bc

No Alvo do Delegado

book_age18+
64
FOLLOW
1K
READ
family
escape while being pregnant
age gap
opposites attract
police
drama
bxg
musclebear
brutal
like
intro-logo
Blurb

O delegado Marcelo Ávila, 37 anos, é conhecido tanto por sua rigidez na lei quanto pela frieza no trato com as pessoas. Solitário, m*l-humorado e com um passado que o ensinou a não confiar em ninguém, ele prefere manter distância de tudo que possa envolvimento emocional principalmente quando o assunto é favela e crime organizado.Bruna, 20 anos, trabalha numa lanchonete simples na Zona Sul e tenta levar uma vida honesta na Rocinha, onde mora com o pequeno Arthur, seu filho de 4 anos. Após perder os pais ainda na adolescência, ela luta para manter o menino longe da influência do tráfico. Mas há um detalhe que nem todos sabem: o pai de Arthur é Canário, um perigoso traficante local, recentemente preso numa emboscada armada pela polícia.Quando Marcelo entra em cena investigando uma rede de corrupção envolvendo a prisão de Canário, seus caminhos se cruzam com o de Bruna e o que parecia apenas mais uma testemunha logo se torna um enigma pessoal. Há algo em Bruna que o intriga… e o ameaça.Enquanto as investigações avançam e a pressão do morro aumenta, Marcelo descobre que o verdadeiro perigo talvez não esteja nas armas ou nas ordens do crime, mas no olhar de uma mulher que tem mais segredos do que aparenta.Uma história de tensão, escolhas difíceis, justiça… e uma atração que pode custar caro demais.

chap-preview
Free preview
CAPITULO 1
A favela dormia com os olhos abertos. Marcelo sabia disso. Três da manhã e ele já estava no alto da Rocinha, com o colete apertado no peito e o suor escorrendo pelas costas. Não era medo não sentia isso fazia tempo. Era algo mais primitivo: faro de quem sabe que está entrando na toca do inimigo. Canário estava ali. A informação era segura. E se tudo saísse como planejado, ele sairia algemado naquela noite. Mas o problema da favela é que nada nunca sai como planejado. Marcelo encostou-se no beco estreito, observando os agentes se posicionarem em silêncio. A viela fedia a mijo, sangue velho e fritura. O tipo de cheiro que grudava na roupa e na memória. Enquanto esperava o sinal, o delegado respirou fundo. A adrenalina sempre vinha antes. O coração batia no ritmo da missão. O dedo já coçava no gatilho. Foi então que ouviu: um barulho seco, estalado, no fundo do beco. Depois outro. Tiros. Curto, direto. Alguém tinha disparado antes da hora. A operação mergulhou no caos em segundos. Ele correu, arma em punho, rompendo a fumaça e os gritos abafados. Canário estava lá, rendido, um sorriso cínico rasgando o rosto sujo. Marcelo sentiu a raiva subir quente, mas se conteve. Teve vontade de perguntar se ele achava graça de estar vivo ou de saber que, mesmo preso, ainda era dono de alguma coisa naquele lugar. Canário olhou bem dentro dos olhos do delegado, como se enxergasse além do colete, além da farda, além da pose de durão. Com o rosto machucado e os lábios sujos de sangue, sorriu com os dentes amarelos e falou, calmo: - Tu pode até ter me pegado, doutor… mas tem coisa que nem algema segura. Eu saio. Sempre saio. E quando eu sair… não é você que vai sangrar primeiro. É quem você nem sabe que tá no meio do fogo. Canário está sentado no chão, algemado, com sangue no canto da boca. Marcelo está em pé, olhando de cima. Ao redor, dois PMs observam. A respiração de todos ainda está ofegante após a operação. Marcelo: - Acabou, Canário. O rei da favela vai dormir no presídio hoje. Canário (sorrindo, debochado): - Acabou? Tu acha mesmo que acabou? Essa guerra só muda de CEP, doutor... a bala continua voando, seja aqui ou lá dentro. Marcelo: - Você vai apodrecer preso. Acabou o tempo do seu teatro. Agora quem fala é a lei. Canário (encara Marcelo com calma): - Lei? A mesma que protege político corrupto, miliciano engravatado e policial que vende arma no morro? Cê sabe que essa sua lei aí não vale nada aqui. Marcelo (fecha a cara): - Fala enquanto ainda tem dente na boca, Canário. Canário (rindo de leve): - Aí, ó... É por isso que ninguém te respeita. Nem bandido, nem mulher. Tu é só pose, cara fechada, cheio de moral... mas vazio por dentro. Marcelo se aproxima, agacha-se diante dele, olhando firme. Marcelo: - Você fala demais. Quem grita muito é porque já perdeu. Canário (fala baixo, com tom ameaçador): - E quem acha que tá no controle... Tá sempre prestes a perder alguma coisa. Silêncio tenso. Canário sorri novamente, agora mais contido. Canário: - Me escuta bem, doutor... Tem gente sua no meu mundo. Gente que você nem imagina. Quando tu perceber... já vai ser tarde. Marcelo o encara, sério. E a fúria transborda seu olhar. Marcelo (duro): - Você tá blefando. Canário (olha pro chão, depois levanta os olhos com frieza): - Aí é que tá, doutor. Tu não tem certeza. Marcelo se levanta devagar. O olhar ainda fixo em Canário, mas agora já não é só raiva é inquietação. Ele vira as costas sem dizer uma palavra. Caminha até a lateral da viela, afastando-se dos policiais. Acende um cigarro com as mãos sujas de poeira e suor. Traga fundo. Encosta na parede e fecha os olhos por um instante. Marcelo (pensando): "Gente sua no meu mundo." O que ele quis dizer com isso? Traga de novo. Ele analisa mentalmente tudo: nomes, registros, os arredores da operação. Nada bate. Nada faz sentido ainda. Seu parceiro, inspetor Rafael, se aproxima. Rafael: - E aí, chefe… tudo certo? Vamos levar o lixo? Marcelo (sem tirar o cigarro da boca): - Leva. Cuida pra não dar show no caminho. Esse tipo adora plateia. Rafael (observando Marcelo): - Tá com cara de quem ouviu coisa que não queria. Marcelo (olhar distante): - Ele falou merda. Mas... às vezes a merda é só um jeito torto de dizer a verdade. Rafael franze o cenho, sem entender. Rafael: - Quer que eu anote? Marcelo (sorri de canto, seco): - Não. Só quero silêncio. Marcelo apaga o cigarro no muro, joga a bituca longe. Respira fundo. O olhar já não é só de autoridade. É de quem sentiu um fio solto... e agora precisa puxar. A viatura desliza pela orla quase deserta, faróis cortando o breu. Dentro, Marcelo está ao volante. O rádio está desligado. Nenhuma música. Nenhuma voz. Só o som dos pneus no asfalto e o zumbido da cidade que nunca dorme completamente. Ele mantém os olhos fixos na pista, mas o pensamento está longe. Marcelo (pensando): "Tem gente sua no meu mundo." A frase ecoava como um sussurro atravessando as costelas. Ele muda de faixa sem perceber. Aperta o volante. A cidade passa pelas janelas como um borrão: morros, postes, luzes, silhuetas de prédios. Tudo tão conhecido… mas, de repente, estranho. Flashback breve a expressão do Canário, o sorriso sujo, o olhar que não dizia tudo. Marcelo respira fundo. Bate duas vezes no volante com os dedos, inquieto. O celular vibra no painel: uma notificação qualquer. Ele nem olha. Chega ao seu apartamento na Glória. Prédio antigo, discreto. Estaciona, desce com passos pesados. Dentro do apartamento, silêncio absoluto. Um espaço frio, funcional. Sofá sem almofada, cozinha arrumada, poucos objetos pessoais. Nada que conte história. Nada que indique que alguém vive ali exceto o dono do casaco jogado na cadeira. Marcelo joga as chaves na bancada, tira o colete, joga a arma sobre a mesa com mais força do que deveria. Vai até a geladeira. Abre. Uma cerveja solitária. Ele a pega, mas muda de ideia. Fecha. Vai até a janela. Olha o céu escuro. Marcelo (pensando): - Ele falou como quem sabe. Como quem viu. Mas viu o quê? Uma lembrança aleatória um rosto feminino, de relance, na entrada da lanchonete próxima à favela. Olhos assustados, corpo pequeno, firme. Uma mulher carregando uma criança no colo. Ele viu. Por dois segundos. E então esqueceu. Até agora. Ele franze o cenho. Um incômodo cresce no peito o tipo de incômodo que a razão tenta calar, mas o instinto não deixa. Marcelo (em voz baixa): - Quem é você, Canário... pra achar que me conhece? Pausa. Silêncio. Ele sussurra, como se estivesse testando um nome que nem sabe ainda.

editor-pick
Dreame-Editor's pick

bc

Amor Proibido

read
5.3K
bc

De natal um vizinho

read
13.9K
bc

Primeira da Classe

read
14.1K
bc

Sanguinem

read
4.3K
bc

O Lobo Quebrado

read
121.6K
bc

Meu jogador

read
3.3K
bc

Kiera - Em Contraste com o Destino

read
5.8K

Scan code to download app

download_iosApp Store
google icon
Google Play
Facebook