O ar pareceu mudar no instante em que o Daniel cruzou a porta.
Não era uma mudança visível — era um peso, um tipo de silêncio que se impõe sozinho, daqueles que o corpo sente antes da cabeça entender.
A Clara ainda sorria, mas o sorriso dela tremia nas bordas, como se tivesse que se esforçar pra mantê-lo.
Eu fiquei de pé, meio sem saber se devia estender a mão ou sair correndo.
Ele me olhou por inteiro, lento, avaliando da cabeça aos pés, e depois pousou o olhar em Alice — que ainda segurava firme a minha mão, escondida meio atrás de mim.
— Visita inesperada, hein — ele disse, o tom polido, mas carregado de alguma coisa que não era gentileza.
— É, — respondi — passei por perto, quis ver como estavam.
Clara se apressou a preencher o espaço entre a gente.
— O Beto só veio tomar um ca
