O tempo passou num sopro. Os meses foram voando entre o trabalho, os cuidados com a vó e a rotina que finalmente tinha encontrado um ritmo bom. A loja ia de vento em popa — eu batia metas, ganhava bônus, e cada venda me deixava com aquela sensação de conquista. A vida tava estável, tranquila, do jeito que eu sempre sonhei. Minha vó se adaptou rápido à cidade. Virou amiga de todo mundo no prédio, conhecia os porteiros pelo nome, fazia bolo pros vizinhos e até ensinava uma senhora do andar de cima a tricotar. Era engraçado — parecia que a presença dela transformava tudo. A casa vivia cheirando a café e riso. Eu também tava diferente. Mais centrado, mais grato. De vez em quando, quando batia o silêncio da noite, eu ainda pensava na Clara — não com dor, mas com uma certa curiosidade. On

