O ar parecia mais denso do que o normal. Sofia ainda sentia o corpo vibrando, como se o toque que não aconteceu tivesse deixado uma marca real. Lucas não precisava encostar para desarmá-la; bastava o olhar. Bastava o tom grave da voz, o jeito como se movia devagar, como se controlasse o tempo só para torturá-la com a própria presença. Ela respirou fundo, tentando se recompor. — Você não pode continuar fazendo isso, Lucas. — Fazendo o quê? — perguntou, sem se mover, ainda a observando como se quisesse decifrar cada reação dela. — Isso. Me provocando, me tirando do eixo. — Ela engoliu seco. — Eu não sou um brinquedo seu. Um sorriso pequeno curvou os lábios dele. Não era deboche — era quase ternura, mas uma ternura distorcida, perigosa. — Nunca te vi como um brinquedo. Mas você também não

