Como imagina quando contei para Damon o que aconteceu... bom... sorte minha mãe ter o proibido de pegar um jatinho e ir para a Itália.
Eu fiquei ainda mais envergonhada com toda essa situação, cada vez mais vejo que fui uma tola*. E todos sabem como meti os pés pelas mãos.
Coloquei Reinier num pedestal, eu o amo e acabei vendo nele um príncipe encantado, mas príncipes encantados só existem nos contos de fadas. Passo a maior parte dos meus dias no meu quarto, estou tentando juntar meus cacos, não está sendo uma tarefa fácil. Tive ele no meu coração por muito tempo, não vai ser do dia para o noite que vou tirá-lo dali.
Como boa romântica incorrigível, tinha imaginado toda uma história de amor, com nós casados e com filhos no final feliz.
Que i****a* da minha parte.
Resolvo descer para o primeiro andar, encontro Oli em nossa sala de estar.
- Oi, Anya. Como vai?
Ele me abraça. Oli era um rapaz muito gentil e educado, um perfeito cavalheiro.
- Não avisou que vinha me visitar?
- Mamãe tinha negócios para resolver aqui, vim a acompanhar.
Sentamos no sofá.
- E cadê ela?- Pergunto.
- Saiu com sua mãe, estou esperando o Damon.
Oli era amigo do Reinier e do mano, ele devia ser mais um que sabia dos acontecimentos vergonhosos.
- Damon está muito bravo? Ele fingi que não para mim, acho que é para não me deixar mais constrangida, mas conheço meu irmão.
- Sendo bem sincero, ele quase estourou um saco de areia de tanto socar.
- Deixa eu adivinhar, ele pensava que o saco era o Reinier?- Oli acena que sim- Aí meu Deus ...
- E como você está, Anya?
- Com vergonha, todos sabem que meu primeiro amor foi um desastre. Quero abrir um buraco e me esconder
- O tempo cura tudo.- Oli diz com um sorriso gentil.
O problema que tanto Oli, eu, Damon e Reinier, crescemos juntos, até temos uma piada interna de nos chamar de primos. Mesmo não tendo ligação sanguínea. Agora tudo estava diferente, conhecia bem demais meu irmão para me enganar achando que ele deixaria tudo por isso mesmo.
- Torço para isso.- Passo as mãos pelo rosto.- Eu queria ter a personalidade mais parecida com a mamãe, ela não se abala por nada... é tão segura de si e empoderada.
- Você é uma Wallerius, não se rebaixe. Talvez você apenas não encontrou seu monstro interior
Havia um ditado que dizia" todo Wallerius tem um monstro dentro de si". Menos eu, acho que vim com defeito.
- Vamos mudar de assunto.- Digo.
Nesse momento Damon aparece na sala. Saímos comer numa lanchonete, e conversar banalidades. Oli é um bom amigo, ele é muito educado e polido igual tio Bernard.
Os dias foram passando e comecei a voltar à minha vida. Como meu treinamento com tia Aurora foi interrompido, voltei a trabalhar com Kento. Ele é bom em computadores e trabalha para a mamãe desde antes de eu nascer. Vou enfiar a cabeça no trabalho para me distrair um pouco.
Só que a minha cabeça não está focando como eu queria.
- Você está muito distraída.- Kento fala depois de me observar um pouco.
- Acredito que você já sabe o motivo.- Digo de cabeça baixa.
- Posso te contar uma história?
Aceno que sim.
Kento era um dos cavaleiros da minha mãe, os famosos cães leais da grande Ava Wallerius. Ele era bem reservado, e não se envolvia além dos assuntos do trabalho.
- Eu conheci a Ava senão me engano quando ela tinha vinte dois anos, à pouco tinha assumido o cargo de dom. Era um hacker que me achava mais esperto que todos e mexi com quem não devia, sua mãe me salvou... e eu me apaixonei perdidamente por ela.
- Como?- Franzo a testa.
- Sua mãe foi meu grande amor... platônico e não-correspondido. Então eu te digo tem certos amores que não foram feitos para serem vividos.
Passo alguns segundos assimilando as palavras de Kento.
- Como conseguiu passar todos esses anos do lado da mamãe? Ver ela com outros homens? Se casar... como conseguiu?
- Eu me apaixonei por ela, mas Ava nunca sentiu o mesmo por mim. Eu era mais útil como um dos seus cavaleiros do que como um amante que em poucas noites ela trocaria. Sem falar que ela separava muito bem os negócios do prazer. Estava contente em estar do seu lado dessa maneira, eu era uma das pessoas mais próximas dela, sua mãe sempre confio em nós. Então eu vi ela se casando... e tudo que desenrolou o casamento dos seus pais.
- Você não ficou com ciúmes?
- Conhecia meu lugar. Ava nunca foi minha, ela não era pra ser minha. Sávio era a pessoa que a fazia feliz. Ava Wallerius nunca foi alguém sentimental, seu pai foi a única pessoa que conquistou o coração dela.
- Ainda gosta da mamãe?
- Ava será sempre o meu amor não correspondido, tenho muita admiração por ela. Segui minha vida, me envolvi com outras pessoas... E hoje fico contente em ver como ela construiu uma família e se permitiu ser feliz.
- Muito maduro da sua parte, da minha já não sei se consigo.
Kento dá uma pequena risada.
- Você é jovem, Anya, tem muito para viver. Não digo que vai ser seu caso, mas como te disse tem certos amores que não foram feitos para serem vividos. Talvez você e Reinier não estejam destinados a estarem juntos. Ele é seu primeiro amor e a descoberta dos sentimentos é complicado. Não se cobre tanto.
- Obrigada.
Tudo que Kento falou mexeu comigo. Acho que por ele ter sido rejeitado também sabe como me sinto. Estou farta de passar os dias com pena de mim mesma, talvez Reinier seja meu amor não- correspondido... e tudo bem. Hora de deixar isso para lá e seguir minha vida.
Teve um tempo que odiava ser filha de Ava Wallerius. Minha mãe era MINHA MÃE. Quem a conhece sabe o que essa frase significa.
Sou muito parecida com ela fisicamente, mas não tenho nem um por cento de sua habilidade. Me sentia inferior, intimidada, que nunca sairia de sua sombra. Enquanto ela agradecia por eu ter uma vida mais tranquila e não ter que passar pelo que ela passou.
Hoje conhecendo toda sua história, tenho muito orgulho, minha mãe é minha inspiração. E um dia desejo ser mais parecida com ela, mais poderosa.
Eu tenho a chace que poucas pessoas têm, ser treinada por uma das melhores lutadoras de todas as máfias. Tenho que aproveitar.
Desço para o escritório.
-Que surpresa você aqui filha. - Beija minha testa.
- Eu quero pedir para a senhora me treinar.
- Por que isso agora? Achei que você não gostava de lutar.
- Tenho que ocupar minha cabeça.- Respondo.
- Isso tem algo haver com o Reinier?
- De certo modo sim, sempre fui apaixonado por ele, o botei num pedestal que não consegui ver que ele tinha seus defeitos.
- Não está fazendo isso para impressionar ele- Ela arqueia a sombrancelha.
- Não, estou fazendo por mim. Quero que os outros olhem para mim e diga " uau ela é f**a*, essa mulher é incrível", quero achar alguém que me admire do jeito que papai faz com a senhora.
- Filha, eu e seu pai não tivemos uma historia fácil. As vezes o amor toma um rumo esquisito. Vocês são jovem e tem muito que viver para amadurecer. Talvez até seja para vocês ficarem juntos, mas a hora de vocês não ser agora.
- Pode ser mãe- abro um sorriso- Mas não vou ficar parada esperando por ele. Vou viver minha vida, me tornar uma mulher fodona* por mim, quero conquistar meu lugar.
- Essa é a minha garota- acaricia meus cabelos.
A partir desse dia sou uma nova Anya, vou me especializar em tecnologia e me tornarei um dos pilares da Máfia Vermelha.
Um presentinho de Natal para meus queridos leitores.
Obrigada à todos que me acompanharam nesse ano, vocês me incentivam a continuar escrevendo.
Um Feliz Natal e Próspera Ano Novo.
Que o ano que vai se iniciar seja melhor que o que termina.
Volto em janeiro com as atualizações.
Beijinhos.