Capitulo Dois

4914 Words
CAPÍTULO 2 De manhã na casa dos Fernandes estava uma correria só. Empregados andando pra lá e pra cá, com mesas e comidas. -Já lavou os cachorros? - Luana me pergunta. -Não, eu estava arrumando as camas, menos a de Mia né, ela ainda tá dormindo - digo revirando os olhos e sorrindo. -Aquela lá só vai acordar de tarde - Luana diz e rimos. -Me deixa cuidar de meus deveres - digo indo para a despensa pegar os shampoos dos cachorros. Caminho pela sala, onde o Sr. Pedro lia seu livro. Ele adorava ler, tinha uma biblioteca enorme na casa, onde ele e Manuela iam na época que ela estava viva. Agora ele m*l vai, sempre deixa alguns na sala, para que não precise ir lá pegar, é difícil para ele ainda. Mia no início sentiu muito, assim como Carlos Eduardo também, porém, agora pra eles já passou, e o único que continua é o Sr. Pedro. -Bom dia, Senhor Pedro - O saldo e ele me da um doce sorriso. -Bom dia, Elisa, sempre feliz alegrando um pouco a casa - ele diz e agradeço. Saiu do local e vou até onde estão os cachorros e quando abro a grade onde eles ficavam, vêm todos e pulam em mim. Eu amo cachorros, principalmente os daqui. São todos daquela raça de Lobo, tem dois branco e um preto. São todos machos. Mia tinha uma cadelinha da raça Pinche. Ela não deixa ninguém pegar aquele cachorro irritante e mimado. -Vêm, vocês estão precisando de um belo banho - digo colocando a coleira e os levando até o local onde ficava a mangueira. Os amarro em uma grade que havia ali, e ligo a torneira - De fato vocês precisam de um banho - digo para mim mesma, jogando água neles. Pego os produtos e começo a ensaboar os três de uma vez, para ser mais rápido. Viro-me para ligar a mangueira, e quando volto para eles, os três se sacodem fazendo respingar  água e espuma em mim. n***o, o cachorro mais novo pula em cima de mim e começa a me lamber. -Ah não, n***o, não acredito que você fez isso - digo toda esparramada pelo chão. Ele começa a me lamber ainda mais e latir. - Tá, eu também te amo, mas agora vamos terminar de tomar banho, não é? -Precisa de ajuda? - Aquela voz surge. Viro-me para ver Luiz, que usava uma bermuda branca e uma blusa gola polo preta, seu cabelo preto estava meio bagunçados... -Ah, não precisa, acho que posso lidar com esse grandão aqui - digo o tirando de cima de mim. Eu deveria estar horrível. - Como vai? - pergunto molhando os cachorros. -Muito bem e você? -Normal. Só preocupada com o tanto de trabalho que tenho ainda - digo e ele sorri de lado. - Olha, me desculpe sobre ontem... Tipo, eu falei m*l de sua namorada e... -Não precisa se desculpar - ele fala olhando para trás, quando a voz de Mia aparece. Ela da um tchau pra ele lá de sua varanda, e depois me olha feio, virando e entrando em seu quarto. Ele me olha e dou de ombros. -Ela não gosta muito de mim - digo sorrindo. - E não me pergunte o motivo por que não sei. - digo enxugando os três. -Deve ser por que você é muito bonita... Naturalmente - ele diz e paro de enxugar os cachorros. Olho para ele, e sinto minha cara ficar vermelha. -Acho que não - digo lentamente - Mia é linda, e bem... Olha para mim? -Estou olhando - ele diz e fica sério - Você é bonita, Elisa, não duvide de minha palavra. -Obrigada - sorri de lado - Preciso levar eles de volta - digo desamarrando os cachorros. -Vou lá com Mia - ele diz e dou apenas um sorriso pequeno, saindo do local e indo trancar os cachorros no campo para que eles possam se secar melhor. Arrumo a bagunça e pego os produtos, guardando todos na dispensa. Passo pela sala, onde Luiz e Mia estavam juntos. Eca! Como ele consegue ficar com essa menina irritante? Vou para biblioteca, onde terei que limpar também. Espanei tudo, Li alguns contos e poemas, peguei alguns livros e coloquei debaixo do meu braço, para que eu leia mais tarde. Depois de limpa-la toda, tranquei-a e segui para meu quarto onde guardei os livros. Passei o dia limpando toda a casa junto com os outros funcionários. A casa ficou com a decoração linda, toda branca, verde e vermelha. Nunca a casa ficou tão linda assim. Já era de noite, subi para meu quarto e quando abri a porta, lembrei-me do vestido que a moça da loja tinha me dado. Ela disse que a loja só abriria até o meio dia e eu esqueci-me completamente. Merda! E agora? Sento-me na cama e penso. Eu não tenho nada mais pra usar. Caminho para o quarto de Luana, onde ela estava arrumando suas coisas. -Acho que não poderei ir com você - digo me sentando em sua cama. -Por quê? - ela pergunta cruzando os braços. -A mulher onde eu fui pegar o vestido de Mia, me deu um e ela disse que a Loja só abriria até ao meio dia hoje, mas eu estava tão ocupado com tudo aqui que nem lembrei de pegar. - digo triste - Era tão... lindo, Luana. -Hm. Acho que você vai sim - ela diz abrindo seu guarda roupa e tirando uma sacola. -O que é isso? - pergunto. -O vestido, vermelho paixão - ela sorri abrindo-o - A moça da Loja veio deixar, e por sorte eu estava regando as plantas, ai eu assinei e peguei. -Uau! Eu já falei que te amo? - pergunto abraçando ela - Muito obrigada, Lu. -De nada, agora vamos, eu vou te maquiar - ela diz pegando suas coisas e eu pego o vestido. Seguimos para meu quarto, onde Luana me produziu toda. Quando me olho no espelho, quase não me reconheço. A tanto tempo não vejo-me linda assim. -Você tá uma princesa - Lu diz sorrindo. -Arrasei não é mesmo? -Ó, com certeza, você deveria investir em salão e maquiagem - digo e ela sorri. - Quem sabe. Agora, eu vou te esperar lá na saída, um amigo meu vira nos pegar. Se apresse - ela diz. - Só irei guardar umas coisas aqui - digo a ela, que sai do quarto. Passo meu perfume e tranco a porta do meu quarto. Caminho pelo corredor, e senti duas mãos me abraçando por trás. Conheço o cheiro do Carlos de Longe. Ele beija meu pescoço e depois me vira, pegando meus lábios. -Me solta seu tarado - digo batendo nele - Me solta Carlos, ou eu vou gritar. -Por que você é durona assim hein, Elisa? A gente já se beijou outras vezes - ele diz ainda me segurando forte. -Você me agarrou seu cretino, como diz isso? - pergunto o encarando com raiva. - Me solta agora! - grito e vejo apenas Carlos sendo jogado no chão. Olho para trás, onde Luiz estava com o rosto Sério. -Você tá louco? - Carlos pergunta se levantando - Me deixa Luiz, vai cuidar de Mia, vai. O que? Vai ficar vigiando Elisa agora? - ele pergunta se aproximando de Luiz - Olhando pra você, vejo que tá doido pra comer ela também, né? Minha maninha não te satisfaz não? - pergunta com a maior frieza do mundo. Luiz acerta um soco em sua cara, e seu nariz começa a sangrar. -Seja homem Carlos, a deixe em paz. Ela não quer nada com você - Luiz diz arrumando seu terno. -Você me paga, Luiz - Carlos diz, passando por nós dois com o seu nariz sangrando. Começo a chorar, pelas palavras que Carlos disse, me senti um lixo. Luiz se aproxima de mim e toca meu ombro. -Você tá bem? - pergunta. -O que você acha? - pergunto. -Acho que você tá a mulher mais linda dessa festa - ele sorri. -Obrigada. Não passarei Natal aqui, irei sair com uns amigos de Luana. Não lembra que eu disse ontem? -Não, não lembro. Por que não passa aqui? - ele pergunta, -Por que não quero, não me sinto bem - digo pegando minha bolsa que acabou caindo. - Feliz Natal e obrigada mais uma vez, meu herói - digo e ele sorri de lado. -Feliz natal, donzela - diz beijando minha mão. Ele me acompanha até as escadas, onde todos nos encararam. Bem... Os olhos voam para mim. Desço e cumprimento alguns que já conheço. -Feliz Natal, Senhor - digo para Sr. Pedro que sorri. -Feliz natal, menina - ele diz e me abraça forte. - Cuidado ai fora. -Pode deixar, tomarei cuidado. - digo me despedindo. Passei o natal com os amigos de Luana, eles são muito legais e simpáticos, tirando a Amanda, que é uma patricinha e que não gostou muito de mim. Ela jogava indiretas e falava besteira demais. Tinha outro lá, que era amigo de uma amiga de Luana. O nome dele era Joaquim, e ele era gay. Não me largou durante a festa inteira, e eu amei conhecer ele, que se tornou meu amigão. -Ai gata, fica mais um pouco vai - Joaquim pedia, ele estava todo bêbado. -Estou exausta, Joaquim, são quase quatro horas - digo pegando minha bolsa e procurando Lu. A baladinha ainda estava lotada. - Pera ai. Vou procurar Luana - digo para Joaquim que apenas levanta o copo para mim e sai dançado para o meio da pista. No meio do pessoal, sinto uma mão fina me puxando, viro-me e encontro Amanda me olhando. -O que foi? - pergunto ríspida, já que foi assim que ela me tratou a festa inteira. -Me desculpe por te tratar daquele jeito, e para selar uma amizade estável, vamos brindar? - pergunta me dando uma taça de vinho. Fico olhando para ela, e tentando desvendar o que está por trás, mas não vi nada. Resolvi aceitar. -Feliz natal - digo erguendo uma sobrancelha e tomando em um só gole minha bebida. Ela sorri maliciosa para mim e depois bate em meu ombro. -Feliz Natal, querida - diz saindo. Dou de ombros e sigo com minha taça vazia a procura de Luana, que com certeza deve esta com algum por ai. Meu corpo começa a esquenta, e parece que passa uma adrenalina em mim, meu sangue ferve e corre rápido, posso sentir. Passo pelos garçons e pego mais algumas taças de bebida, o que me surpreende, pois não sou de beber muito. Bebo varias e esqueço-me de procurar Luana. Passando horas eu estava dançando que nem uma louca, e não sei o que estava acontecendo comigo, mas eu estava louca. -Hey!! chega! - escuto a voz de Joaquim e ele me puxa. -Se você não fosse gay - digo sorrindo e acabo caindo. Eu estava louca demais. -Deixa de falar besteira, vem, vou te levar para casa. Nossa Elisa, você tá muito bêbada, e olha que você me disse no início da festa "não sou de beber" acho é graça, viu - ele diz me levantando e me apoiando em seu ombro. -Luana... - digo com dificuldade. -Sei lá da morena, ela deve tá por ai. Ruivinha, vem, você tá pior com certeza - ele diz e não falo mais nada. De fato eu só queria ir para casa. Ele me coloca no seu carro e eu com muita dificuldade digo onde moro, ou melhor, onde trabalho e moro. Já na frente de casa, ele me ajuda a descer do carro e arrisca tocar a campainha, quando dou um pulo e agarro sua mão. -Tá... - soluço - ...doido? Ou doida? Como você gosta? No feminino ou masculino? - pergunto meio grogue. -Tá vendo? Já tá falando besteira, se eu te conhecesse antes, eu não deixaria você beber tanto assim - ele fala e toca a campa. -Não, Joaquim, caramba, meu patrão vai me matar - digo olhando para dentro da mansão. A festa deve ter sido boa, pois estava uma bagunça e sei pra quem vai sobrar amanhã. -Quer que eu faça que? Que eu pule o muro e entre na casa, ache a chave e venha abrir pra você? -Ai, claro que não seu, bobo, eu tenho a chave - soluço novamente. -E por que não falou? -Ai, minha cabeça - digo me apoiando no muro bem feito da casa. Escuto passos vindos, e meu coração fica a mil, caramba, se o Sr. Pedro me vê nesse estado vai me matar. -Como você ficou assim, hein, menina? - Joaquim pergunta arrumando sua jaqueta de couro vermelho forte. Ele era loiro e belo demais. -Depois de um gole de vinho que Amanda me deu, fiquei assim - digo quase dormindo, e os passos ficam mais perto. -O que??? - ele berra e eu me assusto - Aquela baranga de quinta - ele diz cruzando os braços - Amiga, ela deve ter colocado algo na sua bebida e... Ei, tem um anjo vindo ali - ele sussurra e eu penso logo em Carlos, aquele tarado. Levanto-me com dificuldade, eu estou morta de dor de cabeça. Caminho para perto do portão e -  Não... Não pode ser - digo batendo minha mão na minha testa. -Elisa? - sua voz grossa me preenche e eu fico com cara de sonsa olhando para ele. O mesmo abre o grande portão. Usava apenas uma calça moletom e uma camisa regata mostrando seus belos ombros e músculos e... Aiii! Para mente traidora. - Onde você estava? O que fizeram com você? - ele pergunta com a voz um pouco alterada, parecia até estar com raiva - Quem é você? - pergunta olhando para Joaquim. -Prazer, boa noite... Ou melhor, boa madrugada. Feliz Natal. Se eu estou bem? Sim! Estou muito bem e você? - Joaquim pergunta todo irônico. -Sem gracinha - Luiz diz olhando para mim - E você? Onde estava? - pergunta segurando meu braço. -Sou Joaquim e vim deixar ela, vejo que ela ficará bem com você, certa? - Joaquim pergunta com a voz grossa, e até me surpreende, pois a poucos minutos estava falando comigo com uma voz de franga do caramba. -Sim, obrigada, Joaquim - digo e lhe dou um sorriso. Ele entra no carro e sei vai. Olho para Luiz que me encarava sério. - O que foi? - pergunto - Onde estava? - ele pergunta novamente, pela... Quantas vezes mesmo? Ele tá com raiva? É serio? -Não te interessa - digo passando por ele, porém o mesmo segura com força meu braço. -Claro que interessa, por que acha que eu estou perguntando? - ele pergunta Sério. Revezo meus olhos em sua mão que esta em meu braço, e em seus olhos. -Por que você é intrometido - digo. Tá, essa coragem é o álcool correndo em minha veia. Só pode. - Estou morrendo de dor de cabeça, e quero dormir, pois amanhã, a empregadinha aqui tem varias coisas para limpar. Os ricos não tem piedade da gente - digo e tento puxar meu braço, porém ele segura forte. - Onde estava? -Eu estava em um bar com uns amigos de Luana, não escutou o que eu disse ontem a noite? Que eu iria passar natal com os amigos dela? Agora que já sabe, posso ir ou o senhor precisa de alguma coisa? - pergunto de modo patrão e empregada. -Acho que você precisa de uma lição - ele diz se aproximando de mim. Sua voz e tão boa de ouvir, e sinto meus pelinhos pequeninos do meu pescoço se arrepiarem. Minha cabeça deu uma volta de trezentos e sessenta, e tudo foi ficando escuro. -Eu acho que vou desmaiar - digo e ele arregala os olhos, ainda posso ver. -O que? - ele pergunta e só lembro-me de ter caído em seus braços quentes e fortes De manhã. O despertado dos empregados é ativado. Minha cabeça doía tanto. O que diabos eu bebi ontem? Eu estava doidona, e Joaquim me trouxe e... Merda, o Luiz. Caramba, ontem foi real mesmo? Nunca mais eu bebo. Merda, com que cara vou olhar para ele no café? O que eu fiz meu pai!!!?? Minha roupa estava fedendo a bebida, e toda suada em meu corpo. Começo a me afogar nas lagrimas de vergonha que estão rolando. Saio quase me arrastando para o banheiro e a água estava fria pra caramba. Eu mereço. Saio do banho e me visto com minha roupa. Um short e uma blusa regata. O que amo também no Sr. Pedro, é que ele deixa de vez em quando a gente trabalhar com nossas roupas. Amarro meu cabelo e me olho no espelho. Ainda bem que meu rosto não está tão acabado depois da noite de ontem. Meus lábios e bochechas estavam rosados naturalmente, dando um pouco de cor em minha pele branca. Meus olhos verdes estavam verdes tão claros, bem mais claro que o normal. Saiu do meu quarto, e vejo Luana saindo do seu, com a cara nada boa. Olho para ela e caminho com raiva em sua direção. - Onde se meteu ontem? Eu te procurei a noite inteira - digo brava. -Joaquim me disse que... Sei lá, parece que Amanda pois algo em sua bebida e te deixou loucona, você tá bem? - pergunta e me analisa. -Eu mato aquela cobra ainda. Eu fiquei terrível ontem. Adivinha quem foi me pegar na porta ontem? Joaquim fez o favor de tocar a campa - digo revirando os olhos. -O patrão? - pergunta. -O Luiz - sussurro e ela arregala os olhos. -Oh my God - diz - Serio? E como foi? - ela pergunta. -Ele estava estranho e me fez perguntas e... -E?... Fala logo - ela diz roendo as unhas. -Desmaiei e não lembro mais de nada - digo. - E você? Agora me responde - peço - Onde esteve? E que horas chegou e quem te trouxe? -Muitas perguntas não acha? - ela diz sorrindo de lado - Estou com muita dor de cabeça, e quero terminar de limpar tudo rápido, pois minha cama quase não me deixa levantar hoje. -Quem manda nesse relacionamento? - pergunto brincando. -Eu, claro, se fosse a cama eu ainda estaria lá - ela diz sorrindo. Seguimos para a cozinha onde prepararíamos o café aos riquinhos. -Olha, eu ainda quero saber viu - digo para ela. Eu carregava a badeja com café e leite. -Tá, agora vai logo levar o café, que estou terminando de fazer os pães de queijo - ela diz e sigo para a sala de jantar. Respiro fundo só de escutar aquela voz. Gente! O que está acontecendo comigo? -Bom dia - digo entrando e começo a servir o Sr. Pedro - Como foi o Natal, senhor? - pergunto. -Muito bom - diz sorrindo - E o seu? - pergunta e pigarreio. Meus olhos correm para Luiz, que estava me encarando - Ontem escutei a campa bater, mas acho que foi um sonho, sei lá. -Foi? Deve ter sido um sonho mesmo - digo colocando o adoçante em seu café. - Meu Natal foi bom. - digo e volto meu olhar para Luiz, que ainda me encarava Sério. O que deu nele? Caminho para Carlos Eduardo, que sorri ao ver-me - Adoçante? - pergunto. -Pode ser você? - ele pergunta em sussurro, mas sei que deu de todos escutarem. De pirraça, abro o adoçando e jogo tudo em seu copo, logo depois passando para Mia. O Sr. Pedro apenas ri. -Adoçante querida Mia? - pergunto e ela revira os olhos. -Uma gota apenas, hoje virão me entrevistar para a capa de revista e preciso está bem mais magra - ela fala olhando para seu corpo. Concordo e coloco apenas uma gota, como ela pediu. -Eles não viriam ontem? - pergunto. -Ontem foi natal e cancelaram - ela diz tomando o seu leite integral. Luiz estava a sua frente, quase do lado de Sr. Pedro. -Café, leite ou os dois - pergunto sem olhar em seus olhos. -Que tal os dois? -Muito bem - digo colocando e sinto seu olhar em mim. Ele deve tá com raiva, e nojo, e... Sei lá, ontem eu estava um nojo, só pode. -Vai embora quando? - Carlos pergunta a Luiz. -Passarei mais alguns dias aqui - Luiz diz serio. -Se interessou por algo a mais aqui? Além de minha irmã? - Carlos pergunta e sorri de lado. -Haha. Você é engraçadinho, irmão - Mia diz e sorri para Luiz - Fico super feliz que ficará um tempo aqui. -Eu também - ele diz e desvia seus olhos para o meu, e eu logo desvio. -Ficarei mais um tempo, pois meu irmão Marcelo, que mora aqui, quer conversar comigo sobre a empresa do nosso pai que tem aqui e ele precisa de minha ajuda para algo. Parece que amanhã teremos uma reunião. - ele diz bebendo seu café com leite. Vou à cozinha e pego os pães de queijo. Deixo o pratinho cheio na mesa e me retiro, sem olhar mais para ele. Eu, Luana e mais alguns empregados fizemos um trabalhão na casa. Fiquei morta de cansada, depois subi para o quarto onde tomei um belo de um banho, mas logo desci para comer algo, pois meu estômago estava roncando muito. No corredor, o Sr. Pedro vinha em minha direção com um embrulho na mão, ele me para e depois me abraça forte. - Um presente para você - diz me dando o embrulho que era meio grande. Quando abro, vejo um Notebook lindo. -Uau, não precisava senhor Pedro - digo o abraçando mais uma vez - Por que isso? - pergunto. - Sei que você não gosta de falar muito nisso, mas tente mais uma vez entrar em contato com seus parentes da Itália e se der, volte para lá, sei que sente falta. - ele diz e sorrio de lado. O Sr. Pedro sabia de minha historia toda. -Obrigada, assim que der eu irei procura-los - digo sorrindo e vou para meu quarto guardar o Notebook, quando saiu, ele ainda me esperava. -Meu filho gosta de você, hein? - ele diz sorrindo. -Não, seu filho é tarado - digo séria e ele me olha - Não me leve a m*l, mas não me sinto bem Sr. Isso não é legal. Sei que você só vê ele me elogiando e essas coisas, mas ele e muito atrevido quando quer - Não sabia disso, Elisa. Irei falar com ele, pode deixar- ele diz serio e se retira. Com certeza ia a sua fazenda como sempre. Segui para a cozinha e preparei meu lanche. Sentei-me na bancada e comi que nem um leão, ou melhor, leoa. -Tá melhor da bebedeira de ontem? - a voz dele surge me dando um susto. -Já pensou se Mia nos vê conversando? vai pensar besteira! -  digo secando minhas mãos. -Ela tá lá na sala com os caras que vão a entrevistar para a capa de sei lá o que - digo. -Capa Moda Minas - digo revirando os olhos. -E... Se ela nos ver, estamos fazendo algo de errado? - ele pergunta levantando e ao mesmo tempo baixando sua sobrancelha grossa e linda. Aiiiii! -É... Uhun... Não - digo e jogo o pano na mesa - Se me der licença - digo tentando passar, porém ele me segura. -Perguntei se melhorou - pergunta e me faz olhar em seus olhos. -Mudou da água para o vinho? Ficou com raiva por eu ter te acordado ontem? Desculpe-me, foi o Joaquim tocou a merda da campainha, e depois foi tarde de mais para eu evitar. E sim, eu tô bem, obrigada mais uma vez por ontem. -De nada - ele diz - Querem água na sala - ele diz e concordo pegando uma bandeja. - Quer ajuda? -Essa é um trabalho meu. Não precisa - digo passando por ele que me segue. Chego na sala e tem um rapaz e um gay, é impossível não reconhecer pela voz e pelas vestes rosa - A água - digo colocando a bandeja. O cara que é Gay me olha e abre a boca, vindo em minha direção e tocando meu rosto, cabelo... Fico o encarando sem saber o que fazer. -Você ... - ele diz e me abraça forte - Achamos Gil, nós achamos - ele fala olhando para mim e depois para seu amigo, que me encara - Você tem que se escrever para a revista Moda Minas, você é linda - ele diz sorrindo. O tal Gil larga Mia e vem em minha direção. -Uma boa concorrente, podemos te entrevistar? - ele pergunta próximo, ele sim é homem. - Seus cabelos? - pergunta tocando - É seu? Ou pintou? -É meu - digo sem reação -Pele macia e limpa- diz me tocando e afasto sua mão. -Ela é só uma empregada -Mia berra se levantando e vindo em nossa direção - Ela não pode! -Amor, o curso é aberto pra todas - o gay diz e sorri de lado. - Vamos entrevista-la, e veremos se ela pode entrar. Não se preocupe, você tá dentro já, mas precisamos ainda de três meninas, e vejo que a moça aqui é bonita, por que não? - ele pergunta e Mia fica sem resposta. Ela sai irritada da sala e some nas escadas. -Sente-se aqui, ruiva - O cara diz apontando para o sofá. -Não sei se sirvo para isso - digo ainda não acreditando. Eu não ia aceitar, pois não faz meu estilo, mas fiz por que quero ver a cara de ódio de Mia. Luiz continua no sofá, me observando e eu juro que não entendo o porque. Será que ele ficou com muita raiva por ontem? Bem, eu ficaria super com raiva. Estar em um sono bom e ter que levantar para ajudar um bêbado não é nada legal. -Conte-me tudo, sobre sua vida - O senhor bonitão pede. Sinto uma tristeza, pois falar de minha vida não é a melhor coisa. -Preciso falar mesmo? - pergunto -É para entrevista, flor - O gay fala todo meigo. -Bem... - começo- Sou dá Itália, e quando vim passar um tempo no Brasil acabei perdendo meus pais em um acidente de carro quando estávamos saindo do aeroporto. Minha família por parte de mãe ficou com a minha herança e acabei vindo trabalhar na casa dos Fernandes com meus dezesseis anos. - E por que não voltou para Itália? - O gay que ainda não sei o nome pergunta. -Tive que trabalhar, e, minha família daqui me mantiveram longe da minha que mora lá. - digo. Olho para Luiz, que me olhava ainda, agora em seus olhos eu via pena, tristeza... Eles me entrevistaram e tudo mais. Depois que acabou, o gay que descobrir ser Téo fala: - Então linda? Vai querer? - ele pergunta sorrindo. Eu poderia aceitar logo, mas não é bem assim. Não terei tempo de ficar saindo para fotos, eventos e tudo isso. -Tenho que pensar, Téo, não é fácil assim - digo e ele concorda. -Fique com meu número e caso queira, e por favor, queria... - ele diz fazendo carinha de cachorro sem dono - Bem, caso queira, me ligue - diz e me entrega o seu número e depois me entrega um carta para eu entregar a Mia. - Entregue isso a Loira e diga para ela que ela está dentro - ele diz e pego a carta sorrindo. -Obrigada, Téo, irei pesar com carinho. - digo os levando até a saída. Depois volto a sala, e encaro Luiz. -Eu sinto muito, Elisa, por seus pais - diz e levanta, ficando bem perto de mim. - É triste. -Sim - digo abaixando a cabeça, não querendo olhar naqueles olhos azuis - Pegue, entregue a Mia, acho que ela não vai querer olhar na minha cara - digo e ele pega a carta de minha mão. -Tá, irei entregar a ela - diz colocando no bolso. - Quer mesmo fazer esse teste? - ele pergunta e n**o. -Não - digo e ele sorri de lado - Estou fazendo minha faculdade de Fisioterapia e vai pegar muito do meu tempo. -Uau! Senti uma dor na costa e acho que preciso de uma massagem - ele diz brincando e é bom ver ele assim. Melhor do que sério e meio que curioso demais. Mas quando ele tá assim, todo divertido é tão bom. -Ah seu bobo, não sou massagista, não confunda, sou fisioterapeuta - digo toda brincalhona também. -Hm, então fisioterapeuta... Faça uma massagem em mim - ele pede com carinha do gato de botas. Eu poderia dizer não, mas ele me ajudou tanto esses dias... -Você tá sendo um bom amigo, e por isso eu irei fazer, por estar me ajudando pra caramba. Mas, se Mia ver... - digo fazendo careta - Ela não vai gostar nada nada. -Ela não vai saber, e que m*l tem? - ele pergunta. Eu com minha inocência toda apenas concordo. -Tá, onde quer? - pergunto. -No seu? No meu? - ele pergunta. -No meu, tem meus produtos - digo e ele me segue. -Então tá bom. Você tá se tornando uma boa amiga, Elisa. - Ele diz e sorri fraco. "Boa amiga" repito em minha mente. -Você também tá se tornando um bom amigo, Luiz Alferdo. Tivemos uma briga bobo, mas ele está se tornando um bom amigo. Só espero que isso não vá longe de mais.
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