Elisa A noite passa sem descanso. Não porque eu não consiga dormir — mas porque o corpo repousa enquanto a mente permanece alerta, como se algo estivesse prestes a acontecer e eu não pudesse me dar ao luxo de desligar. Quando o dia finalmente nasce, não sinto alívio. Apenas confirmação. Levanto-me cedo demais para um sábado. A casa ainda está silenciosa, e isso me agrada. O silêncio sempre foi meu aliado quando precisava organizar pensamentos. Faço café sem pressa. O gesto é automático, quase ritualístico. Enquanto a água ferve, observo minhas próprias mãos. Estão firmes. Não tremem. Isso me surpreende mais do que deveria. Sento-me à mesa e tomo o café devagar, deixando que o amargor desperte algo dentro de mim. Não é raiva. É foco. Penso nele. Em como desviou o olhar rápido demais.

