Naquela noite, o sono não veio. Eu deitava, virava de lado, mudava o travesseiro de posição, e nada. O rosto da Clara ficava dançando na minha cabeça, entre as lembranças do passado e o olhar que ela me deu hoje na loja. Um olhar confuso, tenso… e, se eu fosse honesto comigo mesmo, cheio de algo que parecia saudade. Mas eu não podia me enganar de novo. Ela tinha seguido a vida dela. Tinha tentado, pelo menos. E eu também tava tentando seguir a minha — ainda que, no fundo, eu soubesse que era só aparência. Peguei o celular da mesa de cabeceira, mais pra ver as horas do que qualquer outra coisa. Três e vinte e sete da manhã. E foi ali, naquele horário que só gente perdida tá acordada, que a tela acendeu com uma notificação. “Número desconhecido.” Oi, Beto. É o Theo. Meu coração

