O som da chuva batendo no telhado me fazia companhia naquela manhã. Pingos finos, insistentes, desciam pelas frestas da janela e se acumulavam em pequenas poças no chão de cimento da cozinha. Eu havia colocado um balde perto do fogão, a goteira antiga voltava sempre que o céu chorava. Mas hoje... eu não me importava. Estava sentada na ponta da cama, a mão pousada sobre a barriga que crescia mais rápido do que eu esperava. Sentia um leve desconforto nas costas, uma pressão na parte de baixo do ventre e uma fome constante. Não a fome que dói, mas a que avisa que tem mais alguém contando com você pra sobreviver. Depois que Marreco foi embora naquele dia, com o beijo ainda fresco nos meus lábios e o olhar que ele deixou cravado em mim, eu não consegui dormir direito. Virei de lado várias vez

