O motorista já me aguardava do lado de fora, em frente ao portão, com um BMW preto brilhando sob a luz da manhã. Era cedo, propositalmente cedo, para que Giuseppe e Giulia ainda estivessem dormindo. Esse era o combinado: eu iria embora sem que os pais de Clara me vissem partir. Para eles, eu ainda estaria em Miami em uma reunião importante, e quando voltasse, já teriam retornado para a Itália, carregando a imagem perfeita de uma família que nunca existiu. Clara caminhava alguns passos atrás de mim. Eu sentia o peso da despedida mesmo sem olhar para ela. Cada passo era carregado de um silêncio denso, quase sufocante. O plano estava concluído, o pagamento já estava na minha conta, e a minha vida voltaria ao normal. Ainda assim, havia algo naquela casa, naquela mulher e naquelas crianças que

