Capítulo 2

1399 Words
Dilan... Eu dei a volta no quarteirão e parei na rua de trás da casa dela, fiquei mais ou menos meia hora olhando pela fresta da janela da sala, enquanto ela acomodava as amigas, quando ela subiu para o quarto, subi em uma árvore que ficava próximo a janela, se desse sorte aquele seria o quarto dela. E dei. Ela entrou pela porta no mesmo instante em que eu me apoiei num galho mais firme e passei a observá-la. Ela foi até o banheiro, pelo pequeno vitrô, pude ver que ela tirava a blusa, mas a altura não permitia que eu visualizasse seu colo nu. Ela se abaixou o que indicava que ela havia tirado a calça. Virou-se de lado e abriu o chuveiro, eu soube pelo som da água batendo no chão.O banho foi rápido e logo ela estava de volta ao quarto, mas ainda enrolada na toalha, fechou a janela e as cortinas. Após alguns minutos vi a luz se apagando e desci da árvore. Ela não sairia, eu podia ficar sossegado. Fui para casa e dormi. Acordei as nove da manhã apesar de ter ido dormir mais de quatro.Tomei um banho rápido e sai. Tinha algo a resolver antes de ver Sara novamente. Passei em todos os lugares nos quais tive pistas do paradeiro de Cecília. Descobri que ela havia comprado uma passagem para o interior e viajaria essa noite.bPassei na frente da casa de Sara, ela cortava flores no jardim e quando me viu abriu um largo sorriso. Sara... As meninas já haviam ido embora quando acordei, deixaram apenas um bilhete agradecendo pela hospedagem e dizendo que preferiram não me acordar. Resolvi aproveitar o restante da manhã para cuidar do jardim. Passei mais tempo do que imaginei e quando já eram quase 13 hs finalmente terminei, me levantei e limpei a terra das mãos, então o vi, ele estava lá, do outro lado da rua me olhando. Sorri. - Oi. - Oi . Não resisti, e com a desculpa de saber se você e as meninas estavam bem resolvi dar uma passada. Fiz m*l? - Claro que não. Aceita um café? - Se não for atrapalhar. - disse ele apontando para as ferramentas. - Não, claro que não, eu guardo isso num instante. - Eu ajudo. Ele me ajudou a lavar as ferramentas e entramos. - Espere só um pouquinho. - Tá legal. Subi e tomei um banho rápido, em dez minutos estava colocando água no fogo para o café. - Biscoitos? - Não sou muito adepto de coisas industrializadas.- respondeu sorrindo. - Oh! Não, esses eu quem faço. Receita da mamãe. -Uma moça prendada, então? - Gosto de cozinhar, só que tem algumas coisas que preciso melhorar. - Talvez um curso ajude. - É uma boa ideia.- respondi enquanto despejava a água quente dentro do coador. - O cheiro está ótimo. - Obrigada. - Posso perguntar quantos anos tem? - 20. - E já mora sozinha? - Desde os dezessete, mas aqui moro há oito meses. Meus pais me emanciparam e sairam em turnê pelo mundo. -Eles são artistas? - Dançarinos, se apaixonaram no palco. - E você, porque não foi com eles? -Não sou assim, gosto de fincar raízes. Açucar? - Não, obrigado. Mas não sente a falta deles? - Sinto sim, mas de qualquer maneira, eles vem me visitar todo ano. -Legal. O café está ótimo, mas eu preciso ir. - Até. Dei um beijo desajeitado no rosto dele, que me segurou pelos ombros e me beijou, foi um selinho demorado, mas ainda assim aqueceu algo dentro de mim. Ele se afastou, como se tivesse feito algo errado. -Eu...sinto muito.Desculpe. - Tá tudo bem. - Eu preciso ir. Preciso mesmo ir. Saiu em disparada na direção da porta e a abriu. - Dilan? Ele se virou. -Quando nos veremos de novo? Ele sorriu. - Logo. E saiu pela porta me deixando nas nuvens. [...] - Ai Isis ele é muito fofo. - Hiiiii já tá assim é? - Ah! Sei lá Lucy, ele é muito gentil, só tenho medo dele ser igual ao Rafa. - Aquele garoto não é igual ao Rafa. Dilan... Eu estava do lado de fora do café onde a Sara estava com as duas. As olhava de dentro do carro que aluguei, um Audi branco, bem discreto. Fiquei o máximo que pude, mas precisava encontrar Cecília na rodoviária, e para isso precisava chegar primeiro do que ela. Li os lábios da negrinha, ela disse Dilan, Sara sorria, ela já estava na minha, eu podia confiar nela. Liguei o carro e sai, Cecília embarcaria as oito na plataforma dois, eu tinha que chegar antes. Parei o carro em um estacionamento qualquer e fui caminhando até o terminal Tiete. - Plataforma dois, moça, onde fica? - É aquela ali, que tem o ônibus verde parado. Sai sem agradecer, é obrigação dela dar informações. Parei em um quiosque e pedi um pão de queijo e um café, de onde eu estava poderia ver a hora que ela chegasse. Quando ela chegou, entregou a passagem ao motorista e entrou, ela estava assustada, olhava para todos os lados. Olhei a placa do ônibus e fui para o estacionamento pegar o carro, esperei até que visse a placa já conhecida. Liguei o motor e segui o ônibus, teve uma parada umas duas horas depois, vi as pessoas descerem do ônibus, mas não vi Cecília. Ela era branca, cabelos na altura da cintura e negros. Era muito linda,bgostei dela no momento em que a vi pela primeira vez. Ela estava no parque do Ibirapuera, andando de bike, cruzei o caminho da bike dela com a minha e nos dois trombamos, ela riu e passamos o resto do dia juntos. Ela era sozinha no mundo. Não era como Sara, que tinha seus pais e seus amigos, senti que precisava cuidar dela. Mas ela não soube agradecer. Cecília... Eu estava com medo, não via a hora de chegar lá, estar longe dele. Naquele dia que o conheci um ano atrás, não imaginei quem ele era. A primeira vez que ele me agrediu eu já passei a ter medo dele, eu fiquei com o rosto inchado por dias. Isso só porque eu havia dito que não comia carne, mas quando nos conhecemos eu havia dito a ele. O que Dilan tinha de bonito, tinha de maluco. Queria ir para longe dele. Na parada, não desci, rezava para o ônibus sair logo, quando alguém subiu. Ele estava com o capuz na cabeça, mas eu reconheceria aqueles passos até no breu completo. - Dilan.- sussurrei. Dilan... Quando notei que ela não sairia, resolvi que eu deveria entrar, subi no ônibus e olhei ao redor, no primeiro banco um casal se agarrava. Olhei f**o para eles e fiz sinal para que saissem, quando o olhar dela caiu sobre mim ela arregalou os olhos. - Ora, ora, ora. Quem eu encontro aqui.Tá indo para onde Cecília? - Eu...por favor Dilan, me deixe ir. - Deixo, querida, mas eu vou com você. - Não Dilan.-disse sacudindo a cabeça negando. - Você sabe que não pode fugir de mim, não é? - É Dilan, eu sei. - disse ela e se levantou. Eu segui atrás dela, indiquei onde estava o carro e ela entrou. Ela chorava. - Sabe que eu não gosto que chore. - É, eu sei, e sei também o que vai fazer comigo. Não, querida, não sabe. - Calma, querida, sabe que eu não quero que se machuque, só que você insiste em me deixar chateado. O caminho foi longo, demoramos mais de duas horas para chegar. Quando estacionei na garagem, Cecília já tremia. Agarrei seus longos cabelos e a arrastei até o porão. Ela já conhecia bem aquele local, já havia passado ali vezes o suficiente para temer até a menção ao lugar. A joguei no chão e ela se encolheu em um canto . Não suportava aquilo, ela era uma fraca, por que não se levantava? Daqui a pouco começaria a implorar e choramingar. Cecília... Ele me pegou pelos cabelos, novamente, me tirando do canto onde me encolhi. Me acertou vários tapas no rosto, eu cai e ele me acertou repetidos socos no estômago. Eu sentia muita dor, passeava entre a consciência e a inconsciência. Senti, uma dor lancinante nas costelas e notei que ele tinha um taco de beisebol nas mãos. Apaguei. Dilan... Quando ela finalmente apagou, senti sua pulsação, ela ainda estava viva, não iria matá-la agora, não com ela inconsciente, isso foi apenas para descontar a minha raiva. Quando ela estiver acordada ela vai saber como eu me senti com o sumiço dela.
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