O cheiro da chapa quente ainda impregnava no ar, misturado ao barulho de latinhas abrindo e gente conversando ao redor. Eu e Clara continuávamos ali, sentados no banquinho de madeira improvisado, terminando nossos hambúrgueres. Ela, de vez em quando, dava aquelas risadinhas contidas quando eu soltava alguma piada, mas aos poucos o semblante dela foi ficando mais sério. — Sabe, Beto… — começou, olhando para a latinha de refrigerante nas mãos, girando ela sem parar. — Tem uma coisa que me preocupa muito, e… quase ninguém sabe disso. Eu arqueei a sobrancelha, curioso. — Ih, lá vem segredo de milionária. Vai me dizer que você tem um cofre cheio de barras de ouro escondido no quintal? Ela riu de leve, balançando a cabeça. — Queria que fosse só isso. Aquela pausa no tom me deixou atento. Cla

