Palácio, Tarde da noite Sheik Al Makto A enfermeira ajeita o lençol sobre as minhas pernas inertes e depois sai, como sempre, em silêncio. Não por medo. Mas por respeito. Ou pena. Prefiro acreditar na primeira. Fico sozinho, observando a chama da lamparina tremular. O reflexo dourado dança nas paredes de pedra e, por um instante breve, me lembro da juventude. De quando não precisava ser empurrado por ninguém. De quando comandava tribos, reuniões, acordos — e olhares. Agora, m*l comando a própria bexiga. Sobre a mesinha ao lado da cama, repousa uma única fotografia: Aisha, ainda muito jovem, de pé entre as palmeiras, com o cabelo solto ao vento e aqueles olhos de corça — Maha, como eu a chamava. Ela estava rindo. Daquela risada curta, debochada, que eu nunca soube controlar. Aquela ris

