Pão amassado por monges do Himalaia, ou assado no fogo de promessas não cumpridas

1238 Words

E então eu vejo... Um homem. Velho. Muito velho. Magro, os ombros curvados, a pele marcada como um pergaminho esquecido ao sol. Os olhos — ah, os olhos — são dois poços escuros, fundos demais para não esconder segredos. E mesmo sem ter um nome. Eu sei. Ele. O mesmo velhinho que chorou no meu casamento forçado. Que soluça em silêncio no fundo do salão, como quem já chora por algo que vem antes daquele sim engasgado. Veste um traje tradicional, impecável. É empurrado por um assistente jovem, de olhar submisso. Atrás deles, uma mulher toda de branco de postura rígida demais para ser apenas acompanhante. Deve ser sua enfermeira. E ele… ele não diz nada. Apenas me olha. Longamente. Como se eu fosse um fantasma do qual ele tenta fugir a vida inteira. Meus pulmões esquecem como funciona

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