O FIM DO PESADELO

1327 Words
O sol ainda não tinha nascido quando Laura acordou com o coração apertado. A noite anterior tinha sido um pesadelo: Eduardo havia fugido da prisão e sequestrado Malu durante seu aniversário. Agora, tudo dependia de encontrar a filha antes que fosse tarde demais. Emir já estava acordado, verificando mapas, rotas e contatos de Selim. A tensão no ar era quase palpável. Laura vestia-se rapidamente, o medo transformando cada movimento em urgência. — Onde ele a levaria? — murmurou, quase para si mesma. — Onde ele for, eu vou atrás — respondeu Emir, firme. — E vamos trazê-la de volta. Laura segurou suas mãos, buscando força. — Vamos conseguir. Por Malu. A pista inicial Graças à rede de contatos de Eduardo, ele tinha deixado pequenas marcas pelo caminho: mensagens cifradas, bilhetes com ameaças veladas, e até alguns conhecidos que o ajudavam temporariamente. Selim recebeu uma dica de que Eduardo tinha ido para um armazém abandonado à beira da cidade. — É arriscado — disse Selim. — Mas é o único lugar que faz sentido. — Então é lá que vamos — respondeu Emir. — Não podemos perder tempo. Laura respirou fundo. Apesar do medo, sentia uma determinação crescente. Malu estava em perigo, mas ela não permitiria que Eduardo triunfasse. O resgate Quando chegaram ao armazém, a visão era desoladora. O local estava sujo, cheio de sombras e barreiras improvisadas. Eduardo os esperava, com um sorriso c***l, segurando Malu firmemente. — Olá, Laura — disse ele, a voz baixa e venenosa. — Achei que a saudade de mim fosse muito forte. Malu se debatia, chorando. — Solte-me! Solte-me agora! Laura avançou, o coração quase saindo pela boca. — Deixe minha filha em paz, Eduardo! — Nunca! — respondeu ele. — Ela sempre foi sua fraqueza, e agora será minha! Emir deu um passo à frente, pronto para intervir. — Isso acaba aqui, Eduardo. Agora. Eduardo riu, desafiador. — Vocês acham que podem me parar? Vocês não conhecem minha fúria! O confronto A tensão atingiu seu ápice. Eduardo tentava manter Malu como escudo, enquanto Laura e Emir buscavam qualquer brecha. Cada segundo parecia eterno, o ar carregado de ódio e desespero. — Mamãe! — gritou Malu, tentando soltar-se. — Eu tenho medo! Laura correu para perto dela, estendendo as mãos. — Eu estou aqui, filha, fique calma! Eduardo avançou, tentando afastá-la, mas Emir conseguiu intervir, segurando-o com força. A luta era física e psicológica ao mesmo tempo. Eduardo estava consumido pelo ódio, mas também cansado. Ele não imaginava que encontrar resistência tão firme. — Vocês nunca vão me derrotar! — gritou ele, os olhos brilhando de fúria. — Hoje você não vai — respondeu Emir, firme. — É o fim. A queda de Eduardo A luta se intensificou, até que Eduardo tropeçou em uma tábua solta do piso do armazém. O desequilíbrio foi suficiente. Ele perdeu a força e caiu, batendo a cabeça em um canto de concreto. O impacto foi fatal. Laura, Malu e Emir pararam por um instante, o coração ainda acelerado, incapazes de acreditar no que acabara de acontecer. Eduardo estava imóvel. A respiração cessara, e seu ódio, finalmente, não representava mais ameaça. — Ele… morreu? — sussurrou Laura, incrédula. Emir assentiu, colocando uma mão no ombro dela. — Sim… ele não vai mais nos atingir. Nunca mais. Malu, chorando, correu para os braços da mãe. — Mamãe, eu tinha tanto medo! — Eu sei, minha filha… eu sei — respondeu Laura, abraçando-a forte. — Mas agora estamos seguras. Finalmente. O alívio O armazém, antes cenário de tensão, começou a se transformar em um lugar de alívio. Laura sentou-se no chão, segurando Malu junto de si, as lágrimas escorrendo livremente. Emir se ajoelhou ao lado delas, garantindo que não havia mais perigo. — Eu nunca mais quero passar por isso — disse Laura, a voz embargada. — Nunca mais. — E não vai, Laura — respondeu Emir. — Estamos juntas agora, e ninguém vai nos separar. Malu, ainda tremendo, olhou para os dois. — Eu sabia que você vinha me salvar, mamãe… e você veio. Laura beijou a testa da filha. — Sempre, minha vida. Sempre. A paz que chega No dia seguinte, a notícia da morte de Eduardo se espalhou pela cidade. Para a polícia, era um acidente durante o confronto; para Laura e Malu, era o fim de um ciclo de medo que durava anos. O sol iluminava a varanda da casa em Izmir, trazendo calor e luz para o coração delas. Pela primeira vez, Laura sentiu que poderiam finalmente respirar sem olhar para trás. — Ele não vai mais nos perseguir — disse Laura, olhando para Malu. — Podemos viver em paz. — E eu quero aproveitar essa paz — respondeu Malu, sorrindo pela primeira vez sem medo. — Vamos sair, passear, rir… ser felizes de verdade. Emir sorriu, colocando os braços ao redor das duas. — Vamos reconstruir tudo. Cada momento, cada sonho, cada sorriso. Momentos de reconexão As semanas seguintes foram de recuperação emocional. Laura e Malu passearam por Izmir, riram juntas, visitaram cafés, praias e mercados. Emir estava sempre presente, oferecendo p******o e carinho, tornando-se uma âncora de segurança. — Lembra do primeiro aniversário que celebramos juntas? — disse Laura, caminhando com Malu pela orla. — Como eu poderia esquecer? — respondeu a filha. — Eu estava com tanto medo… mas agora sinto que tudo deu certo. — Sim, deu — disse Laura, sorrindo. — E nunca mais vamos deixar que alguém nos assuste. Cada passo pelas ruas iluminadas pelo sol era uma vitória silenciosa. Cada risada de Malu era uma lembrança de que, apesar da dor do passado, a vida podia ser cheia de alegria. A reconstrução Laura decidiu investir em um pequeno negócio de artesanato, enquanto Malu se dedicava aos estudos e aos amigos, finalmente tendo uma vida normal. Emir ajudava a estabilizar tudo, sempre ao lado delas, mas sem sufocar. As noites eram tranquilas, sem medo, sem gritos, sem sombras. Laura e Malu sentavam juntas na varanda, conversando sobre o futuro, sobre sonhos, sobre planos que pareciam simples, mas significavam liberdade. — Vamos fazer uma viagem juntas — disse Malu, animada. — Para onde? — perguntou Laura. — Para qualquer lugar, mãe. O importante é que estejamos juntas. Laura sorriu, sentindo que cada lágrima derramada havia finalmente encontrado seu lugar de cura. O legado do medo superado A morte de Eduardo trouxe não apenas paz física, mas emocional. Laura podia finalmente sentir que a filha cresceria sem viver na sombra do medo, e que sua própria vida poderia ter momentos de leveza, amor e confiança. Ela olhou para Malu e Emir, sentindo gratidão profunda. Cada abraço, cada sorriso, cada momento de cumplicidade tornava a vida mais valiosa. — Nunca mais vou deixar que o passado nos alcance — disse Laura, olhando para o horizonte. — Somos livres. E, pela primeira vez em anos, sentiu que realmente eram. A paz definitiva Os dias seguintes foram preenchidos com pequenas alegrias: passeios ao mar, jantares com amigos próximos, noites de música e risadas. Malu crescia feliz, aprendendo a valorizar a liberdade conquistada. Laura aprendeu a confiar na vida novamente, e Emir se tornou o guardião da paz que finalmente podiam chamar de lar. A sombra de Eduardo havia desaparecido para sempre. Seu ódio, suas ameaças e seu poder de destruição foram derrotados não apenas pela força física, mas pelo amor, pela coragem e pela união de quem sobreviveu. — Estamos em paz — disse Laura, fechando os olhos e sentindo o vento suave bater no rosto. — Finalmente, em paz. Malu sorriu, encostando-se à mãe. — E nunca vamos esquecer o quanto somos fortes juntas. — Nunca — respondeu Laura, com um abraço apertado. — Nunca mais. O sol de Izmir brilhava, não apenas iluminando a cidade, mas também os corações de quem havia sobrevivido a tanto medo. A vida, agora, podia ser vivida com alegria, sem sombra, sem gritos, sem correntes. E, finalmente, a paz reinava sobre Laura e Malu.
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