A primeira coisa que ouvi foi o som da chuva, agora mansa, pingando devagar no toldo da loja.
A segunda foi a respiração tranquila do Theo, ainda encostado no meu ombro.
Por um instante, fiquei ali, imóvel. A luz fraca da manhã entrava por entre as frestas da porta de vidro, misturada com o cheiro de café amanhecido e o restinho de vela que ainda queimava sobre a mesa.
A cidade lá fora devia estar um caos — lama, folhas, as ruas ainda alagadas —, mas dentro daquela cozinha improvisada o tempo parecia ter parado.
O garoto se mexeu um pouco, esfregou os olhos e sussurrou:
— Já amanheceu?
— Já, campeão. — falei, com a voz ainda rouca. — Dormimos no meio da tempestade, hein?
Ele deu um sorriso pequeno, meio tímido, e se espreguiçou.
Peguei a manta que o cobria e a dobrei. O tecido aind
