Eu não sei quanto tempo dormi. Só lembro de ter apagado com Caique sobre o meu peito, o corpo pesado de cansaço, as pálpebras coladas de tanto choro e suor. O quarto do hospital estava silencioso, a luz baixa, só o bip distante de algum monitor na ala ao lado e o cheiro de álcool ainda forte no ar. Meu corpo doía inteiro, mas a exaustão tinha vencido qualquer dor.
Quando abri os olhos, leve, ainda atordoada, a primeira coisa que vi não foi o teto nem a janela: foi Rafael.
Ele estava sentado ao meu lado, numa cadeira, segurando Caique nos braços. O bebê estava enrolado na manta azul, o gorro branco cobrindo a cabeça pequenininha. Rafael o embalava de um lado para o outro, os olhos fixos no rosto dele como se tentasse decorar cada detalhe.
Meu coração disparou de susto e de raiva. Eu me e
