Elisa Saio da catedral com a sensação incômoda de que o ar está mais pesado do que quando entrei. O sol da tarde bate no rosto, quente demais para o turbilhão que se forma dentro de mim. Caminho alguns metros antes de perceber que estou prendendo a respiração. Só então solto o ar lentamente, como se precisasse reaprender a respirar fora daquele espaço. Não olho para trás. Não porque não queira. Mas porque sei que, se olhar, verei algo que ainda não estou pronta para enfrentar. Meus passos seguem firmes pela praça, mas minha mente corre em outra direção — para dentro, para trás, para lugares que sempre evitei revisitar. A sala de arquivos. O papel. A forma como ele o dobrou rápido demais. “Cláusula de tutela espiritual — Elisa Bianchi.” O nome ecoa dentro de mim como um sino anti

