O barulho do portão da loja abrindo naquele sábado soava diferente — talvez fosse só eu, ou talvez fosse a expectativa. O sol ainda estava baixo, mas o reflexo batendo na lataria prateada do SUV novo parecia gritar o nome dela: Clara. O gerente tinha me avisado que o carro já estava pronto pra retirada. Tudo ajustado, documentos assinados, tanque cheio. E mesmo sabendo que aquele carro era um presente, um símbolo de uma história confusa e cheia de reviravoltas, eu não conseguia parar de olhar pra ele sem sentir o peito apertar. O brilho do metal era frio, mas o sentimento ali era quente. Estava terminando de organizar os últimos papéis na mesa quando ouvi um som familiar: risadas infantis ecoando pelo showroom. Levantei os olhos — e lá estavam eles de novo. Alice veio correndo, o cabe

