A estrada de volta parecia outra agora. O mesmo asfalto, o mesmo caminho, mas o carro novo deslizava leve, e o coração também. Minha vó, no banco do passageiro, usava um chapéu de palha só pra “não bagunçar o cabelo”, segundo ela, e cantava baixinho uma moda antiga que eu lembrava de ouvir quando era criança. De vez em quando, ela me olhava e dizia: — Nunca imaginei que ia andar num carro desses, viu, Beto? Tô me sentindo uma madame! Eu ria, feliz de vê-la feliz. Depois de algumas horas, avistei as luzes da cidade crescendo no horizonte. O contraste era grande: prédios altos, buzinas, movimento por todos os lados. Ela olhava pela janela com os olhos arregalados, como se tivesse desembarcado em outro mundo. — Então é aqui que meu neto mora… — disse, emocionada. — É aqui, vó. E agora é

