3 meses depois
Luana Gonzaga Narrando
- Hoje faz três meses que o Vitor está internado, ele simplesmente não acorda e eu já não sei o que fazer, já dá para ver o sexo do bebê mas não quero ver sem ele, não é justo com ele. Minha mãe tem vindo sempre pra cá me ajudar e até a tia Cláudia, não tenho cabeça pra nada além da melhora dele, o médico diz que ele vai acordar no tempo dele, não tem nada que eles possam fazer, é só o corpo dele reagindo mesmo. Isso tá mexendo até com o Digão e a gestão do morro, ele não aceita colocar ninguém no lugar do Vitor, só tá trabalhando e não tem vontade de nada, a Caroline já não sabe o que fazer.
- Hoje dei um banho nele no leito mesmo, com um pano. A enfermeira disse que iria dar mas infelizmente eu sou muito ciumenta, então quem vai dar banho no meu marido sou eu. Essas putas aqui do morro já tentaram vir ver ele e o Digão botou para correr, se não eu iria matar elas, gente s*******o.
- A minha anemia passou, mas a médica diz que tenho que descansar, dormir confortável porque é importante pra gravidez, mas cade que eu consigo? Não consigo ficar em casa, quando tento ir descansar, fico rolando de um lado para o outro. Tudo me lembra ele, a casa fica vazia sem ele, na verdade não só a casa, a minha vida está vazia sem ele. Não tenho vontade de nada, o que estou passando não desejo pra ninguém, só estou me mantendo forte pela rede de apoio que tenho e pelo meu bebê.
- Minha barriga já está visível, pontuda marcando bem a minha. Meus s***s estão enormes e bem fartos, meu quadril largo e eu estou me sentindo a mulher mais feia do mundo, não consigo nem me olhar no espelho. Não tenho vontade de me cuidar, só penso na recuperação do Vitor. Tento conversar com ele, mesmo em coma, mas me sinto travada para isso. Mas hoje vou tentar mais uma vez, vai que ele me escute.
- Agora fico aqui no quarto com ele, ele não tem mais riscos de infecção. Estou aqui sentada segurando a mão dele fazendo carinho e tomando coragem para conversar com ele. Levantei e fiz um carinho em seu rosto e já fico emocionada, eu amo tanto esse homem. O semblante dele melhorou muito, agora ele está com a cara bem melhor e até gordinho. Totalmente diferente das primeiras semanas, ele estava meio roxo, com o olhar de sofrimento e inchado, foi um dos piores dias da minha vida.
Luana: Oi meu amor, que saudade que estou de você. Volta pra gente, tem tanta coisa linda que Deus reservou pra nós vivermos. Agora você vai ser papai, estamos esperando um bebê lindo e muito saudável que já te ama muito. A gente precisa de tempo, tem tantas coisas que quero te falar, você é o meu amor que cura, eu sou loucamente apaixonada por você. Eu te amo da forma mais linda e pura que existe. - Disse segurando as suas mãos e ele apertou, ele está me escutando, meu Deus. Comecei a chorar de nervoso e ao mesmo tempo felicidade. Fui chamar o médico para poder ver, eu não posso estar ficando maluca. Sai do quarto indo atrás do médico.
Luana: Dr eu falei algumas coisas pra ele e ele apertou minha mão. - Disse emocionada.
Dr Daniel: Isso é ótimo, Luana. Sinal que ele está escutando. Vamos lá que eu vou avaliar ele. - Falou indo em direção ao quarto comigo.
- Ele fez alguns exames de teste físico, passando uma régua nos pés e nas mãos para ver se ele tinha algum tipo de reação e nada. O médico foi até a altura da cabeça dele e ficou falando algumas coisas.
Dr Daniel: Oi Vitor, eu sou o seu médico, estou acompanhando o seu caso. Se você estiver me ouvindo, aperta a minha mão. - Falou segurando as mãos dele e esperando uma resposta e nada.
- Sentei me sentindo frustada e pensando se realmente ele apertou minha mão ou era algo que eu queria muito e idealizei como verdade.
Luana: Desculpa Dr, acho que me enganei. - Disse sentando na cadeira próximo ao Vitor.
Dr Daniel: Não desiste Luana, sempre fala com ele. Ele te escuta, essa é a melhor maneira de você trazer ele de volta. Vou atender outros pacientes, qualquer coisa só chamar. - Falou saindo do quarto.
- Fiquei pensando em tudo que se tornou a minha vida, algo que eu sempre quis foi ser mãe. Mas não dessa forma, a vida tem sido muito injusta comigo e com o Vitor, a gente não merecia passar por isso. Todo dia um sofrimento horrível em não vê-lo acordar, não responder nenhum tipo de sinal e o pior de tudo, não ver o bebê dele crescendo dentro de mim. Fiquei sentada fazendo carinho nas mãos dele e pedindo forças a Deus, e que isso tudo passe logo.