Comprado

1516 Words
O pânico se alastrava pelo campo de escravos e Tristan sabia que aquele era seu momento. Tinha que agir rápido senão perderia sua chance. Vendo que o guarda estava distraído o derrubou com uma rasteira e agarrou a espada caída no chão. Tristan se levantou do chão arenoso e se colocou em posição de defesa com a espada em punho um pouco incomodado com as algemas de ferro nos pulsos. O guarda tentou pegar a espada novamente, mas Tristan deus dois passos para trás com a espada que pesava em sua mão. Algo lhe dizia que estava segurando errado, mas no calor da emoção mais louca da sua vida nem se importou. O homem antes armado com a espada estava ficando com ódio. Tristan olhou para os lados a procura de alguma saída. Ao longe havia outros escravos que lutavam contra seus guardas e acabavam morrendo ou matando alguém. O medo de morrer ali sem qualquer pessoa para saber sobre seu paradeiro era alucinante. Distraído o guarda o ataca que com reflexo acaba apontando a espada para o homem que a travessa. O homem com a espada enterrada no peito caiu de joelhos com sangue escorrendo pela boca e os olhos perdidos. -Desculpa – Sussurrou Tristan para o homem caído agora no chão. Seu choque com a morte do homem o fez ser um alvo fácil para outro guarda que por sorte errou o golpe acertando apenas seu braço e cortando-o. Voltando a realidade louca em que estava Tristan encara seu agressor que apenas volta a atacá-lo. -Espera eu não...não queria foi sem querer... – Diz Tristan para seu novo agressor que apenas o ignora e tenta perfurar seu coração errando novamente e acertando seu braço já machucado. Com a mão em cima do novo machucado um pouco a cima do primeiro Tristan anda para trás a fim de se afastar do guarda com sangue no olho quando de repente ele cai com uma espada nas costas. Atrás dele havia um cara que olhou para Tristan e saiu correndo. Obrigada pensou Tristan sentindo a dor dos machucados aparecer. Tinha que correr, se esconder em algum lugar tinha que... Uma corrente se enrola em seu pescoço e o joga no chão. Asfixiado Tristan tenta tirar a corrente pesado do pescoço que é ainda mais apertada. Tudo começou a rodar com a falta de oxigênio em seu cérebro. Olhou para cima e viu Cronos o escravista. O dono do lugar que era mantido preso. -Feliz? – Perguntou Cronos se aproximando do rosto vermelho de Tristan – poderíamos ter nos divertido tanto. -Vai se... – Diz Tristan tentando puxar oxigênio para seu pulmão desesperado – f***r. Um sorriso em seus lábios deixa Cronos furioso o fazendo apertar a corrente em seu pescoço. Tristan engasga e sente sua consciência se resumir a nada. Morreria ali sufocado por uma corrente cheia de tétano em um lugar estranho. Sua consciência iria como a areia sendo levada pelo vento do deserto se não fosse por uma voz masculina muito calma e confortável. -Quero esse – Diz uma voz masculina com uma sombra de um sorriso. Tristan sente a corrente em seu pescoço se afrouxar. Como não sabia se voltaria a respirar então puxou desesperadamente olhado em volta para saber quem o salvara indiretamente e vê um garoto alto de olhos verdes e cabelo n***o com um sorriso estranho. -É por conta da casa senhor- Diz Cronos tirando a corrente que estava em seu pescoço de Tristan. -Vai me dar para ele? Sério? Nem vai cobrar uma quantia significativa? – Pergunta Tristan revoltado sentando se com a mão no pescoço massageando o local que com toda certeza ficaria vermelho ou roxo. Seu braço ardia com a areia que entrou nele, mas seu ultraje em ser literalmente dado a alguém foi o ápice, eu sei que ser comprado ou vendido é errado e é desumano, mas dar de bandeja? Que várzea é essa? Isso faz o garoto sorrir ainda mais, aquele sorriso era bonito... Meu deus o que ta acontecendo? -Olha não vou ser dado assim! Se bem que comprar alguém é errado e desumano então porque alguém me diz como vim parar aqui? – Pergunta Tristan tentando tirar as algemas de seus pulsos e se afastar de Cronos que o agarra pelas algemas o fazendo cair. -Vou cortar sua língua se não aprender a controlá-la – Diz Cronos com o chicote que tirou do cinto. -Eu nem devia estar aqui! Nem deveria estar falando grego eu não sei falar grego! - Respondeu Tristan chagando perto de Cronos – eu não vou ficar quieto só porque você quer então é melhor cortar mais do que a minha língua porque se eu ainda puder levantar você vai se arrepender. -Gostei dele-Comemorou o garoto de olhos verdes sorridente. Tristan apenas olhou para ele confuso e percebeu suas vestias. Eram diferentes das de Cronos. Bem costuradas e bonitas. Ele havia percebido que Tristan o analisava e o deixou fazê-lo. -Senhor devo alertá-lo da insubordinação e desrespeito com a autoridade – Falou Cronos olhando Tristan com nojo. -Insubordinação? Porque deveria respeitá-lo? Porque é um homem mais velho do que eu? – Questionou Tristan antes de levar um tapa que o fez virar a cabeça. -Ficou bravo porque eu disse a verdade? Nossa que sentimental – Disse Tristan irônico. Cronos parecia alterado de alguma maneira e seu ódio tinha nome. Tristan. Sua mão levantou-se para o rosto de Tristan que com um ato rápido segurou a mão de Cronos que arregalou os olhos. Tristan sorriu e bateu a mão de Cronos na cara dele. -Não toque em mim não te dei esse direito – Esbravejou Tristan se afastando de Cronos e parando na frente do homem de olhos verdes que apenas observava a interação com curiosidade. -Qual é seu nome? – Perguntou o homem de olhos verdes. Tristan não respondeu e ele parou de sorrir. Segurou a algema em seus pulsos e o puxou pra perto. A poucos centímetros do homem Tristan arregalou os olhos. O homem o observou bem de perto analisando seu rosto. Um sentimento estranho se apossou de seu corpo o fazendo estremecer com a proximidade. -Quando eu lhe fizer uma pergunta me responda porque eu não serei tão calmo como ele – Disse o homem de olhos verdes sério. Ele soltou Tristan que ainda estava desconfiado e temeroso sobre quem era aquele homem. Sem nem pensar muito deu meia volta e saiu andando chocando a todos. Deu alguns passos antes de sentir algo perfurar seu pescoço. Parou e colocou a mão ainda com algema atrás da cabeça. De lá tirou uma coisinha pequena e pontiaguda. Sua visão se nublou e ele caiu na areia. A pior parte de desmaiar é sem dúvida o cair. Cair em algo macio até vai, mas cair no chão duro e arenoso? Não tem quem aguente devo dizer, mas cair no chão arenoso com um espinho estranho no pescoço e acordar com dor no pescoço por causa dele é pior. Uma ardência no pescoço fez Tristan gemer de dor ao lembrar que havia batido a cabeça ao cair e agora uma enxaqueca não o deixaria em paz tão cedo. Como seus olhos não conseguiam abrir decidiu sentir as coisas a sua volta para tentar descobrir onde se encontrava. O chão era macio... macio? Desde quando o chão era macio? Seu corpo repousava em algo muito macio possivelmente um colchão. Era estranho como um colchão podia mudar tudo, será que estava em um hospital? Sua mãe o mataria se descobrisse... Seus olhos imploravam para permanecerem fechados, mas Tristan os focou para abrir. A cima de si estava um rosto. De olhos castanhos e pele chocolate o garoto devia ter a sua idade. Ele sorria para si e pareceu chamar alguém. Em sua visão apareceu um senhor que mexia a boca, mas nada sai dela. Aquilo era engraçado e fez Tristan sorrir, um dor na boca devido talvez a um corte lhe custou uma careta de dor. -Vejo que acordou, teve uma reação negativa ao espinho da noite, mas está bem – Disse o senhor. -Acho que ele não entendeu – Disse o garoto de olhos castanhos. -Bem ele está com inchaço no rosto então é compreensivo que esteja dessa maneira – Comentou o senhor de maneira calma e segura. -O que... onde eu to? – Sussurrou Tristan para surpresa dos dois. -Está no exército, e você é de Epires garoto, agora descanse até amanhã talvez melhore – Falou o senhor para o jovem ao Aldo que concordou. -Vou ficar com ele mais um pouco até ele chegar – Disse o rapaz para o senhor que saiu do campo de visão de Tristan. O jovem sentou-se ao lado dele e pegou algo no chão para olhar. Parecia algo cinza que refletia a luz que entrava no lugar por alguma f***a. O teto era feito em forma de circo com uma madeira longa que mantinha a estrutura em pé. O tecido da cor branca cinzenta estava escondendo o sol. Seus olhos doíam então os fechou novamente já que não havia nada para ver ali.
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