Dakota o surpreendeu ao iniciar o assunto. Seus olhos pálidos saíram do rosto de Dominic para o de Levi.
Levi sentiu sua respiração quase falhar.
— Eu aceito que você faça o teste.
O ar que passou pelos lábios dele não surpreendeu Dakota. Seus ombros relaxaram e seu rosto suavizou.
— Obrigado.
— Tenho algumas condições.
— Eu já esperava que tivesse. Quais são?
Dakota passou a língua pelos lábios secos antes de começar a falar.
— Se o resultado for positivo, eu não quero que você seja um pai que só manda dinheiro e m*l se lembra do aniversário do filho. Meu filho precisa de um pai presente, e se você não estiver disposto a ser esse pai, eu posso fazer isso sozinha. Não quero que fique só por ele ser biologicamente seu.
Levi assentiu.
— Eu pensei bastante sobre isso ontem. E você está certa. Não seria certo eu entrar na vida dele sem ser um bom exemplo futuramente. Se ele for meu filho, quero que ele tenha o meu nome e quero poder estar presente na vida dele.
— Tudo bem. É justo — Levi ajeitou Dominic em seu colo, ele não parava de se mexer. Bebês não são nada quietos — Certo… eu trabalho a noite e ele fica com uma amiga, mas você pode ver ele sempre que quiser.
Ele pensou um pouco.
— Posso ficar com ele algumas noites e pagamos a sua amiga nas outras.
Dakota semicerrou os olhos.
— Você não vai querer sair como deve fazer?
— Sim, mas eu também vou ser o pai dele, então é uma responsabilidade. Você não faria a mesma coisa?
— Hm… — ele parecia mais apto a tudo do que ela imaginava. — Certo. Pode ficar com ele em algumas noites e eu pego ele pra dormir em casa, pode ser?
Levi fez que sim, olhando Dominic brincar com o relógio em seu pulso.
— Você não trabalhava no orfanato que ele foi deixado?
Dakota ficou surpresa por ele se lembrar.
— Sim, estou de férias.
— Então você vai trabalhar lá pela manhã e à noite no boteco?
— Eu vou pedir a conta de um dos dois, ainda não sei bem qual.
Ela estava pensando em sair do boteco, já que durante a noite poderia ficar com Dominic. Era uma ideia mais sensata.
— Eu sei que não pediu minha opinião, mas eu acho que o trabalho à noite é o que você deveria escolher — ele ergueu o rosto para ela. — Escolher pra deixar, no caso.
Talvez fosse mesmo a mais sensata.
— Foi a que eu cogitei.
— É a mais sensata.
Sim, é a mais sensata.
— Enfim, vou vincular um pagamento direto pra sua conta todo mês com o valor da pensão. Posso ficar com ele sempre que você precisar, se ele não puder, a minha mãe pode se for tudo bem pra você.
A mãe dele. A mãe dele parecia querer ser avó no momento em que viu Dominic. Eles teriam que conviver com a família dele, querendo ou não.
— Tudo bem — Dominic estava mesmo confortável no colo de Levi. Não reclamou nem um minuto — Estamos decidindo tudo como se já tivéssemos o resultado.
— Eu já sei que ele é meu filho. Nós temos uma conexão. Acho que até já nos amamos.
Dakota riu. Por Deus, ele estava sendo um amor com essa situação toda.
— Você pode marcar o exame e nós vamos aparecer no dia.
— Ok — seu sorriso para Dominic não sumia, ele estava sempre sorrindo para o pequeno — Até que dia você vai continuar trabalhando à noite?
— Talvez eu cumpra o aviso prévio.
— Vou te levar pra casa nesses dias, então.
Dakota o encarou no mesmo segundo.
— O quê? Nem pensar!
Levi revirou os olhos para ela. Teimosa.
— É perigoso, não vou deixar o meu filho sem uma mãe. Não vai ser negociável isso.
— Você quem decide por mim agora?
— Teimosa pra p***a — resmungou.
— Hm?
— Sua mãe é teimosa para um c*****o, garotão.
Dessa vez foi Dakota quem revirou os olhos.
— Não é negociável. Vou te levar pra casa porque é perigoso.
Parecia oficial: ele não iria largar o osso.
— Ok, você me leva pra casa nesses dias. Já que parece impossível te fazer desistir.
— Quando eu coloco uma coisa na cabeça, não é muito fácil tirar.
Ah, Dakota já sabia disso. Já sabia muito bem.
— Você trabalha? — Perguntou ela.
Levi a olhou com um ar de riso. Ele não parecia tanto um filhinho de papai, não é?
— Sim.
— Desculpa, é que você parece filhinho de papai. — sorriu, mas isso não irritou Levi, ele apenas ergueu uma sobrancelha e sorriu para Dakota.
— Eu sou contador. Trabalho pra uma galera.
Fome ele nunca passaria. Dakota não quis especular mais, só saber que ele não dependia dos pais já era boa coisa. Com 25 anos é de se esperar que um homem já tenha ao menos um trabalho.
— E quantos anos você tem, Dakota?
Devia ter imaginado que ele perguntaria de volta.
— 26. Faço 27 em dezembro.
Levi a encarou.
— Como é que é?
— Tenho 26 anos…
— E como isso é possível? Achei que você tinha uns 23.
Dakota se forçou a não sorrir para ele.
— Meus pais se adiantaram.
Levi voltou a olhar para Dominic em seu colo, murmurando:
— Fizeram bem feito, isso sim.
Dakota não entendeu.
— O que disse?
— Nada não — ele pegou o celular no bolso da calça. — Vou tirar uma foto sua, bonitão… ajuda o papai e abre um sorrisão.
Não tinha mais o que fazer, ele já estava conformado de que era o pai de Dominic. Dakota nem mesmo comentou sobre essa certeza, parecia impossível discordar e dizer que não tinham algum parentesco.
Ele já estava se envolvendo tanto também, parecia tão difícil negar o que ele estava possivelmente sentindo.
Que complicação.