Acordei com o som da chuva batendo devagar no vidro. Por um segundo, demorei pra lembrar onde estava. O teto branco, o cheiro de lavanda, o lençol de hotel... e aí veio o flash: um quarto, uma cama, e a Leila dormindo do meu lado. Olhei pro relógio na mesinha. Oito e quinze da manhã. A convenção começava às nove. Tentei me mexer sem fazer barulho, mas o colchão era macio demais e ela acabou se mexendo também, virando de lado, o cabelo bagunçado caindo pelo rosto. — Que horas são? — murmurou, com a voz rouca de sono. — Oito e quinze. — Droga. — Ela se sentou, piscando devagar. — Eu sonhei que matei o meu pai. — E sobreviveu ao julgamento? — Acordei antes da sentença. Ri baixo, levantando da cama. — Quer café? — Eu quero distância de qualquer coisa que me lembre do meu pai. — En

