Quando a poeira da confusão baixou e a raiva cedeu lugar ao cansaço, a vó Cida me chamou na cozinha, me fez sentar e disse só: — Meu filho, às vezes o melhor jeito de proteger alguém é deixar que ele te esqueça um pouco. Fiquei olhando pra ela, sem resposta. Ela mexia o café na caneca, o barulhinho da colher batendo no esmalte grosso era a única coisa viva na cozinha. — A Clara tá com a cabeça feita, Beto. Quando a gente ama errado, a gente não enxerga. E quem tenta abrir nossos olhos, a gente chama de inimigo. Ela fez uma pausa, o olhar manso, mas firme. — Não força o destino, menino. Se for pra essa mulher entender, ela vai entender sozinha. Agora cuida da tua vida, que tu tem muita pra viver ainda. Foram palavras simples. Mas acertaram em cheio. Eu não tinha mais forças pra brig

