O PESADELO RETORNA

1461 Words
O dia amanheceu ensolarado em Izmir, mas a luz dourada que iluminava a cidade não conseguiu dissipar a tensão que já pairava no ar. Laura havia passado a noite em claro, o coração apertado, apesar de tentar manter a rotina de aniversário de Malu. Quinze anos. Um marco que deveria ser repleto de alegria, mas que agora estava prestes a se tornar o cenário de mais um pesadelo. Ela havia recebido notícias de Selim: sinais de observação, pequenos movimentos suspeitos nas redondezas, pessoas desconhecidas rondando. Mas confiava na rede de p******o que tinham montado, nos aliados que juravam protegê-las. Ainda assim, um pressentimento desagradável apertava seu peito. — É só um dia especial, mãe. — disse Malu, sorrindo, ignorando a ansiedade da mãe. — Promete que vai ser divertido, hein? Laura sorriu, mas sem brilho. — Vai ser, filha. Vai ser. A fuga de Eduardo Enquanto isso, a prisão onde Eduardo estava detido, localizada em um complexo de segurança máxima nos arredores de Istambul, fervilhava em silêncio. Ele tinha aguardado o momento certo, estudando a rotina dos guardas, os horários de troca de turnos, os pequenos erros da administração. Em uma madrugada silenciosa, aproveitou uma distração: a queda de energia temporária causada por uma falha no gerador. Eduardo, sempre frio e calculista, não hesitou. Com rapidez e precisão, usou ferramentas escondidas dentro da cela, manipulou fechaduras e corredores e conseguiu fugir pelos túneis de serviço, desviando-se de câmeras e sensores. O sistema de alarme disparou, mas já era tarde. Eduardo estava fora da prisão, desaparecido na escuridão da cidade, com a mente gelada, guiado apenas por um objetivo: Laura e Malu. — Eu volto por vocês — murmurou para si mesmo, com os olhos ardendo de ódio. — E ninguém vai me impedir. Chegada à cidade de Izmir Horas depois, Eduardo desembarcava em Izmir, vestido de forma a passar despercebido, os cabelos desgrenhados e o olhar de quem buscava vingança. A cidade que outrora representara liberdade e paz agora seria o palco de seu tormento. Ele sabia onde Laura morava, graças às informações que recebera de seus contatos. Fotos do aniversário, sinais observados, pequenos detalhes do cotidiano. Cada informação era combustível para sua fúria. Enquanto caminhava silenciosamente pelas ruas movimentadas, Eduardo lembrava-se das humilhações passadas: a prisão, a fuga frustrada, o desprezo de Laura. Cada lembrança o tornava mais perigoso. Não havia empatia, nem razão. Apenas ódio e obsessão. Preparativos para o ataque Dentro da casa, Laura tentava manter a normalidade. Os amigos chegaram, o jardim estava decorado, e a música tocava suavemente. Malu ria e corria entre os convidados, ignorando a sombra que se aproximava sem que percebessem. Emir, Selim e Fatma se movimentavam discretamente, atentos a qualquer sinal suspeito. Eles confiavam na rede de p******o, mas sabiam que Eduardo era imprevisível. A tensão era quase palpável, escondida sob sorrisos e gargalhadas. — Tudo está sob controle — disse Emir a Laura, tentando convencê-la e a si mesmo. — Vamos celebrar. Laura respirou fundo e sorriu, fingindo tranquilidade. — Vamos aproveitar cada momento. Mas, lá fora, Eduardo observava cada movimento da janela de um prédio vizinho, estudando rotas, avaliando forças. A aproximação O plano de Eduardo era meticuloso. Ele esperou até que os convidados estivessem distraídos com os jogos e a música. Com a habilidade de quem conhecia cada brecha da cidade, conseguiu se aproximar da casa sem ser notado. A rede de p******o, embora eficiente, ainda tinha lacunas que ele explorava com frieza e precisão. — Malu… — sussurrou ele para si mesmo, olhando para a filha de Laura através da cerca. — Você é minha agora. A adrenalina e o ódio guiavam cada passo. Ele conhecia a casa, sabia onde estava cada saída e cada ponto cego. O aniversário era uma armadilha perfeita: pessoas distraídas, crianças correndo, risos enchendo o ar. Eduardo sorriu, sabendo que aquela distração seria sua vantagem. O sequestro No instante em que Malu correu até a mesa de doces, um braço forte a envolveu por trás, cobrindo sua boca com precisão e firmeza. — Não faça barulho — disse Eduardo, a voz fria e cortante. Malu tentou se soltar, gritou baixo, mas a mão dele não vacilou. Ela sentiu o pânico subir instantaneamente, e seus olhos buscaram os da mãe. Laura, no mesmo instante, percebeu algo errado. O grito abafado, o silêncio repentino das risadas, a ausência de Malu perto da mesa. Ela correu até onde a filha estava e encontrou apenas o braço de Eduardo desaparecendo atrás de uma cortina. — Malu! — gritou, desesperada, correndo atrás dele. Emir e Selim reagiram imediatamente, mas Eduardo já tinha Malu nas mãos, correndo com passos firmes. A rede de p******o tentou interceptá-lo, mas ele era rápido, quase sobrenatural em sua frieza. — Solte minha filha! — Laura gritou, o desespero cortando a voz. — Nunca, Laura! — Eduardo respondeu, o ódio transbordando. — Sempre foi sua fraqueza, e agora vai me pagar! A perseguição pelas ruas estreitas de Izmir se intensificou. Emir liderava os guardas, tentando cercar Eduardo, enquanto Laura gritava o nome da filha, sentindo seu coração se despedaçar a cada segundo que passava sem saber se Malu estava segura. A tensão nas ruas As ruas de Izmir se tornaram um labirinto de adrenalina. Eduardo sabia cada atalho, cada beco, cada ruela que pudesse usar para escapar. Malu se debatia e chorava, mas Eduardo não hesitava. Para ele, nada importava além da vingança e do controle que queria exercer sobre Laura. — Mamãe… — choramingou Malu, agarrando-se ao braço dele. — Malu! — Laura gritou novamente, correndo e tropeçando, o coração prestes a explodir. A multidão ao redor começou a perceber algo errado. Alguns convidados e vizinhos tentaram interferir, mas Eduardo avançava com ferocidade, sempre um passo à frente. A tensão era quase insuportável: cada esquina, cada carro, cada sombra podia ser a última chance de Malu. O desespero de Laura Laura caiu de joelhos no meio da rua, sem conseguir alcançar a filha. Os gritos ecoavam pelas construções, a adrenalina corria solta. Ela sentiu a impotência tomar conta, os anos de luta, o medo constante, toda a dor que Eduardo havia causado se condensando em segundos intermináveis. — Eu não vou perder você de novo! — gritou, com lágrimas correndo pelo rosto. — NUNCA! Emir segurou seu braço, tentando acalmá-la, mas também se preparava para agir. A situação exigia rapidez, estratégia e coragem. Um único erro, e Malu poderia desaparecer de vez. O confronto final No topo de uma pequena colina, Eduardo finalmente parou, encurralado momentaneamente por Selim e Emir, que finalmente conseguiram cercá-lo. Ele segurava Malu com firmeza, mas já mostrava sinais de cansaço. — Solte minha filha, seu monstro! — Laura gritou, correndo em direção a eles. — Ela é minha! — Eduardo berrou, os olhos vermelhos de ódio. — Você sempre foi minha fraqueza, Laura! Sempre! Malu, assustada, olhou para a mãe, lágrimas escorrendo pelo rosto. — Mãe… ajuda… Nesse instante, Selim avançou, distraindo Eduardo, enquanto Emir correu e conseguiu arrancar Malu de seus braços. O corpo de Laura caiu sobre a filha, abraçando-a como se nunca mais fosse soltá-la. — Está tudo bem, minha menina… — Laura sussurrou, tremendo de medo e alívio. — Mamãe está aqui. Eduardo capturado novamente Eduardo, enfurecido, tentou reagir, mas a polícia local, alertada por Selim previamente, chegou rapidamente, cercando o local. Ele resistiu, lutou com ferocidade, mas a força combinada dos policiais e de Selim e Emir finalmente prevaleceu. Preso novamente, Eduardo foi algemado, gritando ameaças que ecoavam pelo ar noturno. — Isso não acabou! — gritou ele, enquanto era colocado no carro da polícia. — Vocês vão pagar! VOCÊS VÃO PAGAR! Laura segurou Malu, ainda chorando, enquanto Emir e Selim garantiam que estavam seguros. A menina finalmente se acalmou, enterrando o rosto no peito da mãe. — Mãe… eu achei que ele ia me levar… — sussurrou Malu, tremendo. — Eu nunca vou deixar isso acontecer, minha filha… nunca. — Laura respondeu, apertando-a com força, os olhos marejados. A paz momentânea Quando tudo terminou, a cidade de Izmir respirava silenciosa. Laura e Malu finalmente puderam se abraçar, juntas, protegidas. A festa tinha sido interrompida, mas o mais importante estava salvo: a vida de Malu. — Por hoje, estamos vivas. — disse Laura, ainda chorando, mas sorrindo para a filha. — E vamos continuar vivas. Malu olhou para a mãe, enxugando as lágrimas. — Sempre juntas, mãe. Sempre. Emir colocou a mão nos ombros de Laura, firme, e disse: — Ninguém mais vai tocar em vocês. Eu juro. E naquele momento, apesar do medo, da tensão e do trauma, Laura sentiu um fio de esperança. O pesadelo havia voltado, mas não quebraria o que elas haviam construído: a coragem, o amor e a determinação de lutar por sua vida e por sua liberdade.
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