Seus amigos pareceram acreditar, voltando a atenção em outros assuntos paralelos. Levi estava se sentindo péssimo por quase não participar das conversas ou sorrir como costuma, sua cabeça só estava lotada demais para conseguir ser legal no seu próprio aniversário.
Enquanto Bianca conduzia um assunto sobre uma colega de trabalho que ela disse ser insuportável, Levi estava pronto para digitar o nome de Dakota na barra de pesquisa do i********:.
Não tinha muito como achar facilmente o perfil dela já que um sobrenome era importante. Porém, rolando um pouco, tinha uma que ele sabia que era ela. Quase comemorou quando viu que o perfil era aberto.
A última publicação tinha sido há 4 horas, uma foto dela e de Dominic no shopping, antes de Levi virar o mundo dela e o seu de ponta cabeça.
Ele devia deixar aquilo de lado e aproveitar a noite, mas quando Dakota voltou com alguns pedidos, ele se lembrou de que não poderia simplesmente deixá-la sumir, levando o filho consigo.
Que horas acabava o expediente dela?
(...)
Levi teve que dizer que teria que passar na casa dos pais para buscar algo. Depois de uma volta no quarteirão, ele estacionou no mesmo lugar de antes e esperou no carro.
Algumas longas partidas de jogos de aplicativo, mais um pouco de redes sociais e finalmente o som de coisas sendo arrumadas e portas sendo fechadas. Desceu do carro, se encostou na porta do passageiro e esperou pacientemente até ver Dakota sair. Se ele estivesse certo, ela passaria por ele para ir para casa. Isso se ela estivesse a pé.
A primeira coisa que ela fez ao ver Levi foi parar e suspirar. Dakota voltou a andar, sem ter a intenção de ficar e conversar com ele.
— Vai ser rápido — ele parou na frente dela. — Eu juro que vai ser rápido.
Dakota suspirou outra vez, cruzando os braços e o permitindo falar.
— Não estou perseguindo você.
— Pode parecer que sim se você continuar fazendo isso.
Levi não respondeu.
— Você decidiu?
— Não.
— Tudo bem. Eu só queria conversar com você sobre o que vamos fazer caso você aceite.
Dakota pensou em responder que eles fariam o teste se ela aceitasse, mas ele parecia estar realmente incomodado com isso tudo. Tudo bem, ele engravidou uma menina que nem fazia ideia do nome, mas não merecia ficar tão pertubado com algo que ele estava disposto a resolver.
— Podemos nos encontrar amanhã, se der pra você — ela sugeriu, e ele foi rápido em não fazê-la mudar de ideia:
— Onde?
Boa pergunta. Mas ela escolher era a única opção, não daria essa escolha para ele. Iria decidir o horário também, se possível.
— No Ibirapuera. Às 10h dá pra você?
— Beleza. Te encontro na entrada, tudo bem?
Dakota fez que sim, descruzando os braços só para esfregar as mãos neles. Esfriou mais do que ela esperava.
— Bom, boa noite, Levi.
Assim que deu o primeiro passo, Levi a chamou outra vez. Dakota o olhou, virando o corpo para ele.
— Posso te levar em casa.
Dakota ergueu as sobrancelhas.
— Não, não, eu tô bem. Não precisa.
— É perigoso a essa hora. Ainda mais pra uma mulher.
Ele tinha razão. A casa de Dakota não era tão longe, mas ainda era perigoso.
— Posso pedir um Uber.
Os olhos de Levi foram de um lado para o outro.
— Não deixa de ser perigoso.
Dakota cruzou os braços outra vez.
— Também pode ser perigoso ir com você. Eu m*l te conheço.
Era verdade.
— É, mas só de eu querer ser o pai do seu filho não é motivo pra confiar em mim?
— Na verdade, é só mais um motivo pra eu colocar o seu nome no Google e descobrir tudo sobre a sua vida no f*******: da sua mãe e depois te perguntar pra saber se as coisas batem.
Levi semicerrou os olhos.
— Eu não vou relar em você. Só acho que você não deve ter muito como se defender caso um homem com 2x o seu tamanho tente fazer alguma coisa. O mundo é assim.
— O mundo é h******l. E agora eu estou morrendo de medo de ter que voltar pra casa sozinha.
Ele suspirou, erguendo as mãos em rendição.
— Eu não vou fazer nada com você, no fundo você deve saber disso, mas tem medo e é normal, a gente não se conhece. Enfim, eu vou ser o pai do filho, poderia começar a confiar em mim.
O queixo de Dakota caiu.
— Você ainda não sabe se vai ser o pai do meu filho. E segundo, eu literalmente te conheci hoje.
— Eu sei. Eu também te conheci hoje. Mas a gente nunca vai se conhecer de verdade se você não aceitar me conhecer.
— Eu acabei de falar que vamos nos encontrar amanhã!
— E não acha que me deixar te levar pra casa seria uma boa ação? — Era difícil pensar com a cabeça dela enquanto ela o olhava com uma cara atrevida e ficava lindamente atraente. Ele nunca passou pelo o que ela já deve ter passado, e parecia sensato oferecer carona. — Olha, eu não vou te fazer nada, só não vou conseguir dormir pensando que talvez eu tenha um filho e que talvez ele fique sem mãe porque ela é teimosa pra c*****o.
Dakota quis revirar os olhos uma dúzia de vezes.
— Eu devia ser mais teimosa só porque você me chamou de teimosa pra c*****o. E ok, eu aceito a carona, só porque você parece estar sendo sincero.
Levi pensou seriamente em fazer uma piada de que Ted Bundy também parecia sincero, só que aterrorizar ela com isso não parecia certo. Então, ele apenas abriu a porta do carro para ela e piscou antes de fechá-la.
— Eu não devia ter te chamado de teimosa pra c*****o.
Dakota não olhou para ele.
— Ah, é?
— Sim. Acho que não deve ser fácil confiar em um homem estranho no meio da noite.
Ela soltou o ar, o peso nas suas costas aliviaram.
— Exatamente isso. Não é tão simples.
— Foi m*l.
Dakota ergueu os ombros, dizendo que estava tudo bem. Estava tudo bem, algo a deixava acreditar que nada aconteceria.
— Mas nunca entre no carro de um cara que você não conhece. Sua maluca.
— Ah, relaxe. Eu só entrei no seu carro porque você insistiu pra c****e e porque eu estou disposta a confiar. Você não disse que vai ser o pai do meu filho?
Levi tentou reprimir um sorriso. Alguém parecia bem disposta a pensar sobre o assunto.
— Você falando assim me faz querer marcar o exame de DNA.
— Eu ainda não dei a resposta.
Ele sorriu, batucando os dedos no volante.
— É, ainda não, mas não parece que vai demorar muito.
Dakota revirou os olhos. Em momento algum desde que entrou no carro, ela olhou para ele ou tentou manter um contato visual. Levi, por sua vez, tentava captar qualquer coisa que ela fizesse.
O cheiro dela era ótimo. As roupas deviam estar cheirando a dia de trabalho em boteco, mas ainda tinha um cheiro adocicado de perfume característico de mulheres cheirosas.
O silêncio no carro ficou confortável, o que eles não esperavam já que se conheciam a tão pouco tempo. Mas nenhum dos dois falou nada para mudar.