moleque.
Terror lê a ficha devagar, cada palavra passando por seu crivo, o olhar focado como se procurasse algo escondido nas entrelinhas. É como ver um predador analisando a presa.
RD: Tá vendo, c*****o? Não sou nem louco de trazer X9 pro morro. Madruga virou a noite fazendo essa p***a. Tem tudo aí, mano, e se bobear, nem ela deve saber tanta coisa dela mesma.
Terror: Já checou as informações que tão aqui nessa p***a? — Ele pergunta, ainda segurando a ficha, depois a joga de volta na mesa.
RD: Claro, parceiro. Tudo verificado.
Terror: Tu sabe que não misturo as coisas, principalmente quando se trata do meu morro. Tu chegou onde chegou porque me provou ser leal e porque tu é o melhor e mais preparado dos meus homens pra estar ao meu lado — ele fala sem pressa, cada palavra carregada de frieza, os olhos vazios de emoção — Se essa p***a der caô — ele pega a ficha de novo, quase rasgando o papel de tão firme que segura — vou cobrar tu como eu faria com qualquer um dos vapores. E tua irmã vai junto.
Sinto um calafrio, mas não mostro. Terror não brinca com ameaça. Minha cabeça tá a milhão, mas mantenho a postura firme.
RD: Tranquilidade, irmão, a mina é ponta firme — falo com segurança.
Terror se levanta devagar, guarda a pasta com as informações, sem tirar os olhos de mim. Eu fico ali, imóvel, esperando qualquer outro sermão, mas ele só vira de costas.
Terror: Isso fica comigo, depois vou analisar do meu jeito. Agora vou pra minha goma, passei a noite na boate.
RD: Vou ficar aqui e qualquer b.o eu assumo
Terror: Depois nos troca idéia - fazemos o toque e saímos juntos.