Chapter 1
4 anos depois.
Helena Greevey's POV
Nova York, NY. 22:45pm, quinta feira.
Passei pela multidão de paparazzi na porta do hotel com o rosto tapado pelo capuz do moletom, óculos escuros e Mila sendo carregada no meu colo, de modo que eu a protegesse de toda aquela confusão. Era sempre assim, sempre foi assim e por mais que toda aquela situação me incomodasse de uma forma ainda mais agressiva, também incomodasse Mila, eu não podia fazer muita coisa.
– Finalmente chegaram. - minha mãe veio correndo até nós assim que eu consegui atravessar as portas do hotel luxuoso localizado em Manhattan. – Mila esteve com você? Achei que ela estivesse em Los Angeles. - realçou, aproximando-se de mim e retirando a pequena de quatro anos do meu colo.
– Não, eu achei melhor não deixa-la mais uma vez, sabemos qual foi o desastre ocorrido da última vez que eu e Ethan a deixamos sozinha com babás. - retirei o capuz da minha cabeça e posteriormente tirei também a blusa de moletom que me cobria e me protegia do frio do lado de fora. – Mas eu preciso que fique com ela hoje, Ethan tem um show em trinta minutos e eu realmente tenho que estar na Times Square nesse tempo. - Chelsea sorriu e assentiu, Mila dormia em seu colo e era incrível a maneira como o seu sono era pesado o suficiente para que ela não acordasse com a gritaria e os flashes fortes e barulhentos que nós duas havíamos enfrentado.
Admirei cada detalhe do rosto de Mila enquanto ela se afastava de mim nos braços da minha mãe e com o rosto encostado em seu ombro, seus olhos estavam fechados, mas eu jamais poderia me esquecer da cor e da intensidade dos olhos claros da garotinha, igual aos do pai. Madelyn Elis Black era a minha grande conquista, ela não se parecia tanto comigo, mas ela era a única coisa no mundo que eu poderia dizer que era realmente minha. Ter ela, foi de longe a coisa mais difícil que eu já poderia ter feito, levando em consideração que eu tinha sofrido um aborto pouco mais de um mês antes de engravidar dela e que meu útero estava tão frágil que durante todos os nove meses em que eu estive grávida eu quase sofri quatro abortos espontâneo. Mas também era a melhor coisa que poderia ter me acontecido.
– Admirando sua obra, filha? - ouvi a voz do meu pai soar atrás de mim e então me virei sorrindo.
– É, estava pensando no quanto valeu a pena passar por tantas coisas pra ter ela. - Brian riu e umedeceu seus lábios com a língua.
– Uh, sem dúvidas. - suas mãos estavam enfiadas no bolso e seu físico parado a minha frente de maneira relaxada. – Vai ao show do Ethan? - eu assenti.
– Sim, eu não fui nos primeiros shows no Canadá, então achei que seria importante estar aqui e dar suporte a ele nesse dia. - sorri confortável. – Mila também iria, porém ela acabou capotando no carro no caminho até aqui. - rimos.
– Notei, deve realmente ser cansativo ter dois pais popstar. Mas boa sorte lá, eu amo você. - Brian beijou a minha testa.
– Eu também amo você, pai. - Brian não era meu pai biológico, mas eu me sentia confortável em chamar ele assim, ele havia me criado, então sim, ele era meu pai.
Andei em passos largos até a bancada da recepção, sendo recebida com um sorriso estampado no rosto da recepcionista. Retirei os óculos escuros e coloquei a blusa de moletom em cima do balcão.
– Boa noite, senhora Black. - ri pelo nariz.
– Greevey-Black. - eu a corrigir e ela me olhou sem graça. – Enfim, sem problemas. O que eu pedi foi trago? - fez um sinal de concordância com a cabeça, entreguei a blusa a ela e ela me entregou um sobretudo branco com botões preto, o mesmo que eu havia pedido horas atrás para que eu pudesse vestir essa noite. Retirei as sapatilhas dos meus pés sem me importar com as pessoas que passavam por ali ou com seus olhares intrigantes. – Você está salvando a minha vida. - ela sorriu e me entregou os sapatos de salto escuro, com brilho mediano. Calcei os sapatos, me apoiando ao balcão.
– Imagine, é um prazer ajuda-la. - seus olhos azuis brilhavam e sua atenção era impressionante.
Cheguei ao MSG cerca de uma hora e dez minutos após a minha saída pelos fundos e despercebida do hotel, eu estava mais do que atrasada, eu estava super atrasada, mas o trânsito de Nova York estava um inferno e com as atrações que a cidade exibia esta noite piorava ainda mais o que era r**m.
Entrei no Madison pelas portas dos fundos, sendo seguida por Marco, meu segurança que andava em passos silenciosos, assim como seu tom de voz atrás de mim, me possibilitando ouvir o barulho dos meus saltos se chocando contra o chão e a minha respiração. Um pouco mais a frente, uma grande porta se tornou visível e do seu lado dois seguranças, ainda maiores que Marco fazendo a segurança, a porta dava acesso ao backstage e somente pessoal autorizado entrava ali, eu era esposa do Ethan e então eles nem gastaram o seu tempo para me barrar, pelo contrario, abriram a porta para mim, permitindo que eu entrasse.
– Helena? - Christian perguntou surpreso. – Ai meu Deus, é você mesmo. - sorri e ele retribuiu, Christian levantou-se do sofá branco que estava deitado e veio até mim me abraçando.
– Sim, sou eu mesma. - o soltei, mordi meu lábio inferior. – Caramba, eu não acredito que me atrasei a esse ponto. - olhei o relógio prateado no meu pulso notando o quão tarde estava. – Se ele já saiu do palco, ele com certeza já deve ter visto que eu cheguei em Nova York.
– É, ele saiu do palco tem uns 15 minutos. Mas vai no camarim dele, até onde eu sei o celular dele tá com o James, quem sabe você dá sorte. - alarguei meu sorriso e agradeci Christian com palavras irrelevantes.
Andei em passos apressados por mais alguns metros até chegar em um corredor vazio, o final dele me levaria ao camarim e eu sentia minhas mãos suando frio. As fãs de Ethan ainda se vazia presente no ginásio e gritavam coisas impossível de ser identificado ou apenas gritavam como se ainda estivesse extasiadas com a animação do show dado por ele minutos atrás.
Toquei a maçaneta da porta branca de madeira, com um papel simples com seu nome gravado, alarguei o meu sorriso e respirei fundo pelo menos umas três vezes até enfim abrir a porta do local e adentrar sem permissão.
– Supre... - me calei no segundo em que vi Ethan se levantar do sofá recolhendo suas roupas, ele sorria, mas o seu sorriso não era por mim, tanto que o desfez quando me viu.
Suspirei de forma pesada, uma garota loira e vestida apenas de calcinha e sutiã também se levantou do sofá, seu olhar para mim foi assustado e seu ato de pegar a camisa branca com nome de algum fã clube do Ethan foi rápido. Estava tudo em silêncio, eu os encarava em silêncio, mas não estávamos. Ethan falava algumas coisas, mas eu não o ouvia, meus ouvidos estavam tampados, meu coração acelerado e minhas pernas presas ao chão. Eu estava travada. Sem qualquer reação.
– Uau, surpresa para mim. - finalmente disse algo e então eu pude o ouvi-lo falar, sua voz saia entrecortada e algumas vezes a garota também falava, eu passei aos encarar com desprezo. – Me desculpem acabar com a festa de vocês. Podem... - o choro entalou na minha garganta, uma grande bola de neve parecia estar se formando na mesma de tão enxada que ficou, minhas correntes vocais falhavam. Respirei o mais fundo que consegui e eu não tenho a mínima ideia de onde tirei forças para dizer: – Continuar de onde pararam.
Me virei de forma abrupta e puxei a porta com uma força fora de mim. Meus passos eram fortes e ironicamente seguros, eu não segurava mais as lágrimas, mas eu realmente não me importei com tal situação. Meu coração palpitava e chegava a doer, meus soluços eram tão altos que se eu estivesse sozinha em um lugar na imensidão do Madison, eu seria ouvida em todos os cantos daquele lugar.
Eu me sentia uma adolescente presa em no dilema do drama da sua vida.
Voltei ao mesmo lugar que eu havia encontrado com Christian e ele ainda estava lá, agora acompanhado de James, eu não me importei em esconder minhas lágrimas, apenas continuei em passos firmes, James me chamou algumas vezes, assim como Christian, mas eu não respondi a nenhuma. Fiz um sinal para Marco para que ele viesse até mim e ele logo o fez, não trocamos uma única palavras, apenas seguimos para a porta que nos levaria ao corredor que me tiraria daquele lugar.
Marco se colocou a minha frente e abriu a porta, eu sai no mesmo segundo, eu não soluçava mais, mas as minhas lágrimas se tornavam cada vez mais intensas.
– Helena, espera. - era Ethan, eu apenas ignorei e continuei andando. Ele segurou o meu braço com força e me virei para ele. – Por favor, me escuta.
– Não, eu não quero te escutar, eu não quero olhar pra você. - respondi de forma rude, puxei meu braço.
– Por favor, meu amor. Não faz isso com a gente, não destrói tudo o que a gente construiu. - ri em deboche, Marco se aproximou de Ethan e tentou segurar ele.
– Marco, me espere no carro, eu vou em dois minutos. - o cara alto, careca, branco e vestido de preto dos pés a cabeça me olhou como se me perguntasse se eu tinha certeza. – Eu tenho certeza. - respondi, sem precisar de suas perguntas.
– Helena... - ele tentou se aproximar e mais uma vez segurar em meus braços, eu o empurrei.
– Não encosta suas mãos sujas em mim, Ethan. - minha voz saiu chorosa e completamente fraca, limpei as minhas lágrimas e respirei com dificuldade. – Você é um babaca, cafajeste incurável. Como ousa me pedir para que não acabe com tudo o que nós construímos em todos esses anos? VOCÊ destruiu tudo, Ethan! Você fez toda essa merda sozinho.
– Me deixe explicar.
– Não existe explicação. - praticamente gritei. – Não me venha com frases clichês como: "Não é nada disso que eu você está pensando" porque é aí que eu te respondo a mais clichê de todas: "Eu não estou pensando, eu estou vendo." Não me diga que eu estou fazendo isso com a gente, quando o culpado disso é você, meu Deus, estamos juntos a cinco anos, Ethan. Estamos casados a quatro anos, todas as promessas de amor, todas as declarações foram falsas? Quanta vezes você me disse "Eu te amo" sem amar? Será que realmente pra você o que nós tivemos nunca passou de um contrato? - Ethan ia responder, mas eu não lhe dei tempo. – Eu me entreguei a você, por você eu me permiti amar novamente, me distanciei dos meus compromissos, eu me casei com você, eu te dei uma filha. - eu já estava chorando novamente, minha garganta ardia. – No momento em que você estava transando com aquela garota, em algum momento, mínimo, pequeno que seja, repentino talvez, você pensou em mim? Você pensou na Madelyn?
– Vocês são tudo o que eu mais amo na vida. - ele respondeu desmoronando-se em lágrimas.
– Você não está indo muito bem nas demonstrações. Não por mim. - coloquei minhas mãos na minha cintura e me entreguei as lágrimas, fechei os meus olhos e os apertei. Ethan chorava e soluçava, eu apenas o ouvia. – Eu sei o quanto você ama a Mila e que é totalmente injusto eu envolver ela nisso. - suspirei. – Você vai poder vê-la quando quiser, só não... Só não chega perto de mim. - abri meus olhos e olhei para ele uma última vez, observando cautelosamente seu estado de lágrimas. – Tchau, Black. - me virei e sai dali correndo, saindo do Madison finalmente e me molhando na chuva forte que caia do lado de fora, Marco me esperava com a porta do carro aberta. Eu entrei sem dizer uma única palavra, eu nem ao menos me incomodei em ter me molhado, na minha situação, água era de longe meu maior problema.
Ethan Black's POV
Cada palavra que Helena havia jogado na minha cara haviam acertado o meu ouvido como metralhadoras, doeram como se eu estivesse sendo esfaqueado por dentro. Eu me sentia um i****a e eu realmente era um i****a. Eu pedi um tempo para me explicar para ela, mas eu não tinha uma explicação para aquilo, era óbvio o que eu havia feito.
Dei passos para trás com certa dificuldade, eu sentia minhas pernas bombeares, minhas veias respiratórias falharem, me virei e caminhei de volta para o backstage soluçando de tanto chorar. Eu merecia.
– Ethan, mano. - Christian aproximou-se de mim. – O que houve pra você está nesse estado? O que houve com a Helena?
– Eu estraguei tudo, eu destruí minha família, cara. - respondi entre lágrimas. James também se aproximou e entregou para mim um copo de água. Eu recusei. – Não, eu não quero isso.
– Você tem que ser mais especifico, Black. - respondeu Williams. – Precisa de acalmar e nos contar exatamente o que aconteceu. - entreabri a minha boca para falar algo, mas fui interrompido.
– Uh, eu acho que o motivo sou eu. - Candice apareceu vestida apenas com o short e a sua blusa que tampava seus s***s cobertos pelo sutiã preto. – Ethan, me desculpe por isso. Eu, eu amo você e juro que não queria te trazer problema algum.
– É, agora eu entendi. - Christian sussurrou, passei a mão na minha nuca.
– Quem é você? - James perguntou, ela sorriu sem graça. Virei de costas para todos e sequei as lágrimas que insistiam em descer do meu rosto.
– Candice, eu sou presidente do fã clube do Ethan em Nova York. - respondeu com animação na voz. – Eu nem consigo acreditar que tive uma noite com meu ídolo. - reprimi meus lábios e meus olhos sentindo dor ao ouvir aquelas palavras.
– Meu Deus, o que foi que eu fiz. - sussurrei para mim mesmo, fechei minhas mãos em punho sentindo vontade de bater em mim mesmo.
– Ouça, querida. Você ama o Ethan certo? - James falava com ela, não ouvi sua resposta, mas devido a continuação dele, deduzi que ela havia assentindo. – Então você sabe o quanto toda essa situação o prejudica, profissionalmente, pessoalmente e emocionalmente. Pegue suas costas, vista-se, se recomponha e vá para casa e o mais importante, não comente isso com ninguém. - encostei a minha mão na parede e permaneci de olhos fechados, era bobagem acreditar que ela guardaria segredo. – Caso o contrario, Ethan tem um milhão de centenas de advogados, ele pode te processar por calunia e difamação, sabemos a verdade, mas ai vai ser a sua palavra contra a dele. Entende o que eu estou dizendo?
– Está me ameaçando? - seu tom de voz era assustado.
– Não, estou lhe avisando.
Ouvi os barulhos dos passos de Candice para fora do backstage, eu não me permiti abrir os olhos. Minha mente estava um turbilhão, eu não tinha ideia do que estava fazendo, eu tentava focar em qualquer outra coisa, mas a minha cabeça insistia em ir em direção a Helena e Mila. Eu sentia como se as duas águas que escorrem por entre os meus dedos, não conseguia se quer raciocinar.
– Ethan, tente manter a calma. - Christian pediu, encostando a mão no meu ombro. Abri meus olhos e me desencostei da parede. – Tudo vai se encaixar, foi um deslize e essas coisas acontecem.
– Não, essas coisas não acontecem.
Andei a passos largos em direção ao meu camarim, peguei a blusa de moletom escuro jogada sobre o piso, posteriormente a vestindo. Calcei os pares de sapatos branco e puxei o capuz para a minha cabeça. Eu me sentia um louco, haviam vozes gritando na minha cabeça, elas gritavam insultos, palavras de confiança, me levavam para cima e do nada em uma queda livre, como uma montanha russa.
Sai correndo daquele lugar, mais uma vez passando por James e Christian, eles me gritaram algumas vezes, mas não respondi a nenhuma delas. Sai pela mesma porta que Candice havia saído minutos atrás, abaixei a minha cabeça e enfiei as mãos dentro do bolso do moletom, conseguindo passar despercebido diante da multidão que ainda se fazia presente no ginásio.
Demorou cerca de sete minutos até que eu conseguisse sair dali, chegando então a entrada do Madison Square Garden, que agora se tornava minha saída. Lá fora, as pessoas corriam pelas calçadas e atravessam a rua aceleradas tentando se proteger da chuva forte que caia.
Passei a caminhar para fora do toldo que me protegia da chuva, ela não me molhavam diretamente, mas encharcava minhas vestes, sendo assim, também me molhavam. Eu caminhava olhando para os meus pés e por diversas vezes eu esbarrava em algumas pessoas. Mas eu não me importei, mais uma vez eu me derramei em lágrimas enquanto caminhava, ergui a minha cabeça e passei a acelerar os passos. As gotas de chuva de misturava com as minhas lágrimas e só piorava devido aos meus pensamentos.
Flashback: 4 anos atrás.
– Ethan... - Helena sussurrou meu nome e segurou a minha mão esquerda, beijando a aliança que ela mesma havia posto na minha mão horas atrás. – Eu estou grávida. - paralisei.
– Você está o que? - eu gaguejei algumas vezes. – H-Helena. - ela sorriu e seus olhos encheram-se de lágrimas. – Ai meu Deus, você está grávida. Vamos ter um bebê. - praticamente gritei.
– É, vamos ter um bebê. - segurei em seu rosto e passei a beija-la de forma delicada, a felicidade em meu corpo era crescente.
Quinto mês.
– Hu, vocês querem saber o sexo do bebê? - o médico que examinava Helena perguntou, eu estava tão hipnotizado com o gel na sua barriga que eu nem ao mesmo consegui responder.
– Eu não sei, você quer, amor? - ela questiono-me ao notar meu nervosismo, principalmente quando eu apertei a sua mão.
– Sim, eu estou ansioso por isso. - ri pelo nariz, o médico assentiu e desceu um pouco mais o aparelho em sua barriga.
– Ora, está tudo bem. - ele abaixou o óculos em seu nariz e observou o tela plana que para mim, apenas exibiam borrões. – Vejamos bem, parece que o senhor e a senhora Black vão ganhar uma garotinha. - eu sorri, era exatamente o que eu queria. Helena queria um menino, mas mesmo assim seus olhos lacrimejaram emocionada.
– Nossa. - ela disse sorrindo, enquanto lágrimas escorriam em seu rosto. – Vamos ter uma garotinha, amor.
Nono mês
Eu me encontrava completamente desesperado na sala de estar daquele hospital, as paredes brancas me faziam ter a sensação de estar locuco e meu estomago embrulhado. Helena estava a mais de uma hora na sala de cirurgia, ela não teve condições de ter um parto normal. Eu tinha medo, tinha medo de perde-la e tinha medo de perder a minha garotinha.
– Responsáveis por Helena. - um médico desconhecido por nós entrou no quarto, ele vestia roupas descartáveis azuis e as luvas brancas em suas mãos estavam sujas de sangue. Eu me aproximei dele rápido, minhas mãos tremiam. – Sua esposa deu a luz a uma criança linda. Ela foi muito forte. - sorri abertamente suspirando aliviado.
– E a minha esposa, como está? - perguntei, ainda aflito. Ele calou-se. Isso me preocupou.
– Por favor, doutor. Responda. - Chelsea pediu com a voz embargada de choro. As poucas pessoas presentes ali estavam em silêncio, uma agonia tomou conta de mim, ele nada respondia. – Por favor, me diga que minha filha está bem. - ela chorou, Brian se aproximou dela e a segurou, impedindo que ela caísse, as noticias não seriam boas.
Ashley se levantou e me abraçou, seus olhos estavam cheios de lágrimas. Eu não cometi o ato de abraça-la, eu ainda me mantinha paralisado. Uma enfermeira ruiva e baixa entrou na sala e sussurrou algo nos ouvidos do médico, ele sorriu e assentiu. Ela saiu.
– Me desculpem pelo silêncio. Eu não tinha respostas pra tais perguntas. - ele fechou as mãos. – Sua esposa está bem, mas vai ter que ficar em observação essa semana, foi um parto complicado, ela engravidou em um período difícil, eu temo que ela não possa mais ter filhos após esse. Foi um grande trauma. - respirei aliviado, pela melhora de Helena e não pela notícia que se seguiu, eu queria ter outros filhos, ela queria ter outros filhos e aquilo era mais que doloroso.
Atualmente
Encarei o meu reflexo no vidro de uma loja de bebês qualquer, a chuva me molhava e as pessoas passavam atrás de mim tão rápidos que eu só conseguia enxergar borrões. Lembrar de momentos importantes da gravidez de Helena e do nascimento de Mila me faziam ter mais certeza do quanto eu havia pisado na bola. Mais do que isso. Eu havia estourado a bola inteira.
Estava andando por mais de duas horas, eu não sentia minhas pernas doerem e nem o cansaço tomar conta do meu corpo eu nem ao menos sabia pra onde eu queria ir, mas sabia onde eu estava. Me perder em Nova York não era uma hipótese.
A chuva havia parado, mas eu ainda continuava encharcado. Eu sentia minha garganta implorar por calor.
Observei de longe uma multidão de paparazzi parada de frente para um Hotel, umedeci meus lábios e caminhei até lá de vagar.
– Eu estou em Manhattan. - uma mulher falava ao telefone, próximo ao Hotel. – Está uma verdadeira confusão de paparazzi aqui, parece que Helena Greevey chegou aqui há algumas horas em lágrimas e todo mundo quer falar com ela... - não esperei continuações.
Caminhei depressa para o Hotel e passei pela multidão de paparazzi parados na frente tentando adentrar o local. Milhares de fotos passou a serem tiradas de mim, meus olhos chegavam a lacrimejar devido ao brilho dos flashes. Coloquei a mão no meu rosto e subi os poucos degraus, posteriormente entrado no hotel.
A recepção estava praticamente vazia. Apenas a moça que atendia e alguns seguranças que imediatamente vieram para cima de mim, deduziram que ambos pensavam que eu era um mendigo de rua. Ri pelo nariz e tirei o capuz, andando ainda mais rápido até a garota.
– Oi. - falei, ela olhou para mim e entreabriu a boca completamente abismada com meu estado.
– Senhor Black, o senhor está...
– Horrível, eu sei. - ri. – Mas olha só, eu só preciso de uma coisa, eu preciso que me diga em que quarto Helena está hospedada. Não ouse dizer que ela não está, eu sei que está. - meus olhos pediram para chorar novamente, mas eu não me dei a esse desfrute. – Eu te imploro.
– Oh! - exclamou. – Espere um segundo.