Eu juro que tentei seguir minha vida. De verdade. Mas às vezes a saudade vem disfarçada de lembrança boba — tipo o som de uma gargalhada infantil atravessando minha cabeça no meio do expediente, ou o jeito como eu olhava pro banco de trás do carro e imaginava o Theo e a Alice ali, rindo, pedindo pra ligar o som. A Clara não dava mais sinal nenhum. Nada. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação, nem mesmo um “oi” educado. E, sinceramente? Eu já tinha entendido o recado. Ela tava vivendo a vida dela, com aquele namorado perfeito de novela das oito — o Daniel — e eu era só o figurante de uma história que já tinha acabado. Mas o destino… sempre tem dessas. Fazia umas duas semanas que a gente não se via quando tudo começou a mudar. Foi uma tarde comum, dessas de céu limpo e ar abafado, eu tava

