Descansei em ilhas curtas. Caminhei no corredor, parei agarrada ao corrimão, voltei para a bola, balancei a pélvis, fui pra ducha quente. As horas se puxaram em fios finos. Eu, cansada, faminta, com as pernas bambas. Vomitei a água adoçada que insistiam que eu tomasse, e Célia limpou meu queixo como quem limpa o de uma filha. — É assim mesmo, Mari. O corpo trabalha. A gente confia. No fim do primeiro dia, a febre não veio, mas o corpo tremia de exaustão. O anestesista foi chamado, eu disse que não sabia, que queria ser forte, que queria sentir. A dor respondeu por mim com outra onda funda, longa demais. — Eu quero — falei, olhando nos olhos da Célia. — Eu não aguento a noite inteira assim. A sala de anestesia tinha uma luz mais baixa. Sentei-me, queixo no peito, costas arqueadas. A pic

