O quarto estava silencioso, exceto pelo som do ar-condicionado e pelo bater ritmado do meu coração, que parecia insistir em me lembrar de cada sensação do dia. Clara estava sentada na beira da cama, ajeitando as cobertas e falando sem parar, tentando processar tudo que havia acontecido no jantar e na brincadeira com as crianças. — Acho que está correndo tudo bem… — ela dizia, com a voz quase sussurrada, mas ainda nervosa. — Os meus pais parecem acreditar, e até as crianças estão indo bem na atuação. É incrível como eles aceitam a gente… não sei… tudo tão rápido, mas parece que ninguém suspeita de nada. Eu a observava, tentando prestar atenção nas palavras, mas meus olhos simplesmente não conseguiam se fixar nelas. Meu olhar passeava pelo rosto dela, admirando cada detalhe sem pensar, qua

