Quando Giuliana sugeriu que eu levasse as crianças para dormir, senti um frio na espinha. Eu tinha acabado de passar mais de uma hora sentado à mesa, sorrindo e respondendo perguntas dos pais da Clara como se fosse mesmo o marido dela, um empresário milionário do ramo imobiliário e de carros. E, por mais que Clara conduzisse a conversa com maestria, me chamando de “amor” e me elogiando como se fôssemos um casal perfeito, cada pergunta deles era como caminhar numa corda bamba. Mas respirei fundo, dei um sorriso educado e assenti. — Claro, eu levo eles — respondi, tentando parecer natural. Theo desceu da cadeira com um olhar desconfiado, mas Alice me deu a mão sem pensar duas vezes. Subimos as escadas enormes da mansão, com um corrimão trabalhado e tapete macio sob nossos pés. O cheiro da

