Capítulo 5 - Reinier D'Angelo

1336 Words
Já fazem meses desde tudo que aconteceu com Anya, e ela anda povoando meus pensamentos bem mais do que queria. Nem tive a oportunidade de pedir desculpas, tentei ligar para ela , não fui atendido. E estou proibido de ir para a Rússia. Droga*, já sou um adulto. Estão me tratando como uma criança. O tratamento que estou recebendo de meus pais não é muito agradável, a raiva da minha mãe ainda não passou, e meu pai passa longe de qualquer conflito com ela. Depois daquela conversa de poucas frases, ela não tocou mais no assunto Anya, admito que esperava muito mais. Só que ouvir que a decepcionei me atingiu pior que um soco. E os olhares discretos de desaprovação que recebo me afetam mais que qualquer surra que levei. Levo um soco na cara, me desequilibrando. — Anda distraído.— Fellipo me ajuda a levantar. — Vamos fazer uma pausa.— Tiro minhas luvas. Pego minha garrafa de água sentando no chão, Fellipo vem e senta do meu lado. — Você anda muito distraído.— Comenta. Tenho certeza que ele sabia tudo que aconteceu, Fellipo era filho de Nina, amiga da minha mãe e sócia, e Stephano , braço direito do meu pai. Do jeito que essa estória virou uma bola de neve, ele e muitas outras pessoas estavam sabendo de como fui um canalha com uma doce menina. Nós dois somos herdeiros de máfias muito poderosas e qualquer deslize nosso era alvo de fofoca. Isso por Anya ser filha de quem ela é, se fosse uma garota comum ninguém daria a mínima. — Só preocupado com a reunião.— Digo. — A dos futuros Dons? Aceno que sim. Em alguns dias seria realizada uma reunião com os herdeiros das máfias, era uma maneira que acharam de manter a paz nas futuras gerações. Mafiosos não são famosos por serem sociáveis, e o jeito mais fácil de evitar conflitos era desenvolver alianças, que antigamente era feito por casamentos, hoje é feito por meio de diplomacia. Damon estaria lá. Ele não foi declarado formalmente sucessor da Ava, já que a Máfia Vermelha não segue a lei do filho primogênito, mas todos sabiam que não havia escolha melhor. Sempre tive Damon como um irmão, igual Oliver. Por nossas mães serem muito amigas crescemos praticamente juntos, e essa amizade se tornou algo natural. Agora eu era um inimigo para Damon, o cara que quebrou o coração da sua irmãzinha. E eu mereço isso. Se fizessem isso com a Athena ou a Sophie também ia querer quebrar a cara do sujeito. Ele sempre foi super protetor com a irmã. Quando éramos crianças m*l deixava eu e Oli chegar perto dela, só depois de algum tempo conseguimos brincar os quatros juntos, Anya sempre foi doce e delicada, eram os cavaleiros cuidando da princesinha. Bons tempos. —Você anda mesmo com a cabeça nas nuvens.— Fellipo soca meu braço.— Te chamei várias vezes — Me diz uma coisa.— Me levanto.— O que esperar de um Wallerius furioso? Coloco as luvas, ficando em posição de combate. — Só se pode esperar uma coisa...— Fellipo parte para cima. [...] A reunião está sendo realizada na França, sob a proteção de Lynch. Estão me acompanhando mamãe e tio Rocco. Vejo alguns rosto conhecidos, tento procurar Damon, uma hora ou outra vamos nos encontrar. Melhor que seja mais cedo. Após dar uma circulada, o encontro junto com Oliver, bebendo num canto. Me aproximo. Respiro fundo. — Boa noite. — Anúncio minha presença. Só tem uma coisa que esperar de um Wallerius furioso... um soco na cara. É exatamente isso que acontece. Damon parte para cima de mim, Oli tenta o segurar mais não consegue. Com o primeiro soco vou parar no chão, não vou revidar eu mereço apanhar, não tiro a razão de sua fúria. Conforme Damon soca meu rosto, tenho que dizer que ele tem uma mão muito pesada. Oliver o tira de cima de mim com muita dificuldade, quando se trata de aptidão física ninguém supera os soldados da Máfia Vermelha. Oliver tenta segurar Damon, o que não é uma tarefa fácil, já que ele se debate como uma fera raivosa. — Você foi mexer com a minha irmã, D'Angelo.— Quase grita pela raiva.— Vou amassar essa tua cara, pra nunca mais chegar perto da Anya. — DAMON... Conheço essa voz em qualquer lugar, é a tia Ava. No mesmo instante Damon para de se debater, como se tivesse levado uma injeção de tranquilizante. Tia Ava observa a cena, eu caído no chão, Oliver segurando Damon e seu filho com as mãos ensanguentadas. Chacoalha a cabeça levando Damon pelo braço igual uma criança. Logo em seguida chega minha mãe e tia Emma. — Não quebrou nada, apenas hematomas e pequenos cortes. O sangue foi uma hemorragia nasal — Tia Emma fala após examinar meu rosto.— Agora só vou limpar os cortes. Ela pega o pano gazes e sorri, limpando o sangue. — Sendo filho de quem ele é, até que esperava coisa pior, tipo dedos ou mãos decepadas.—Tio Rocco fala após examinar meu rosto. Mamãe apenas observa tudo sem falar nada, ela nunca passou a mão pela minha cabeça quando fazia algo errado. E com certeza ela achava que merecia esses socos. — Como isso aconteceu, Oli?— Tia Emma pergunta enquanto termina de limpar meu rosto. — Quando Damon ouviu a voz do Reinier já partiu pra cima dele, nem deu tempo de fazer nada, só tentei tirar ele de cima do Reinier. — Oliver responde. — Não esperava algo diferente do Damon.— Mamãe finalmente fala. Batem na porta do escritório onde estávamos, é tia Ava. — Peço desculpa pelo comportamento do Damon, ele estava avisado mas não é muito bom em obedecer. — Eles são jovens, irresponsáveis, brigas acontecem.— Tio Rocco tenta descontrair. — Como Reinier está?— Tia Ava pergunta. — Bem, apenas ferimentos leves.— Mamãe responde. — Posso falar com a tia Ava? Sozinho.— Peço. Minha mãe e tia Ava se olham, e concordam. Todos saem, ficando apenas eu e o Dom da Máfia Vermelha. — Eu queria me desculpar, com você e com a Anya, mas não tive a oportunidade. Sinto muito pelo que aconteceu, não... — Sinceramente Reinier, deixa essa estória quieta, Anya está seguindo em frente. Damon é apegado demais à irmã, por isso não se controlou, mas tudo vai passar, o tempo vai amenizar os ânimos. Tem certas coisas que é melhor deixar enterrada. — Tenho que falar com ela, me sinto m*l com essa situação. — Está bem, Reinier. Como você vai explicar para a minha filha, que é apaixonada por você desde os onze anos, que você mesmo sabendo dos sentimentos dela, a usou como um brinquedo? — Não usei ela... — Não mesmo? Sabia que ela gostava de você e não sentindo o mesmo se aproximou... Olha o que você está sentindo se chama culpa, aprenda a conviver com ela. Nem sempre se consegue concertar as coisas, faz parte da vida adulta carregar o peso dos seus erros. Vai precisar aprender isso quando se tornar Dom — Tia Ava, não era minha intenção. — Vocês são jovens é normal fazerem merda. Eu também já fiz merda. Mas como mãe da Anya... melhor deixar isso quieto. Não tenho fama de ser uma pessoa muito compreensiva, sou uma adulta e mãe agora, não posso agir igual o Damon mesmo essa sendo minha vontade — Não quero prejudicar a amizade entre nossas famílias. Além de negócios sempre fomos amigos, não quero acabar com isso. — Como disse erros acontecem. Não vou brigar com sua mãe por um erro seu, passamos por muitas coisas juntas, eu, ela e Emma. E sei que ela deve ter te dado um belo sermão...As coisas passam... Só lembre que nem sempre temos uma segunda chance. Essas foram as últimas palavras de Ava, antes de me deixar sozinho. E me pergunto: o que ela quis dizer com isso?
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