Trégua de Seda e Chá com Mágoa"

1110 Words

O silêncio era uma terceira pessoa à mesa, mastigando comigo. Khaled não fala. Também não vai embora. Apenas fica me olhando. Respirando devagar, como se estivesse meditando sobre a tragédia emocional recém-servida entre o pão e o suco. Eu termino de mastigar. Faço isso como quem tenta manter a dignidade uma migalha por vez. Estou com fome. Literalmente. E preciso de ar. De resposta. De um travesseiro onde eu possa enfiar a cabeça e chorar até a minha alma virar gelatina. Mas não. Eu continuo ali, comendo um pão caríssimo como se fosse a coisa mais comum do mundo. Porque não é o momento de desabar. Ainda não. — Layla... — ele diz, baixo. Ai, pronto. Ele vai começar. Eu levanto a mão. — Por favor. Não quero conversar. Quero terminar o meu pão em paz, ok? Ele assente. E respeita.

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