Os dias seguintes passaram devagar — daqueles em que o relógio parece zombar da gente, andando mais lento só pra ver até onde vai a paciência. Depois daquele jantar com a Clara e as crianças, eu achei, sinceramente, que as coisas iam continuar. Que viriam novas mensagens, convites, risadas. Que o clima leve daquela noite se estenderia pro resto da semana. Mas não veio nada. Nenhum “bom dia”, nenhum “como você tá?”. Silêncio total. No primeiro dia, eu até achei normal. As pessoas têm vida, têm rotina, filhos, trabalho… No segundo, comecei a olhar o celular de tempos em tempos, fingindo que era por causa de alguma notificação da loja. No terceiro, já tava virando mania. Desbloqueava a tela, fingia que ia ver o horário, e lá estava o contato dela, intacto. Clara Monteiro. Sem nenhum

