O dia começou com sol, daquele jeito que deixa até o humor mais preguiçoso leve. Eu e a vó tínhamos combinado de ir ao mercado — missão simples, mas que, com Dona Cidoca, nunca é simples. — Beto, hoje quero comprar queijo da roça, aquele que fede, mas é bom! — ela disse, já de batom vermelho e bolsa pendurada no ombro. — Vó, a senhora vai no mercado ou num baile? — Nunca se sabe quem a gente encontra na fila do caixa. E outra, homem que não repara em velha bonita merece pagar boleto dobrado. Entrei no carro rindo. A vó ligou o rádio e começou a cantar alto, inventando letra no meio da música. — Eu e o Beto no carrão, comprando pão, fazendo confusão! Ela batucava no painel e eu só acompanhava, rindo. Era impossível não amar aquele espírito. O caminho estava tranquilo até o semáforo d

