Deixe-me ir 2

Capítulo 3

- Rodrigo? –Eu pergunto surpresa, e ele sorri.

- Oi. – ele está com um copo de café na mão – Você está linda! – sorrio

-Obrigada. Como você está?

- Estou bem, bem.. Tentando me manter acordado. – ele ergue o copo de café

Ele sorri para mim e eu retribuo. Faz algum tempo que não encontro Rodrigo.. Desde uma viagem a negócios que precisei fazer ano passado. Ele está bonito, atraente, não posso negar.

-E quem é esse meninão lindo? – ele abaixa para falar com Bernardo

- Diz seu nome para ele, filho

- Sou Bernardo. – diz tímido

-Eu sou o Rodrigo, tudo bem? – ele levanta a mãozinha e Bernardo bate

- Hoje é meu primeiro dia na escola.

-Mesmo? Que bacana! Eu sinto falta da escola.

-Você não vai mais a escola?

- Não amor, quando você fica adulto não precisa mais ir para escola.

- Ah..

- Aproveita para se divertir bastante, valeu? – Bernardo se anima conversando com ele e eu sorrio

- Precisamos ir agora, ele vai chegar atrasado.-Eu digo.

- Ah sim, desculpa, estou empatando vocês.

-Imagina. – sorrio – Foi bom te rever.

- Digo o mesmo. – ele sorri e me cumprimenta com um beijo na bochecha, beijando a cabeça de Bernardo antes de ir embora. – A gente se vê. – ele sorri e eu assenti

Eu continuo andando com Bernardo até a porta da escola.

-Quem era ele, mamãe?

- Um amigo, de muito tempo. Gostou dele?

- É legal.

Deixo Bernardo na porta da salinha de aula. Me abaixo para falar com ele.

- Bebê, mamãe já vai. – ele me olha atendo e inseguro – Não fica assim. – mexo no nariz dele – Lembra do que conversamos, você vai se divertir bastante e quando você menos esperar, mamãe já está aqui de novo para te buscar.

- Promete?

- Prometo! – ele me abraça apertado e eu afago seus cabelos

-Eu te amo, mamãe. Diz ao papai que também amo ele.

- Eu também te amo, filho. E seu pai também. – beijo sua testinha – Agora vai brincar. – ele sorri e sai animado.

Eu me levanto abraçando o corpo e, depois de observar ele brincando com as crianças um pouco, vou embora, sentindo sozinha, deixando uma parte de mim. Volto para casa e sinto lagrimas pesadas desabarem enquanto dirijo. Jack nem ligou, nem se importou, nem fez questão de saber.. Sinceramente esperava que mesmo com tudo ele viesse, a consciência pesasse e ele aparecesse aqui. Mas não. Ele deu a mínima. O elevador para na cobertura e eu vou direto para o apartamento da Lara, chorando um pouquinho quando ela me abraça.

- Meu Deus! Que foi, Rebecca? – ela segura meu rosto.

- Jack... – murmuro, sem conseguir dizer mais nada.

- O que esse i****a fez?

- Ele tá estranho, Lara. Não consigo mais reconhecer!

- Ele não foi mesmo levar Bernardo na escola?

-Ele nem ligou para perguntar como foi, se ele chorou, ou ficou feliz. E não é só isso, sei lá, de uns tempo para cá, ele anda.. Sei lá, distante.

- Que babaca!

- O homem que eu me casei largou o que estava fazendo, a gravação que fosse e pegou o primeiro voo para me ver na Sérvia. Ele quase perdeu contratos importantes por faltar gravações para me ajudar. Ele colocava a família em primeiro lugar. O que eu fiz de errado para ele mudar assim? – fungo, nervosa

- Rebecca, se o Jack está agindo como um babaca a culpa não é sua. Dá um tempo para ele, dá uma dura, ele precisa se tocar do que está fazendo. Você acha que ele tá com problemas?

- Acho que ele me contaria, mas.. Não me disse nada até agora. Pode ser que tenha acontecido sim, ele nunca foi assim, mas.. Por que não me disse?

- Homens são estranhos, você sabe. Jack então.. – ela revira os olhos – Não estraga seu dia por ele. Vem cá..

Ele me leva para cozinha e me dá um suco com calmante. Conversamos sobre a ajuda que ela quer amanhã. Quando ela me contou eu quase morri de rir. Ela não quer ir sozinha levar Luna para tomar vacina, sempre a mãe dela que leva, ou Robert, mas dessa vez ninguém pode e ela tem pavor de vacina e do choro da Luna também. Eu gargalho e ela fica sem graça. Não acredito que desmarquei reunião por isso, só Lara mesmo. Pelo menos eu me distrai, dei risadas, coisas que ultimamente só Lara e Bernardo conseguem.

Estou na sala lendo um livro quando Jack chega, aparentemente exausto. Eu o ignoro. Ele vai tomar um banho, passa para a cozinha, me olhando de r**o de olho e eu ignoro, ele bebe água e vem até mim.

- Rebecca?-Ele pergunta.

- Oi. – digo sem tirar os olhos do livro

- Eu vou viajar.

-Boa viagem. – continuo ignorando-o.

- Pode olhar para mim. – diz duro, eu levanto o olhar para ele – Obrigado.

- Boa viagem.

-É só isso que você tem para me dizer? Não vai perguntar nada?

- Adianta eu perguntar algo? Quero te dizer também para pelo menos se despedir e dar satisfação para o seu filho. Pois ele te ama e sofre com sua ausência.

- Só ele?

- Eu também. Mas ultimamente você tem ignorado isso, nada mais justo que eu ignorar também. Mais alguma coisa?

-São por 4 semanas.

- Boa viagem. – digo dura e viro as costas, saindo de casa para buscar Bernardo na escola

Saio arrasada! Mas ainda sim fico forte pelo Bernardo. Não entendo, juro que não entendo essa mudança de atitude do Jack. Bernardo vem correndo na minha direção com um sorriso enormeeeee no rosto e um papel na mão. Eu me abaixo, pegando-o no colo.

- Meu amor! Que saudade! – ele me abraça apertado

- Também, mamãe

- O que é isso na sua mão? – ele me mostra um desenho – Que lindo! Você que fez. – ele assente – E o que é?

- Eu, você e papai jogando bola.

Eu paro para observar o desenho e lhe dou um beijo estalado na bochecha.

-Você desenha muito bem! Se divertiu bastante? - ele confirma - Então tá! Vamos embora?

- Papai não veio? – ele me olha esperançoso

- Ele chegou muito cansado. – faço biquinho – Que você acha de um Mc Donalds antes de irmos para casa?

- EBAAA!!