O aeroporto da cidade da minha vó era pequeno, quase silencioso. Nenhum luxo, nada de tapetes vermelhos nem motoristas de terno abrindo portas de BMW. Era o oposto completo da vida que eu tinha acabado de deixar pra trás. E, sinceramente? Aquilo me acalmava. O ar ali parecia mais leve, com cheiro de mato molhado misturado a pão saindo do forno da lanchonete logo na entrada. Peguei minha mala, andei até a saída e lá estava ela — Dona Cida — com o mesmo casaquinho de lã que ela usava desde que eu era moleque, acenando com as duas mãos como se quisesse parar o mundo pra me abraçar. — Meu menino! — ela exclamou, e quando me abraçou, tudo dentro de mim desabou. Aquele abraço tinha poder de remendo. Curava o que nem eu sabia que tava doendo. — Tá magro, Beto… — ela resmungou, apertando meu

