10. Mariana

999 Words

O domingo tinha amanhecido arrastado, pesado, e eu já não sabia se era fome, sono ou desespero o que consumia meu corpo. Minha mãe estava caída no sofá desde a madrugada, o rosto sujo, os dedos manchados, murmurando palavras sem sentido. Eu não tinha mais lágrimas pra derramar. Só o silêncio. Foi nesse silêncio que ouvi as batidas secas na porta. Não eram batidas de vizinho, nem de amigo. Eram batidas curtas, firmes, com a força de quem sabia que seria atendido. Meu coração disparou. Quando abri a porta, dois vapores estavam ali, armados, com a mesma postura arrogante de sempre. Um deles segurava uma sacola plástica branca. O outro, com o cigarro no canto da boca, foi direto ao ponto: — Teu tempo acabou, garota. A dívida não só continua como tá crescendo. E tua mãe? Vive pedindo mais no

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