2. Capitulo – A Primeira impressão é a que fica

4328 Words
Kayla não chegou a conhecer a sua mãe, pois de acordo com o seu pai, ela havia falecido no seu parto. Desde então, na infância era cercada por babás, e embora o seu pai tenha sempre estado do seu lado, havia coisas que somente uma mãe poderia suprir e aconselhar-lhe; coisas como o início da adolescência, época em que o seu corpo estava passando por modificações. “Nas histórias que eu ouvia das minhas babás era que as garotas sonham em morar num castelo e serem princesas. A realidade era outra, estou num castelo, considerada uma princesa, mas eu não queria estar aqui. Talvez um príncipe encantado, rico e bonito, romântico claro”. Ela parou de escrever no seu diário, olhando para o tempo, mas logo voltou a escrever. “Nós dois nos apaixonaríamos à primeira vista loucamente. E ele me daria o meu primeiro beijo”. Outra pausa, momentânea. “Incrível que nos meus vinte e um anos, e ainda nem tenha dado o primeiro beijo. É claro que qualquer rapaz pagaria milhões apenas para tocar os meus lábios com as mãos, afinal de contas sou a mais popular da faculdade. No entanto, a minha vida não é fácil, não é qualquer um que tenha a coragem de se aproximar de mim, e mostrar o mínimo interesse”. A caneta que usava acabou escorregando da sua mão, caindo da escrivaninha. Ela olhou para o relógio, a hora de ir para a faculdade estava próxima. Ficando em pé, guardou o seu diário na bolsa preta que levaria. Não considerava infantil ainda manter o seu diário que escrevia desde os quinze anos, pois gostava de escrever o que sentia. Era ali que desabafava. Havia certas coisas que não conseguia falar para Bianca, principalmente quando o assunto era sobre a sua sexualidade. Mentia quando dizia para sua melhor amiga que já havia beijado vários caras, quando, na verdade, não havia beijado nenhum. Não era por falta de opção, fato. Declarações de amor, eram constantes. O fator principal era que havia aqueles malditos seguranças que não deixavam nenhum rapaz se aproximar dela, sem contar haver um rapaz na qual lhe despertava um certo interesse. E que ela gostaria de lhe dar o seu primeiro beijo. - Senhorita Kay, está na hora de ir para a faculdade. A voz vinha do lado de fora do quarto. A porta ainda estava trancada. – E o seu pai quer falar com você antes de ir, e que não é para demorar a descer. Kay olhou irritada para a porta, a empregada não tinha culpa, embora ela já soubesse o que o seu pai queria ou pelo menos imaginava. Ela tirou o diário novamente da bolsa e abriu na mesma folha em que escrevia até alguns minutos atrás. “Nas histórias que eu ouvia, sempre tinha uma madrasta malvada, ou uma irmã para atrapalhar os planos da princesa ser feliz com o príncipe, no meu caso, meu pai super protetor que ficara feliz em matar qualquer rapaz que tente me beijar. Rsrs”. Guardou o diário novamente ao escutar o seu nome ser chamado por outra empregada. Levantou-se e foi em direção ao espelho para dar uma última olhada no visual. Uma saia não tão curta que deixava as pernas longas e torneadas a mostra acompanhada por uma blusinha branca justa com algumas flores estampadas. As suas curvas eram sinuosas, realçando um tanto a sua cintura e os s***s não tão pequenos estavam cobertos. Os seus olhos verdes eram destacados com um lápis preto, e os lábios carnudos pintados com um gloss rosado. Era bonita, e seus cabelos ruivos, lisos presos num r**o de cavalo, dava total visão do seu pescoço. Embora gostasse de se produzir daquela forma, o fator principal de tanta produção era por simplesmente competir com Marina que sempre parecia estar querer disputar um lugar de destaque que só existia na sua cabeça, principalmente depois que as duas deixaram de se falar. Ela desceu tranquilamente as escadas. Não pode deixar de notar um certo movimento pelos corredores daquela enorme mansão. Deveria ser algo relacionado aos negócios da família; por isso, iria ignorar, pois não queria saber sobre o que se tratava. Da última vez que bancara a curiosa e invadira o porão havia se deparado com um homem sem um dos braços e totalmente desfigurado de tanto ser torturado. Não conseguira dormir durante uma semana com a imagem do sangue escorrendo pelo corpo do desconhecido. O pai havia ficado furioso com a intromissão dela. “Coisas sujas e obscuras”. Era isso que provavelmente estava acontecendo na sua volta. Kayla chegou na sala, indo direto para o escritório do seu pai, batendo na porta e escutando um “entre”. Ela tentou sorrir, como disfarçando o ocorrido da noite passada. O seu pai fumava o costumeiro charuto sentado numa poltrona. Alguns papeis espalhados pela mesa, contendo dados exorbitantes de dinheiro em paraísos fiscais, evitando o uso de computadores mesmo com toda a tecnologia. Ele não estava sozinho, ao seu lado direito, Tiziano falava ao telefone em inglês e fazia algumas anotações, parecia estar com uma extrema preguiça de falar naquela língua. - Demorou. O seu pai falou, olhando minuciosamente para sua filha. - Estava me arrumando. Kay respondeu, tocando no seu braço. – E trocando o curativo da forma que Cesare me ensinou. - Certo. Ele colocou os papeis de lado, ficando em pé. – Tenho um segurança novo para você. Falou, apontando em direção da janela do outro lado da sala do escritório. Kay olhou para a direção que o seu pai apontava, surpresa. Não havia percebido a presença daquele homem. Ele olhava para ela de uma forma séria, mas o que havia chamado a atenção de Kayla era os cabelos castanhos escuros arrumados de uma forma impecável. Os olhos negros como a noite, e uma cicatriz próximo à têmpora quase invisível. Ele usava um terno cinza-escuro que combinava com o seu ar sério e o olhar gélido que ele possuía. Era atraente, e não parecia tão velho como pensava. “Hum, tenho que agradecer ao Marino dessa vez, pelo menos uma vez na vida ele acertou”. Kayla pensou intrigada com aquela figura a sua frente. - Donovan de Luca, é o melhor do que faz aqui na Itália. Declarou Vincenzo com orgulho, e jogando as cinzas do seu charuto no cinzeiro, apagando o charuto. – Estou pagando caro pelos serviços dele, Kay. E você sabe que eu odeio perder dinheiro. Então, não cause problemas. - Sabe que eu sou um anjo, papai. Kay respondeu, olhando para Donovan que ainda permanecia estático próximo à janela. – Os problemas que correm em direção a mim não eu que corro atras deles. Ela deu um sorrisinho maroto. - Kay... Não me faça perder a paciência. Vincenzo olhou para Donovan. - Espero que não me decepcione, acho que Marino deixou avisado o que eu faço com quem não tem êxito. - Sim. A resposta foi direta e sem emoção. - Kay venha direto da faculdade para casa. Era as últimas instruções. – A noite teremos um jantar com os nossos amigos. Ela sabia a que “amigos” o seu pai se referia. Franzindo o cenho a contra gosto, entre aqueles amigos de todos os integrantes, só tinha duas pessoas a quem ela simpatizava. Bianca Camorra, a sua nova melhor amiga e o seu “príncipe”. Pietro Pallavicini. - Está bem, papai. No instante em que saiu do escritório, o homem de terno cinza a seguiu. Kay teria uma nova sombra a partir dali. Pelo menos era um e não quinze, e dessa vez era um homem bonito, muito bonito por sinal. Apesar de todo aquele ar arrogante e gélido. Kay estava parada na entrada da mansão esperando a limusine como costume, entretanto, na sua frente parou um Mercedes Benz C63 AMG Black. Embora o carro fosse do tipo sport, e bonito; não era uma limusine. Ela se aproximou do veículo, esperando que ao menos o seu novo segurança abrisse a porta para ela. - Vamos nos atrasar, senhorita. A voz sonora veio do lado de dentro. E, não querendo entrar em discussão, ela apenas iria ignorá-lo. Era incomodo aquele silencio dentro do pequeno veiculo. Sentia-se como uma parte do ar... invisível. "Aquele tal de Domenico, Dorgival ou Donovan sabe-se lá o que parecia não a notar". Olhava para frente num ponto qualquer como se fosse mais interessante que ela. Não havia dito um oi ou lhe dado uma cantada. A ruiva olhou para a cicatriz próximo à têmpora e decidiu ser um bom assunto para se iniciar a conversa. Colocou um sorriso sedutor nos lábios e perguntou com a voz mansa. - Como conseguiu essa cicatriz? Ele permanecia em silencio. - Sei que é falta de educação, mas seria bom para nos conhecermos melhor, quem sabe... Ela continuou. Novamente ele não respondeu. Donovan virou o rosto para o lado oposto do dela parecendo achar que o movimento da rua era mais interessante que a bonita ruiva ao seu lado. Kay olhou-o frustrada. “Que cara chato”. Decidida a ignorá-lo, ela abriu o seu diário. “Sim, uma princesa sofre provações. E quando você acha que um vilão já é o suficiente sempre aparece outro. No meu caso o novo vilão da minha vida é um cara arrogante, gélido, fora de moda e irritante”. Ela deu uma pausa, olhando para fora da janela. “Embora fosse muito gato”. Observação: Encomendar uma raquete nova de tênis para matar o Marino, aquela mente do mau só tinha mandado um novo obstáculo para minha vida”. Ela escrevia freneticamente, com um semblante aborrecido no rosto bonito. E, o movimento dela parecia ter chamado a atenção do homem gélido. Ele virou-se e olhou para ela tentado ler sorrateiramente o que ela escrevia. Ao perceber o movimento, fechou o diário. E o olhou de modo hediondo na direção do homem carrancudo. - Sabe o que é pessoal? - Cartinha de amor? Disse num timbre irónico e provocativo. Kay sentiu o seu rosto corar, colocando o diário dentro da bolsa com brusquidão. – Quem seria o sujeito insano a querer ficar com você menina. “Menina? Quem ele chamava de menina? Ele não parecia ser muito mais velho que ela. E, como ele tinha audácia de tirar uma com a cara dela?”. Kay respirou fundo rezando para chegarem logo na faculdade. - Para sua informação, sou a garota mais popular da faculdade, e a mais bonita. - Então, o quesito dessa faculdade é bem abaixo do que se esperava. Ele disse voltando a sua atenção para a janela. - Seu i****a! Respondeu de forma clara para ele escutar. Entretanto, tédio foi o que viu nos olhos dele, diferente da reação que ela esperava. Não demorou mais de cinco minutos para chegarem. A ruiva não esperou Donovan descer, saindo do carro. Kayla abriu a porta do carro ela mesma e bateu com força. Donovan saiu pelo outro lado parecendo que nem ao menos havia visto aquele gesto irritado da garota. Antes de se aproximar do portão Kay apontou acusatoriamente em direção do segurança. - Pode ficar onde está. Ela colocou as duas mãos no quadril. – O meu pai deve não ter-lhe dito, mas meus seguranças ficam do lado de fora da universidade. - Estou aqui para lhe garantir segurança, então entre nessa maldita universidade. Declarou Donovan puxando Kayla pela mão para dentro do pátio. Ela olhou para suas mãos entrelaçadas, tentando se soltar. “Ele estava tocando nela?” Nenhum segurança antes tivera esse atrevimento. Definitivamente ela não gostava dele. - Você não escutou? Eu fico dentro e você fora. “Deve ser surdo ou qualquer coisa do gênero”. – Meu Deus! Disse Kayla, vendo todo mundo os olhando. Os alunos observavam a cena, principalmente os rapazes olhavam para a ruiva com certo ciúme, e ficavam imaginando quem era aquele homem m*l-encarado de terno que ousava ser tão rude com Kayla. As garotas por sua vez, achavam que Kay estava tendo o que merecia por ser tão... mesquinha. Na verdade, era apenas inveja da popularidade da ruiva. As garotas olhavam e davam risadinhas assanhadas em direção de Donovan que não estava preocupado em ser observado por tanta gente. Ele parou de andar e olhou para a garota sem qualquer transparecia de emoção. A sua voz, porem saiu em tom áspero. - Você sempre fala assim? Sua voz é irritante. Embora houve um tanto de tédio. – Acho que os seguranças que seu pai matou devem ter morrido felizes ao não terem que lhe ouvir. Ele havia acertado num ponto fraco dela. Kayla sentia remorso, principalmente por se sentir culpada pelas mortes dos antigos seguranças. Kay olhou para ele de forma repulsiva. – Não gostou? Então tente ser menos insuportável que eu te poupo dos meus comentários sórdidos. Ele sabia ser mordaz. Não se preocupava em medir as palavras e machucar as pessoas com os comentários infelizes que pronunciava. Definitivamente ela faria questão de matar aquele i****a com as próprias mãos. Teria partido para cima dele, tentado a lhe dar um tapa ou chute. Tinha o gênio forte e o pavio curto como o pai. Bianca surgiu entre eles, apartando o momento de tensão que se formava ali. - Kay! A voz doce e suave da herdeira Camorra fez com que ela desviasse a atenção daqueles cabelos castanhos. Bia olhou para o homem e abaixou a cabeça apreensiva. Era obvio que ela se sentiu intimidada pelo olhar de Donovan. – Senhor De Luca... Não sabia que começaria a trabalhar hoje. Ele não disse nada, apenas a cumprimentou com um gesto gentil de cabeça que fez Bianca corar até parecer um tomate. Kay bufou. Ele era formal e educado com Bianca, entretanto com ela, Donovan tinha sido grosso desde que tinham ficado a sós. - Vai assistir as aulas comigo também? Kayla perguntou com um sorriso debochado. – Vou deixar que segure meus lápis e minha borracha. - Não confunda as coisas, sigo ordens do seu pai, não suas. Disse de modo a lhe olhar de maneira adversa. – Acho melhor então começar a me tratar melhor ou... não vai querer descobrir do que sou capaz. - Vamos embora Kay. Bia chamou de um modo tão baixo, que por pouca coisa Kay não teria ouvido. “Seria ele assim tão perigoso como Bianca dizia? Não. Ele só era um homem arrogante e metido, irritante e muito bonito”. Praguejou consigo porque embora ele fosse tudo aquilo, realmente era um homem bonito. E, diante de suas indiretinhas, sabia que ele não se sentia nem um pouco atraído por ela. Kay começou a andar sobre os olhares curiosos dos outros estudantes. Seu semblante era aborrecido. Deu uma olhadinha para trás e notou aqueles penetrantes olhos negros vidrados sobre ela. Sentiu seu corpo se arrepiar. Agora não sabia ser era medo ou excitação. Um olhar tão vazio e perigoso. “Seria ele uma pessoa normal?” Começava a acreditar que aquele homem gélido havia saído de um filme de terror. - Eu falei pra você. Bianca falou, antes de sentar na cadeira próxima a ela. – De Luca é c***l, tente não o irritar. - Ele é um chato, isso sim. Mas, eu farei de tudo para que seja demitido. Kayla declarou. – Ítalo vai ter se arrependido de ter indicado aquele tal de Domenico para ser meu segurança. - O nome dele é Donovan, mas eu prefiro De Luca. No segundo turno, as duas se separaram indo em direções opostas com Donovan sempre na cola de Kayla, mesmo que esperasse do lado de fora da sala. Sendo que no último turno, Kayla notou ao longe uma bonita garota de cabelos negros e longos. Marina Bianchi. Assim como o resto da família ela pretendia ser médica. Admitia, Marina era inteligente. Havia passado em primeiro lugar no vestibular. “Talvez fosse o tamanho da testa que ela tentava esconder junto aquela franja que carregasse tanta inteligência”. Marina era a menina que Kayla mais odiava na face da terra, embora agora houvesse alguém entrando na disputa para tomar o lugar de sua ex-melhor amiga. O motivo para tanto ódio era que Marina havia roubado o “príncipe” de Kayla. Elas haviam sido melhores amigas. Quando eram crianças imaginavam juntas seus casamentos, maridos e filhos, porem ao conhecerem o herdeiro Pallavicini, ambas se apaixonaram. Entretanto, Kayla não sabia que sua melhor amiga era que agiria primeiro ganhando o coração de Pietro. Isso já fazia dois anos que eles namoravam. Kay fazia administração. Não por que queria, na verdade seu sonho era fazer moda. Achava que combinava mais com ela, afinal era uma garota estilosa que entendia tudo sobre roupas, sapatos, bolsas, cores e tendencias, contudo o pai a obrigou a cursar administração. Ele dizia que alguém como Kayla tinha que se preocupar em administrar o dinheiro da família, como investir e aplicar todas as cédulas de dólares que herdaria. Ela não gostava de nada disso, achava tedioso, e aquele números a enlouquecia. Era péssima em matemática. Já havia virado rotina ficar de recuperação nessa matéria. Era impressionante como até mesmo em sua vida profissional o pai se intrometia. A jovem não achava que seria uma boa líder da máfia. Não gostava de matar, quase desmaiava quando via sangue e chorava toda vez que ouvia tiros. Tinha medo de morrer, e para ser líder de algo tão obscuro tinha que se transformar no próprio d***o. Não era o caso dela. “Ítalo seria um ótimo líder, aposto que aquele louco faria um ótimo trabalho. Ele adora torturar as pessoas mesmo”. Pensou a ruiva ao se lembrar de Donovan, seu mais novo segurança que havia sido proposto pelo líder dos Marino. Pra completar, Kayla não prestava atenção em nenhuma aula naquela manhã. Estava mais preocupada em escrever sua frustração em seu diário. Não conseguia visualizar nada em uma tonalidade mais escura que se lembrava daqueles olhos intensos de seu novo segurança. Ela mantinha o semblante aborrecido enquanto escrevia e parecia querer rasgar a folha de tamanha brusquidão que riscava o papel. “O novo vilão da minha vida se chama DONOVAN. Vou me lembrar desse nome eternamente, pois um dia vou fazer questão de amarra-lo a correntes e tortura-lo até ele me pedir desculpas chorando”. Ela escrevia, não escondendo sua frustração. “Se ele não fosse tão... tão, cretino e insuportável, arrogante e prepotente talvez, e muito talvez pudesse se tornar um príncipe encantado de alguém, mas pela forma como ele agia era capaz dele ter arrancado seu coração, do que ser capaz de amar alguém”. Ela releu o que escreveu e deu um sorrisinho malicioso. “Príncipe encantado? Não!” Ele era um vilão, embora estivesse longe de atingir o padrão dos vilões na qual tinha conhecimento. Normalmente feios, narigudos, gordos ou carecas. “Porque justamente o meu tem que ser lindo de morrer?”” Uma princesa não deve se sentir atraída pelo homem que está no lado obscuro”. - Kayla espero que o que você esteja escrevendo tão centrada seja a resolução do exercício. Declarou a professora parando a frente da mesa da ruiva. – Isso vai cair na prova. - Eram algumas anotações extras. Ela disfarçou, jogando o diário embaixo da mesa e dando um sorriso sem graça em direção a professora. - Parecia cartinha de amor. Disse a professora arqueando uma sobrancelha. Em resposta ganho uma resposta atravessada da ruiva. “De novo esse papo de carta de amor. Estou com cara de apaixonada por acaso?”. – Vamos Kay, que tal fazer essas anotações no quadro para o resto da sala. Ela ficou totalmente sem ação. E ouviu os burburinhos de suas colegas dando uma risada malvada, enquanto os meninos olhavam para ela desejando vê-la naquele ângulo, virada de costas para eles. - Claro! Ela sorriu sem graça tentando mostrar confiança, mesmo que por dentro estivesse em desespero. E como salva pelo gongo, o intervalo tocou. Kay porem continuou na sala de aula. Olhava para a janela fitando as cerejeiras ao longe. Já estava no final do ano e logo estaria no segundo período do curso de administração. A cada final de ano as turmas viajavam para comemorar o próximo ano de faculdade que se viria. A turma de Bianca iria para Florença, mas Tiziano havia deixado bem claro que não permitiria que a prima fosse. A turma de Kay iria para Viareggio, mas duvidava que o pai fosse permitir que ela fosse, e se por algum milagre deixasse teria que levar aquele homem soberbo e arrogante junto. Não iria conseguir se divertir. Fato. A ideia de flertar talvez com alguns rapazes ou até mesmo arranjar algum namorado as escondidas estavam fora de cogitação. Suspirou desistindo de sonhar com essa viagem. “Uma princesa nem ao menos pode conhecer algum outro reino distantes sem que os vilões a persigam tornando seus sonhos impossíveis”. Olhou para as palavras escritas. “Seria assim para sempre? Ela presa sem saber o que era viver... sentir... amar”. - Kay! Ela se virou e notou um rapaz gordinho de cabelos encaracolados se aproximando. A olhava com admiração, possuía em suas mãos um pacote bem embrulhado nas mãos e parecia nervoso em falar. - Nando, como você está? Ela o olhou curiosa, sorrindo ao perceber o que estava acontecendo ali, era mais um rapaz que vinha se declarar. Era o terceiro essa semana. Kayla sempre rejeitava as declarações, flores e bombons que eram lhe oferecidos. Porém, gostava de toda aquela atenção, se sentia comum. Algo que era bem diferente de sua realidade. - Você está linda hoje! Ele falou sem graça. Ela apenas sorriu de forma sedutora deixando-o ainda mais envergonhado. – Sabe, eu sempre quis lhe dizer uma coisa... Há muito tempo na verdade, que eu... eu... Sim, ele estava nervoso. Entretanto, Kayla tentava transparecer desentendimento, embora já estive se preparando para dar um fora no rapaz. Até que a porta se abriu bruscamente, e tanto Kayla quanto Nando olharam assustados em direção da porta e viram uma figura alta e corpulenta os olhando com indiferença. “O que ele está fazendo aqui?” se perguntou, para logo em seguida olhar para seu amigo Nando. E, do outro lado da sala, Donovan sacou sua arma da cintura ao ver o pacotinho na mão do rapaz próximo a Kayla. - Pegue esse pacote, coloque em cima da mesa do outro lado da sala e depois tire a roupa e ponha as mãos na cabeça. Nando olhou assustado para Kayla tentando assimilar o que estava acontecendo e o que lhe fora ordenado. Ou talvez fosse o fato de que estava quase urinando nas calças, pelo medo causado por simplesmente ter uma arma apontado para sua cabeça. Kayla olhou incrédula para a cena. - Você é surdo moleque?! Donovan perguntou, destravando a arma. – Faça o que eu mandei antes que meta uma bala na sua cabeça. Havia raiva em sua ordem. – Vou contar até três... E antes mesmo que Kayla pudesse dizer algo, Nando apertou o pacotinho com força e andou lentamente até o outro lado da sala. Respirou fundo ao colocar o pacotinho sobre a mesa dos professores e olhou para o moreno que não tirava os olhos dele com a arma ainda apontada para sua direção. - Agora tire a roupa e coloque as mãos na cabeça. Donovan falava em um tom calmo, como um pedido comum. “Esse cara tem tendencias homossexuais?”. Perguntou Kayla, curiosa. Nando não parecia nada confortável com aquele pedido, olhando para Kayla envergonhado, começou a desabotoar a camisa. - Domenico pare com isso! Ordenou a ruiva com altivez na voz. - Não sigo ordens suas meninas, já lhe falei. Agora cale a boca e fique ai sentada olhando. Kayla simplesmente não acreditava que ele estava falando daquela forma tão grosseira com ela. Não mesmo, reclamaria com seu pai assim que chegasse em casa. Apenas de cueca, o rapaz que antes parecia feliz em estar ali perto de Kayla agora se sentia bastante envergonhado. Ele sabia que Kayla era herdeira de uma grande fortuna, porém não imaginava que toda aquela grana vinha da máfia. - Abra o pacote e coma. - É só chocolate! - Abra e coma o que trouxe no pacote! Disse firmemente fazendo Nando ficar mais pálido, se é que fosse possível. O rapaz então abriu mostrando os bombons, e logo em seguida comendo um. - Posso ir embora? Perguntou, tentando engolir o choro. Fora o medo, se sentia humilhado pela aquela ação. - Pode. Donovan sentou-se em cima de uma das mesas. Parecia se divertir com a pressa que o rapaz havia terminado de abotoar a camisa e o sinal tocou anunciando que o intervalo havia acabado. Sem nada dizer, Nando pegou seus sapatos, saindo da sala e os deixando a sós. Não haveria aula naquela sala. Donovan pegou um dos bombons que estava sobre a mesa, comendo-o em seguida. - Como você pode ser assim tão... -... Ele podia ser um homicida, embora tivesse aquela aparência ridícula. Declarou Donovan. – E isso, poderia ser uma bomba que iria explodir nesse seu rostinho bonitinho. Continuou apontando para a caixa de bombom ao seu lado. - Uma bomba? Por favor, não seja paranoico. Kayla passou as mãos nos fios ruivos nervosamente. – E vai me dizer que mandou ele comer os chocolates porque podiam estar envenenados? - Vejo que não é tão burra, como eu imaginava. - Você é louco! “Se antes eu achava que minha vida era um inferno eu estava enganada. O poço sempre pode ser mais fundo, e quando você acha que as coisas podem piorar não se enganem... Elas podem, principalmente porque um psicopata chamado Donovan de Luca faz parte da minha vida...”.
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