Levi estacionou em uma boa vaga, perto o suficiente para que ela não andasse muito com um bebê pesado. Foi o que ela pensou, até ver Levi a esperando para tirar Dominic do banquinho.
Talvez ele quisesse ser pai mais do que qualquer um esperava.
— Você quer carregar ele?
— Eu posso?
Depois de ter carregado ele no parque, comprado presente e a levado até o mercado, o que seria carregar ele mais um pouco? Dakota deu de ombros, lhe entregando Dominic.
O sorriso que Dominic abriu para Levi não passou despercebido, e muito menos como Levi reagiu ao sorriso. Ele parecia tão apaixonado e com certeza não estava nem aí para o que Dakota podia pensar.
E Dakota não sabia o que pensar sobre aquilo. Só era… adorável.
— Quer que eu pegue o carrinho?
— Eu pego. Suas mãos estão ocupadas.
Dakota escolheu o carrinho que Dominic poderia se sentar, apesar de Levi parecer bem confortável com Dom em seus braços.
— Então… — Dakota começou, escolhendo o corredor para as frutas e verduras antes de continuar: — você já contou pra todo o seu ciclo social ou vai esperar o resultado?
— Só os meus pais sabem. Meus amigos vão saber quando eu tiver uma história boa pra contar. Vai ser boa nas duas versões, não acha?
Enquanto apertava uma maçã, ela tentava focar só nas palavras que não fossem piadinhas. Era um pouco difícil.
— Vai ser bem legal contar pra eles que fez um teste de DNA e…
— … que eu já sabia ser positivo porque o garoto parece minha reencarnação e eu nem morri.
Teve que morder o canto da bochecha depois de deixar um sorrisinho escapar. Levi com certeza tinha notado, o sorriso no rosto dele não o deixaria mentir nem se quisesse.
— Você não consegue não ser um engraçadinho, não é? — Olhou para ele, apoiando uma mão no quadril e o quadril apoiado na banca com as maçãs.
Se inclinando na direção dela, Levi falou, com o rosto perto o suficiente para que ela olhasse bem nos olhos dele:
— E, aparentemente, você gosta.
Dakota revirou os olhos. Ignorá-lo era a melhor opção. Enquanto ela ficava quieta, escolhendo suas hortaliças, Levi tentava manter o foco em qualquer outra coisa que não fosse única e exclusivamente ela.
Bonita demais para não ser admirada.
Bonita demais para admirar demais.
Levi encostou a testa no topo da cabeça de Dominic. Estava ali por ele, não pela mãe dele. Mesmo ela sendo muito bonita, muito atraente, mandona e teimosa… isso nem devia ser um adjetivo.
— A sua mãe vai me m***r. Eu não devo durar um mês sã e salvo.
Dominic abriu um sorriso banguela. Ele era precioso demais, era fato. Se acontecesse de dar negativo, teria sido uma boa experiência poder participar daqueles momentos.
Era possível se apaixonar em pouco tempo?
Levi nem mesmo tinha certeza do que era o amor.
— Você vem?
Dakota o fez sair do transe. Ela colocou as verduras, legumes e frutas que tinha pegado no pouco tempo que Levi ficou pensando. Já estava agindo como uma mãe, era rápida e fazia mais de uma coisa ao mesmo tempo.
Existiam chances de que as mulheres nascem assim e fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo esteja no DNA de todas. Ou quase todas, pelo menos.
— Claro.
Antes que eles tivessem qualquer chance de chegar ao corredor de farinhas e temperos, Levi parou abruptamente. Ele segurou o cotovelo de Dakota antes que ela desse mais um passo.
— O que tá fazendo?
Era óbvio que ela iria franzir a testa e ficar encarando ele até que houvesse uma resposta.
— Minhas amigas estão aqui — soltou o braço dela, dando mais um passo para trás só até ficar entre os corredores, tentando não ser visto — Não quero que elas descubram agora. E muito menos dentro de um supermercado.
Dakota semicerrou os olhos na direção dele.
— Ta — suspirou. — Me dá ele, eu vou terminar de pegar as coisas e você pode, sei lá, voltar pro carro.
— Tá louquinha pra se livrar de mim, né Dakota?
— Acertou. — ela olhou para dentro do corredor.
— Eu devia te deixar pra trás…
— Shi! Elas estão vindo nessa direção.
Levi ainda estava terminando de raciocinar enquanto Dakota já entrava no setor, tentando não deixar o rosto de Dominic muito aparente. Olhou para trás só para ver se Levi a seguiu.
Talvez ele fosse embora. Talvez ele falasse com as amigas dele. Talvez ele tivesse escapado delas.
Com cuidado, Dakota colocou Dominic sentado na cadeirinha do carrinho de compras.
— Vai ser só um momentinho, ok? Fica difícil segurar você e escolher essas coisas.
Dominic ficou quieto, e então, como um bebê que preferia o colo da mãe do que um banco desconhecido e frio, ele começou a fazer bico para chorar.
Esses eram os momentos que ela precisava daquele gigante engraçadinho. E eram nesses momentos que ele sumia porque não tinha contado que possivelmente era pai para nenhum dos amigos.
Dominic ficou vermelho, o lábio inferior aumentava em um bico choroso até uma lágrima escorrer e o choro romper em plenos pulmões. Não era uma birra, mas ele estava chorando, o que já era suficiente para fazê-la querer pegá-lo no colo e acalmá-lo.
Deixou a farinha de aveia no carrinho, virando-se para pegar Dominic. Como num passe de mágica, tipo o super-homem, Levi apareceu e fez um carinho na cabeça do pequeno. Isso não resolveria, mas pelo menos ela não estava mais sozinha.
Daria conta, porém, não podia negar que seria mais fácil com ajuda.
Dakota o pegou no colo, o balançando e o acalmando, ouvindo seu choro ir diminuindo aos poucos enquanto repetia um shh baixinho.
— O que fez pra ele?
Ah, se um olhar pudesse m***r…
— Deixa que eu fico com ele enquanto você termina suas compras.
— E as suas amigas? — Ela ainda afagava a cabeça de Dominic.
— Vi elas irem pro caixa e não vai demorar muito pra irem embora.
— Pensei que fosse falar com elas.
— Não, era capaz delas pedirem carona. Em outro dia eu não me importaria, mas hoje não dá, não — alguém ia mesmo ser um Uber particular. — Me passa ele, eu posso deixá-lo tranquilo. — Eu acho, quis completar, mas não queria parecer inseguro na frente dela.
Dakota tinha toda a confiança que ele podia esperar de uma mãe. Ela parecia saber de tudo e ter um jeito para tudo. Não a conhecia há muito tempo, mas parecia o suficiente para saber isso.
Dominic não reclamou de voltar para o colo de Levi. Não estava mais chorando, já estava entretido, olhando tudo à sua volta enquanto sugava a chupeta com força. Levi nem sabia que era possível achar fofo um bebê chupando chupeta.
No caminho de volta, Dakota foi no banco de trás só porque Dominic não queria ficar fora do colo de nenhum dos dois. Podia ver que Levi sempre olhava para eles pelo espelho.
Levi carregou as compras para Dakota até o seu apartamento. Segundo ele, isso também não era negociável. Não custava para ele carregar as sacolas para ela.
Antes de sair, ele deu um beijo em Dominic e disse que voltaria dali uns dias. Dominic estava quieto, mas abriu um sorriso para o mais velho, e aquela sensação no peito era completamente nova, inesperada e… boa.
Muito boa.
— Eu te aviso o dia que vamos à clínica.
Dakota assentiu.
— Certo. — ela abriu um sorriso pequeno. — Tenha bons dias até lá, então.
— Vocês também — ele sorriu, completamente diferente dos outros sorrisos. Esse parecia tão acanhado e pequeno. Tão tímido e diferente do que ele geralmente mostrava. — Se cuida, Dakota.
Deu dois passos para trás, saindo do batente da porta.
— Você também, Levi.