O dia seguinte amanheceu com aquele tipo de céu que já avisa: “vai dar problema.” Acordei cedo, meio m*l dormido, com o estômago embrulhado. Daniel tinha dito por mensagem que traria uma equipe técnica para fazer um novo laudo sobre o carro. E, sinceramente, eu já sabia o que vinha por aí. A vó, enquanto passava café, jogou o alerta: — Esse tal de Daniel vai querer te passar pra trás, Beto. Aposto meus óculos que ele já comprou até o mecânico. — Não, vó… não dá pra afirmar isso. — Ah, dá sim. Rico não confia em pobre, mas pobre é que devia desconfiar de rico. Peguei as chaves, tentei rir, mas o nó no estômago não saía. Quando cheguei na oficina, o cenário era outro. Daniel estava lá, de terno — de novo — com três caras uniformizados, pranchetas nas mãos e expressão de quem veio reso

