Capítulo 33

1618 Words
Hoje marca dez dias que tô aqui nessa p***a, e, finalmente, consegui trocar uma ideia com os caras que participaram do assalto. Tudo dentro dos conformes, só que eles decidiram esperar mais um pouco pra voltar pro morro, porque os bota ainda tão rondando. Essa operação parece que não vai acabar tão cedo, os canas tão revirando cada canto, parecendo que cismaram em achar alguma coisa, mas não vão achar nada. O RD, por outro lado, ainda não deu sinal de vida. Isso é o que mais me deixa bolado. Cada dia que passa, a preocupação aumenta. Moleque é esperto, sabe se virar, mas do jeito que sumiu, sem rastro, a mente começa a pesar. Fico tentando não demonstrar pro pessoal daqui, mas a inquietação é constante. Tento até disfarçar na frente da coroa, mas, se ela pudesse ler minha cabeça, saberia que tô numa ansiedade do c*****o. Enquanto isso, vou mantendo o contato com Renan e monitorando tudo de longe. Aqui na fazenda é só rotina, e isso me cansa. Os dias parecem mais lentos e, o tempo não passa, cada minuto é uma eternidade. Tô lá, de boa na varanda, fumando meu cigarro e curtindo o silêncio, quando vejo Aline chegando devagar, com um pratinho na mão. Um pedaço de bolo de cenoura, do jeito que eu gosto, igual o que a dona Dalva faz. Aline: Trouxe um bolo. Minha vó disse que o senhor gosta de bolo de cenoura. — Ela fala meio tímida, mas com um sorriso no canto da boca, parecendo já entender o efeito que a cena tem. Pego o prato, dou uma mordida no bolo e balanço a cabeça, aprovando. Terror: É bom pra c*****o. A dona Dalva tem a mão pra esses doces. E você, curte cozinhar? Ela dá de ombros, mexendo no cabelo, e vejo que tá rindo, meio sem jeito, mas tentando sustentar o olhar. Aline: De vez em quando. Mas, com a minha vó cozinhando, acabo só ajudando na bagunça. Dou uma risada baixa, me encosto de novo na cadeira, olho pra ela. Terror: Pelo jeito, tu gosta é de deixar a vida dos outros bagunçada, né? Fica rodeando por aí, me trazendo bolo, provocando. Tu sabe com quem tá brincando? Sou esses moleques que tu tá acostumada não. Tô avisando, tá brincando com fogo. Aline ri, mas vejo que a provocação dela ganha uma ponta de nervosismo. Ela morde o lábio, desvia o olhar por um segundo, mas logo volta a me encarar, com aquele mesmo ar de desafio. Aline: E quem disse que eu tenho medo de fogo? Dou uma risada seca, olho pra ela de cima a baixo, tentando ver até onde vai essa pose de valentia. Mas, ao mesmo tempo, tô curtindo o jeito dela. Desafia, mas sem perder o respeito, sabe? Me provoca, mas sabe o limite, ou ao menos parece. Terror: É bom saber que tu entende o risco. Tem gente que brinca com fogo e depois se queima... mas se é isso que tu quer, beleza. Só tô avisando. Ela mantém o sorriso, mas vejo que agora ela se mexe, meio desconcertada, sem perder aquele brilho nos olhos. Me deixa ali com o bolo e se despede, dizendo que vai ajudar a vó na cozinha. Fico olhando ela se afastar e penso comigo mesmo que essa garota, apesar de nova, não é qualquer uma. É esperta, e sabe muito bem o jogo que tá jogando. Dou outra mordida no bolo, me encosto na cadeira e dou uma risada de canto, enquanto a noite vai caindo e a cabeça já volta a pesar com as lembranças do morro. (....) A ansiedade pra voltar pro morro tá queimando aqui dentro. Ficar esses dias longe foi f**a, e saber que a tropa segurou o território enquanto eu tava fora só mostra que vale cada centavo investido. Os moleques não arrega, tão treinados, tão armados até os dentes. E amanhã, finalmente, tô de volta ao meu trono. Deito na cama, mas o sono nem encosta. A cabeça tá no morro, pensando no que me espera, nos caras, na rotina de sempre. Ficar nessa paz aqui na fazenda só serviu pra mostrar o quanto a rua me chama, o quanto essa vida é a minha pele, o meu lugar. Olho pela janela, o céu preto, sem luz da cidade, só o barulho do mato e o silêncio. Lembro dos barulhos do morro, das motos, da molecada nas vielas, do som que rola nas lajes. Amanhã, essa cena muda, e eu volto pro que é meu. Meu celular toca, e quando vejo que é o Renan, já atendo mandando logo a real. Ligação On Terror: Não me fala que esses bostas resolveram voltar não, c*****o. — falo, ouvindo a risada dele do outro lado da linha. Renan: Tá maluco, irmão? Só tô te chamando porque a irmã do RD quer trocar ideia contigo. Terror: Amanhã eu resolvo essa p***a com ela. — respondo seco, mas nesse exato momento alguém bate na porta. Levanto rápido e abro, dando de cara com a Aline, com uma camisola fina que m*l cobre nada. Renan: A mina não quer esperar, c*****o! Tô aqui na casa delas, e ela não para de falar, mano. — Renan continua no telefone enquanto a Aline sussurra, perguntando se pode entrar. Aceno que sim, e ela entra, rebolando na maior cara de p*u. Fico ali, meio perdido, o celular no ouvido e a mente já girando nela. Terror: Repete essa p***a aí, que entendi nada. — falo, tentando manter o foco. Ela senta na minha cama, o olhar dela passeando pelo quarto enquanto mexe no cabelo. Renan: Tô aqui na casa da Manuela e da Any. — Quando ouço o nome da Manuela, é como se eu levasse um choque e saísse do transe. Terror: Tá fazendo o que aí, filho da p**a? — pergunto, irritado. Renan: Vim comer bolo. Terror: Comer bolo? — solto uma risada de puro nervoso. — Tá me zoando, né, c*****o? Cê não tem nada melhor pra fazer nessa p***a, não? Renan: Qual é, Terror? Terror: Rala daí e vai falar com o Santos sobre a carga que tá chegando amanhã. Renan: Agora? Terror: Não, amanhã! Agora, p***a! Rala daí, mete o pé! Renan: E as minas? Terror: As minas o c*****o, vaza daí agora. Renan: Blz. — ele responde, desligando a ligação. Ligação Off Solto o celular na mesinha, e Aline me olha com um sorrisinho malicioso. Tento não demonstrar, mas essa mina sabe provocar. A camisola dela m*l cobre as coxas, e ela ainda fica mexendo no cabelo, se fazendo de desentendida. Não sei o que essa mina quer, mas parece que o jogo dela é provocar. Terror: E aí, Ruivinha, tá curtindo ficar me testando? — pergunto, com um meio sorriso, cruzando os braços. Ela me olha de canto, dando aquele sorriso provocante, e levanta, andando pelo quarto descalça como se estivesse avaliando cada detalhe. Aline: Tô só conhecendo o lugar... — ela diz, fazendo charme, mas o jeito que me olha deixa claro que ela sabe o que tá fazendo. Terror: Olha aqui, garota, cê acha que eu sou desses moleques que vai fazer amor com você? Eu sou bandido, eu vou te f***r de verdade entendeu? E depois vou te mandar ralar daqui. Já falei, não vem querer brincar com fogo. Aline se aproxima, sem medo, aquele sorrisinho provocante no canto da boca. Aline: E quem disse que eu não gosto de brincar com fogo? — sussurra, com um olhar que não recua, me deixando ali, entre o querer f***r com ela e o manter a linha sabendo que vai dar merda. Sinto meu sangue fervendo, mas mantenho a postura, travo o maxilar e respiro fundo. Essa mina é problema, e eu já tenho demais na minha vida. Terror: Não provoca mais, tô avisando. Isso aqui não é pra você, vaza daqui antes que eu não me segure.— falo, firme, sentindo meu p*u doer dentro da cueca de tão duro. Ela dá uma risada baixa, se afastando devagar, e antes de sair do quarto, joga um beijo e me olha por cima do ombro. Aline: Quem sabe da próxima vez, então. Fico uns minutos na varanda, me controlando pra não atravessar aquele corredor e bater na porta dela, e comer ela ali mesmo, do jeito que ela parece tá querendo. É f**a, essa mina mexe com minha cabeça e, pior, sabe que mexe. Mas me seguro, respiro fundo, debaixo desse céu escuro de fazenda, ouvindo o barulho da chuva caindo. Entro no carro, sentindo o olhar de cada um deles na despedida. Cleberson e Dalva deram um suporte firme durante esses dias aqui. Minha coroa tá até mais sorridente, e eu sei que ela precisava dessa calmaria que teve longe do morro. Fico no banco, olhando pra frente, mas na real tô pensando em tudo que tá esperando por mim assim que botar o pé de volta no morro. Terror: Valeu, Dalva. Pode deixar que vou cuidar bem dela, sim. — falo com um sorriso de canto, dando um último aceno. Ela sorri de volta. Antes de arrancar, dou uma última olhada pra Aline. Ela tá ali, encostada na porta, o cabelo vermelho voando, aquele sorriso de canto, como quem sabe que mexeu comigo nesses dias. Sorrio só de leve e caio fora. No caminho de volta, o silêncio toma conta do carro. Os meus seguranças, Cardoso e 2D, tão focados na estrada, e eu só fico refletindo, já me preparando mentalmente. Sinto a adrenalina começando a correr de novo nas veias. Terror: Tá na hora de botar ordem nessa p***a — murmuro pra mim mesmo, já me sentindo de volta ao meu território.
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