A enfermeira pediu pra eu não ficar em pé muito tempo. "Costela não é ferro", disse, anotando qualquer coisa na prancheta. Assenti sem olhar. O corredor do hospital tinha aquele brilho cansado de piso enceradinho, as paredes cheirando a desinfetante e madrugada antiga. A porta do quarto estava entreaberta. Empurrei com dois dedos. Vi primeiro a silhueta dela, corpo com mais curvas do que eu lembrava, a camisola do hospital aberta no peito. O menino dormia encolhido no colo, manta azul, gorro branco. Um ruído fino, não chegou a ser ronco, saía dele, como motor de barquinho. Entrei. Mariana ergueu os olhos sem se levantar. Não correu pra mim. Não escondeu o menino. Não sorriu. Só me olhou reto. — Parabéns — falei, sem açúcar. — Chegou inteiro. Ela passou a mão na cabeça do bebê com um g

