Dallas estava fazendo a cara que Dakota havia batizado de: você bateu a cabeça?
Suas duas sobrancelhas estavam arqueadas, uma ligeiramente para cima e a outra para baixo. Seus olhos piscavam com lentidão e seus lábios se moviam vez ou outra como se ele fosse proferir alguma coisa. Nada saia da boca dele.
Os olhos pálidos de Dallas foram para seu pai, que olhava para a mesa e mantinha a mão na boca, pensando sobre o que Dakota tinha lhe falado.
— Tem certeza de que pode confiar nele?
Foi a primeira coisa que seu pai disse desde que ela contou que Levi apareceu na sua vida e agora quer um teste de DNA. Parecia muito mais estranho quando ela se ouviu contando para eles.
— Bom… — ela não tinha ideia se Levi era confiável. Dakota só havia pesquisado um pouco sobre ele para descobrir que o pai é advogado e atualmente atua como promotor, que a mãe é Doutora em neurociência e que ele é contador. — Eles são bem ricos.
— Dinheiro não é nosso problema agora, Dada — disse Joaquim, ajeitando o corpo na cadeira para olhá-la melhor.
Dakota não era rica. Seu pai tinha sim uma condição boa, uma vida estável, mas não podia dizer que eram ricos como Levi aparentava ser. E, bem, ela não morava e nem dependia mais do pai.
— Eu sei, mas… eu quero que o meu filho tenha um pai, quero que ele cresça com uma boa condição e em um ambiente saudável, talvez Levi possa oferecer isso também. E seria ótimo pro Dom se nós dois fizéssemos isso dar certo.
Agora ela estava tentando convencer a eles sobre um cara que quer assumir a paternidade de seu filho.
Joaquim suspirou, olhou para Dallas e depois para Dakota.
— Que dia vai ser o teste?
— Hoje a tarde.
— Hoje? Já?
— Sim, vamos fazer o teste e descobrir o mais rápido possível.
O mais rápido possível queria dizer em torno de 14 dias.
— Quer que eu te acompanhe? — Perguntou Dallas, disposto a ajudá-la.
— Pode ser. Vai ser bom ter alguém.
— Então eu mesmo vou. — seu pai disse, decidido. Dakota sabia que nada faria ele mudar de ideia, e ela gostava de tê-lo por perto. — Dallas nos leva e eu conheço de uma vez essa gente aí. Tenho um filtro muito bom.
Joaquim ficou de pé, dando as costas para os dois e indo para dentro da casa. Ele já ia se arrumar e ficar pronto para quando saíssem.
Com um toque, o celular de Dakota acendeu a tela. O nome de Levi brilhou, indicando uma mensagem de texto rápida:
Levi:
Precisa de carona?
Normalmente ele era um pouco mais animado nas mensagens. Não que eles trocassem muitas, mas as poucas que trocaram, não faltavam gracinhas da parte dele.
Dakota:
Meu irmão vai me levar
Mas obrigada
Ela adicionou, rapidamente, só para cutucar um pouco:
Dakota:
E bom dia, aliás :)
Levi visualizou, porém, uma resposta não veio. Dakota mirou a câmera em Dominic dormindo no carrinho, talvez isso o animasse.
— Ele pede fotos do menino? — Dallas quis saber, interessado naquilo.
— Sempre.
Dakota enviou a foto, cerca de um minuto depois, ele respondeu:
Levi:
Bom dia
E depois:
Levi
To nervoso, foi mal
E também:
Levi:
Pqp acho que to com saudade dele
Quem diria
Dakota:
Acho que ninguém diria
Ah, ele ama a lontra!
Levi:
Acho que eu amo ele
Um sorriso genuíno brotou nos lábios de Dakota. Ele provavelmente não conhecia o amor incondicional ainda, devia ter dúvidas sobre como era.
Dallas franziu as sobrancelhas, atento às expressões de sua irmã.
Dakota:
Bem-vindo ao time
(…)
Dallas ficou no carro, Joaquim já era companhia o bastante para Dakota. Seu pai queria conhecer a família do talvez futuro pai de seu neto, seu olhar seria minucioso nos mínimos detalhes, o dinheiro não estava entrando em questão.
Levi ficou de pé ao ver Dakota entrar. Dominic ainda dormia em seu colo, ele não tinha certeza se aquilo que estava sentindo era alívio ao ver o menino. Era algo diferente. Novo. Totalmente diferente e novo. Único.
Dakota sorriu para Paola, a cumprimentando com um aceno de mão. Joaquim os analisou com cuidado, logo se aproximando para se apresentar.
— Esse é o meu pai. Pai, esse é o Levi e a Paola, a mãe dele.
— Muito prazer, senhor Hyuuga. — estendeu a mão para o mais velho, um pouco nervoso.
— Prazer. Queria mesmo te conhecer.
Paola sorriu para ele e apertou sua mão, educada e gentil como sempre costumava ser. Levi tirou os olhos do patriarca por alguns segundos, olhou para Dakota, que o olhava com alguma expressão que ele não sabia bem decifrar.
— Como ele está? — Olhou Dominic, confortável no colo da mãe.
— Bem. — afastou uma mecha loira da testa do pequeno. — Quer pegar?
— Melhor não. Ele tá tão quietinho…
Aquilo não convenceu Dakota.
— Se souber pegar, ele continua dormindo e você só vai aproveitar o soninho dele.
Levi olhou para o menino. Tão calmo, sereno e meigo…
— Tudo bem, me deixa pegar.
Com cuidado, Dakota passou Dominic para o braço dele. Um resmungo quase fez Levi parar, foi só ajeitá-lo no colo que nada mudou.
Um sorriso se abriu, encantado. Olhou para sua mãe, um pouco orgulhoso por estar sendo fácil segurar um bebê dormindo. No geral, Levi tem medo de segurar bebês e evita pegar o filho dos outros no colo. Porém, aquele era seu filho, e ele precisaria aprender muitas outras coisas.
— Vai tirar o sangue dele? — Levi perguntou, meio receoso.
— Pode ser saliva também.
— Ele tá tão quietinho… que dó de ter que tirar o sangue. Saliva é mais inofensivo e ele pode continuar dormindo.
Dakota assentiu, levou a mão para acariciar a bochecha de Dominic, passando os dedos delicadamente pelas marcas de nascença idênticas às de Levi. Parece tão i****a fazer um teste quando se tem tantas coincidências.
A enfermeira sorriu para eles.
— Quem vai fazer o teste?
— Nós dois. — Levi disse.
A enfermeira olhou para ele, depois olhou para o bebê. Ela sorriu forçadamente.