As férias estavam sendo mais do que um descanso. Era como se eu tivesse tirado férias de mim mesmo — das preocupações, da correria, dos problemas. Ali, com minha vó, o tempo tinha outro ritmo. O relógio parecia andar mais devagar, o vento era mais fresco e até o silêncio soava aconchegante. Os dias passavam tranquilos: café fresco de manhã, almoço no quintal, cheiro de sabão em pó vindo das roupas no varal. À tarde, eu ficava sentado na varanda enquanto ela tricotava e me contava histórias de quando era jovem. Cada ruga dela parecia carregar uma lembrança inteira, e eu ficava ali ouvindo, como se pudesse aprender a viver só observando a calma com que ela falava. Um fim de tarde, enquanto o sol se punha e o céu começava a se pintar de tons alaranjados, ela me olhou por cima dos óculos e d

